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Pimentel encontra caminho livre para governar para os ricos

05 Oct 2014   |   comentários

Na última terça-feira, dia 30 de setembro, aconteceu na Rede Globo o debate para governador do Estado de Minas Gerais.Num cenário de poder ganhar já no primeiro turno, Fernando Pimentel (PT) tem 45% das intenções de votos, Pimenta da Veiga (PSDB) 25%, Tarcísio Delgado 3%. Frente à sede de mudança após três mandatos consecutivos do PSDB no estado, o PT encontra caminho livre para seu projeto de governo para os ricos. E as demais candidaturas da oposição (...)

Na última terça-feira, dia 30 de setembro, aconteceu na Rede Globo o debate para governador do Estado de Minas Gerais.Num cenário de poder ganhar já no primeiro turno, Fernando Pimentel (PT) tem 45% das intenções de votos, Pimenta da Veiga (PSDB) 25%, Tarcísio Delgado 3%. Frente à sede de mudança após três mandatos consecutivos do PSDB no estado, o PT encontra caminho livre para seu projeto de governo para os ricos. E as demais candidaturas da oposição mostram-se incapazes de aparecerem como alternativas ao PT. As demandas das manifestações de junho, apesar de reivindicadas por vários dos candidatos, estão longe de serem respondidas por quaisquer deles.

Demandas de junho aparecem distorcidas em nome da reforma política

Longe esteve do debate temas como transporte e questões democráticas como a luta contra a homofobia e a legalização do aborto. Não apareceram também propostas para questionar esse regime dos ricos pela raiz, como a necessidade de um deputado ganhar o mesmo que um professor. Longe de se preocupar com esses temas, Fernando Pimentel tocou em junho ao ser perguntado por Fidelis sobre democratização da mídia e da política. Pimentel reivindicou os 7 milhões de votos do plebiscito popular organizado por movimentos sociais cujas direções são apoiadoras do governo Dilma e por correntes e deputados do PSOL. Então, defendeu uma reforma política por via de uma constituinte exclusiva. Pimentel, para consolidar propostas de desvios das lutas das ruas, usa o plebiscito para tentar canalizar o desvio de junho para reformas num regime degradado dessa democracia dos ricos. E tem apoio das direções de muitos dos movimentos sociais.

Indústria em retração, Pimentel coloca culpa nos tucanos

Questionado por Delgado sobre baixo crescimento economia e pouco desenvolvimento comércio exterior e indústria, Pimentel, consultor da FIEMG em 2009 (ano em que houveram muitas demissões no estado), ressaltou o quadro de retração da indústria mineira, colocando a responsabilidade integralmente no PSDB. Como se fosse uma particularidade de Minas Gerais, disse que “os empregos estão sendo mantidos e a indústria protegida” no país. Porém, o que Pimentel deixa de dizer é que a proteção do governo federal à indústria é à patronal, uma vez que os trabalhadores já sentem na pele férias coletivas e lay off, que são a ante sala de planos de ajustes, ataques aos salários e de demissões. Apenas na automobilística, um dos setores da indústria mais apoiado pelo governo, 8,7 mil trabalhadores foram demitidos apenas esse ano.

O candidato do PT prioriza a segurança e não a educação

Mais uma vez o candidato do PT priorizou a segurança. Defendeu mais investimentos na polícia e que “a polícia tem que ir pra rua mais equipada”. Em entrevista a uma imprensa local, também defendeu “mais 12 mil policiais nas ruas” e a manutenção dos privilégios dos militares, como na aposentadoria onde um policial se aposenta antes que um trabalhador. Enquanto Pimentel promete fortalecer a polícia, os trabalhadores ficam a ver navios. Prometeu a implementação da lei do piso salarial para os professores, principal demanda da greve de mais de 100 dias dos professores da rede pública no ano de 2011. Porém, Pimentel diz que esse é um tipo de demanda que não pode ser implementada “do dia para a noite”. Pimentel mostra que será ágil com as demandas da polícia racista mineira, que mata três negros a cada branco. Já para os professores e trabalhadores as coisas serão bem mais lentas e tortuosas.

PSDB mais próximo de possível derrota do projeto de Aécio e FHC

Pimenta da Veiga, do PSDB, mantem pouco apelo, apesar de estar na principal base eleitoral do PSDB. Segundo uma das pesquisas de intenção de votos, Pimenta da Veiga saiu dos 20% de intenção de votos em 30 de julho para 25% em 30 de setembro (no mesmo período Pimentel saiu dos 25% para 45%). No debate, mais uma vez priorizou ataques ao PT e seu candidato, dizendo que não respondia a suas perguntas e chamando-o de “tolo” e “mentiroso”. O debate mostrou a debilidade da estratégia tucana de centrar na denúncia da ligação do PT ao caso de corrupção da Petrobrás. Isso porque os eleitores sabem que um partido como o PSDB também é envolvido em muitos casos de corrupção, o mais recente denunciado no metrô de São Paulo junto à empresa Siemens, o conhecido “mensalão mineiro”, além da recente denúncia contra Aécio Neves por ter construído um aeroporto com verbas públicas em terreno privado da família na grande Belo Horizonte.

PSB abandona seu candidato mirando postos no futuro governo

Tarcísio Delgado, do PSB, que fora apadrinhado de Eduardo Campos, tentou mais uma vez aproximar PT e PSDB mostrando que “jogam no colo do outro” os problemas de governo. Defendeu a melhor aplicação dos recursos do minério, demanda latente da burguesia mineira. Um dia após o debate, Delgado disse que sua candidatura não decolou pois foi abandonada pelo PSB após a morte de Eduardo Campos. Isso mostra como o PSB já se prepara para embarcar na distribuição de cargos do possível governo do PT no estado.

Candidato da Frente de Esquerda: propostas de reformas vagas

Com propostas vagas de reformas como “polícia cidadã”, “reforma política”, “desmilitarização da polícia e da vida”, “respeito a praças, soldados e sargentos”, “consulta cidadã sobre mineradoras” e “desmedicalização da vida”, o candidato da Frente de Esquerda não conseguiu mostrar um projeto de oposição alternativo ao PT. E isso ficou claro também no debate de Fidélis sobre ocupações urbanas, questão latente na vida da cidade uma vez que Belo Horizonte é uma das cidades mais desiguais do mundo (segundo levantamento da ONU) e tem como um de seus problemas estruturais a moradia. Fidélis denunciou a violência policial contra as ocupações urbanas assim como o fato de que são 550 mil famílias sem moradia em Minas. Então, exigiu de Pimentel um compromisso: “Pimentel, gostaria que você assumisse um compromisso com as ocupações: não desocupar e sem polícia garantir o reconhecimento das ocupações”. Pimentel respondeu positivamente: “nós vamos assumir e vamos resolver”. Exemplo pelo qual Fidélis mostrou como sua candidatura prioriza pressionar o governo, gerando ilusões na capacidade do PT e dos governos dos ricos em responder às demandas mais sentidas dos trabalhadores e do povo, como moradia

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