Terça 23 de Abril de 2024

Nacional

CONTRA A BUROCRACIA SINDICAL, O GOVERNO E OS PATRÕES

Por um 1º de maio classista e internacionalista!

26 Apr 2009   |   comentários

Chegamos a mais um 1º de Maio onde não temos nada a comemorar. A profundidade da crise económica começa a se expressar em sua transformação em crise social: a gritante situação de desemprego no Estado Espanhol, nos cataclismas que estão varrendo os Estados Unidos, fazendo cidades industriais literalmente sumirem do mapa ao mesmo tempo em que as filas para conseguir auxílio desemprego se multiplicam. É frente a isso que os trabalhadores e a juventude começam a responder, como ocorre na França, por exemplo, onde a luta de classes é a mais avançada do mundo hoje.

No Brasil a profundidade deste ataque ainda é menor, mas esta “introdução” que já vivemos anuncia um profundo drama. As mais de duas milhões demissões ocorridas desde setembro significavam já no final de março a 9% de desemprego, sem contar os que deixaram de procurar emprego ou os que estão empregados sem registro e em outras formas precárias. Os trabalhadores que permanecem empregados em muitas das fábricas que demitiram em massa como a GM e a Embraer se vêm diante de uma situação de maior exploração, a produção permanece a mesma ou aumentou, mas os empregados diminuíram.

Outro pilar do último ciclo de crescimento, o consumo das famílias, encolhe mesmo com os incentivos do governo Lula ao crédito através de alterações nos juros e na presidência do BB, já que um número recorde de trabalhadores é levado a inadimplência. Os primeiros cortes são no consumo, logo no estudo dos filhos, depois na saúde e no fim das contas na própria comida. Essa é a chamada marolinha.

O discurso do governo mudou e diariamente um novo pacote é anunciado para salvar alguma empresa, o consumo, garantir repasses aos municípios e Estados afetados pela queda na arrecadação e nos repasses. Os governos em todas esferas anunciam retenções e cortes de orçamento para que os trabalhadores do funcionalismo e a população paguem pela crise.

Após mais de R$ 200 bilhões para salvar os empresários através de financiamentos do BNDES, troca de divisas e isenções de impostos como o IPI, o governo Lula permanece sem tomar uma medida a favor dos trabalhadores. Se o programa de ataques em todas as esferas como o propagado por algumas entidades patronais e jornais como O Estado e O Globo não é o adotado e defendido pelo governo Lula, é sob seu comando que se estuda redução na poupança para salvar os lucros dos banqueiros nacionais e imperialistas e até mesmo a chamada “desoneração dos impostos” previstos na CLT. Para completar, Lula agora fica se gabando do empréstimo que fez ao FMI, que todos sabem que é um organismo que só serve aos interesses do imperialismo e para oprimir ainda mais países que entram em crise.

A burocracia sindical alimenta a paralisia e levanta um programa burguês

Apesar dos discursos de que “não vamos pagar pela crise” , os burocratas sindicais da Força Sindical e da CUT não estão fazendo nada em defesa dos trabalhadores. Pelo contrário, mesmo a CUT que fala contra a redução dos salários e direitos, está negociando PDV, licença remunerada, e outras medidas que todo mundo sabe que é a ante-sala da demissão.

Um exemplo disso é o que está ocorrendo nas montadoras. O acordo firmado entre a patronal, Lula e a burocracia que envolvia redução de IPI e uma suposta “estabilidade no emprego” , é uma completa mentira. No mesmo dia ocorreram 260 demissões na Peugeot e em grandes montadoras como a Ford e a Mercedes abriram PDV e todo tipo de medida que antecipa as demissões em massa. Para não falar que aceitam todos os ataques aos contratos de temporários, que são os que mais estão sendo atacados em massa.

Ao invés de um programa operário, insistem na política burguesa, por exemplo, da redução da taxa de juros e de pressão sobre o Banco Central de Meirelles. Sempre com um discurso de que a crise passa rapidamente.

Organizemos a partir da Conlutas um 1º de maio conseqüentemente classista

Nessa situação, os trabalhadores e a juventude necessitam avançar na sua independência frente aos patrões, à burocracia sindical e o governo Lula. Precisamos travar um combate contra essa política para nos forjarmos como uma alternativa claramente diferenciada e classista para os trabalhadores que já começam a concluir que a burocracia sindical está traindo as lutas e atuando a favor dos patrões.

Para avançarmos numa resposta classista à crise, exigimos aos sindicatos e centrais que mobilizem em defesa dos trabalhadores, em base aos métodos da luta de classes, como as greves e piquetes. Não foi isso que ocorreu no dia 30 de março, quando a mobilização nacional unificada onde o que primou foi o programa da burocracia sindical (compartilhado com a patronal) e os métodos operários não existiram.

Encaremos esse 1º de maio como uma nova oportunidade para apresentar uma perspectiva verdadeiramente classista, anti-governista, anti-burocrática e internacionalista aos trabalhadores. É o momento de nos contrapor claramente às festas que os burocratas estão chamando no 1º de maio, dizendo que não temos nada a comemorar e mostrando como só fazem isso porque estão com os patrões, o governo e todos os seus privilégios garantidos.

Venha para nosso bloco!

Chamamos a todos para junto conosco travar essa luta política na preparação e no próprio 1º de maio, participando do nosso bloco que irá levantar um programa para que os capitalistas paguem pela crise, ligado a uma forte denúncia da burocracia sindical.

Levantemos junto as bandeiras da divisão das horas de trabalho entre trabalhadores empregados e desempregados, sem redução salarial, e incorporação dos trabalhadores terceirizados e temporários às empresas em que trabalham com iguais direitos e salários. Defendamos a ocupação de toda empresa que feche ou demita em massa, e pela estatização sobre controle dos trabalhadores. Pela estatização dos bancos parasitas, sobre controle dos trabalhadores e da população. Exijamos juntos que os sindicatos e as centrais sindicais convoquem um encontro nacional de delegados de base para votar um plano de luta efetivo e, imediatamente, um dia de paralisação nacional por nenhuma demissão, retirada de direitos ou corte dos salários.

Levantemos bem alto a bandeira do anti-imperialismo! Pela derrota das tropas de Obama, Brown, Sarkozy e outros imperialismos no Iraque e Afeganistão. Nos organizemos independentemente de Chavez e Evo para realmente enfrentar a burguesia e os imperialismos. Exijamos a retirada imediata das tropas do Haiti que Lula já mantém há 4 anos. Viva a luta dos trabalhadores e dos povos oprimidos em todo o mundo!
Se junte a nós da LER-QI para levantar essa política no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e, em São Paulo, marcharemos junto ao Movimento A Plenos Pulmões, ao Grupo de Mulheres Pão e Rosas, ao Movimento Unidade Operária, para os quais abrimos este jornal para expressarem suas demandas, e diversos trabalhadores e estudantes independentes.

Artigos relacionados: Nacional , Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo