Sexta 29 de Março de 2024

Juventude

A luta pelo Passe-Livre

Por uma campanha nacional unificada pelo passe livre para toda a juventude, estudantes e desempregados

05 Jul 2004   |   comentários

Começam a surgir pólos em todo o país da luta dos estudantes secundaristas pelo passe-livre. Tendo Salvador como grande exemplo e marco inicial da luta, onde mais de 20 mil estudantes em aliança com os trabalhadores bloquearam ruas e avenidas, pararam o comércio e economia da cidade por 10 dias. Além disso, levantaram-se prontamente contra as tentativas de acordos das direções traidoras do movimento estudantil (PT e PCdoB) com a prefeitura do PFL, quando essa casta burocrática tentou minar sua luta, com a concessão da meia passagem durante as férias e o feriado e o congelamento do preço das passagens, admitindo o aumento naquele momento. Os estudantes rechaçaram a burocracia aos gritos de “rua, rua, rua, a luta continua” .

Hoje, os pólos que surgem no país, ainda não estão tão avançados como Salvador, porém, definitivamente, mostram a vontade e resistência dos estudantes, que não vão ficar calados a mais ataques dos governos burgueses. Em Florianópolis os estudantes se mobilizam há mais tempo. No fim de junho, com o aumento da tarifa de ónibus, as manifestações estão se ampliando dia-a-dia e a juventude começa a bloquear os terminais de ónibus.

Mas é em Fortaleza que os estudantes estão mais radicalizados. Há quase um mês atrás, uma manifestação em frente à prefeitura deu início à radicalização, onde apedrejaram a prefeitura por mais de 10 minutos, tomaram e queimaram dois carros da polícia, que claramente estava ali a serviço da burguesia para reprimir os estudantes. Com menos mo-bilização estão ainda cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Carlos e São Paulo.

Para que a luta pelo passe livre seja vitoriosa, nós, estudantes secundaristas que somos os que hoje encabeçamos a luta, precisamos nos aliar com os estudantes universitários, com toda juventude, trabalhadores e desempregados. É o momento de coordenarmos nossas ações em todo o país. Precisamos organizar manifestações tomando as ruas e escolas das principais cidades pelo passe livre nacional e pelo congelamento imediato de todas as tarifas dos transportes. Nos quatro cantos do país sofremos com os preços absurdos dos transportes. É por isso que a nossa luta precisa ir muito além do prefeito de cada cidade, ou do governador de cada estado. Em cada cidade que lutamos precisamos saber que na verdade estamos nos enfrentando com os grandes capitalistas nacionais. Os capitalistas de São Paulo que enfrentamos diretamente quando tomamos as ruas aqui, são os maiores exploradores que, junto com o governo Lula, aprovam os ataques aos trabalhadores e ao povo pobre em todo o país. O PT da Marta é o PT de Lula. São esses os capitalistas que o go-verno Lula, com o ainda chamado Partido dos Trabalhadores, defendem quando propõe um salário mínimo de fome de R$ 260,00, a reforma universitária, trabalhista e sindical.

Precisamos identificar nossos verdadeiros inimigos, unificar toda a juventude nacionalmente e ampliar a demanda de passe livre para toda a juventude, além dos estudantes e desempregados. Dessa forma, podemos trazer os jovens trabalhadores, principalmente aqueles que trabalham nos transportes, para serem nossos aliados. Assim, nossa força se multiplica, pois teremos como aliados aqueles que podem parar os transportes com a greve e colocar todo o lucro desses capitalistas em risco.

É necessário ganhar também todos aqueles jovens que lutam no movimento Hip Hop, punk e outros que não têm oportunidade de estudar pela falta de vagas nas escolas ou porque têm que ajudar em casa. Essa luta precisa ser de todos os jovens para ganhar toda a população. Nenhum trabalhador agüenta mais ver o salário sumir com o gasto com os transportes da família. É por isso que devemos reivindicar o congelamento imediato de todas as tarifas, no marco da luta pela redução. Com essa aliança entre a juventude, a classe trabalhadora e o povo pobre iremos colocar a burguesia e seus governos de joelhos.

A classe trabalhadora é a que tudo produz, é o sujeito que pode colocar em cheque o sistema capitalista à medida que tem em suas mãos toda a produção. E por isso sem nossa aliança com os trabalhadores, a luta pelo passe livre, além de não ser vitoriosa, pode ter um fim em si mesmo, quando o que queremos é que essa luta sirva de alavanca para que dela surjam lutas ainda maiores que possam de uma vez por todas acabar com este sistema de opressão e exploração.

Uma luta como essa é o que pode nos dar força para impormos a estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores sem nenhuma indenização. São os trabalhadores que conhecem as necessidades da população e que fazem todo o sistema de transporte funcionar. Por isso são eles que precisam ter o controle sobre o funcionamento e as tarifas dos transportes.

O Estado é da burguesia, por isso não podemos exigir a estatização sem dizer quem terá o controle. Se não somos nós que controlamos, a burguesia continuará, pela via dos governos, mantendo as tarifas absurdas e a superexploração dos trabalhadores dos transportes. Precisamos estar lado a lado com esses trabalhadores para lutar contra a dominação da burguesia e seu Estado.

A única forma de conseguirmos uni-ficar a luta, combater as direções burocráticas e conquistarmos a estatização sob controle dos trabalhadores é através da auto-organização, que consegue organizar os que estão em luta através de assembléias por escolas, bairros, fábricas, locais de trabalho, posses de Hip Hop, etc onde são votados representantes encarregados de levar as decisões e propostas tiradas nas assembléias para um conselho geral. Mas se esse representante não cumpre com as deliberações, que vote-se outro em seu lugar.

Em São Paulo, o PSTU vem desde o final do ano passado impulsionando um comitê municipal pelo passe livre, que se divide em regionais e central. No entanto, as reuniões têm se resumido a encaminhamentos e as discussões políticas têm ficado em segundo plano. Discutir cada passo da campanha significa discutir os métodos da luta, o que é imprescindível para construir uma campanha sólida pelo passe livre.

O comitê geral tem que ser a expressão dos comitês de base, amplificando a voz de toda juventude, trabalhadores e desempregados.

Já sabemos que a luta pelo passe livre significa o confronto direto com os burgueses. Não podemos aceitar as migalhas do capitalismo. Precisamos auto-financiar a campanha através de shows, festivais, coletas e outras formas de arrecadação independente da burguesia.

Passe livre para toda a juventude, estudantes e desempregados!
Pelo congelamento imediato de todas as tarifas!
Abaixo a repressão da polícia ao nosso movimento!
Pela auto-organização para superar a burocracia!
Pela unificação nacional da campanha!
Pela aliança revolucionária da juventude com a classe trabalhadora!
Estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores!

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