Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

USP

Perseguidos por lutar

20 Oct 2011   |   comentários

O atual reitor da USP, João Grandino Rodas, mesmo derrotado nas últimas eleições para a Reitoria, foi posto em seu cargo de forma arbitrária e antidemocrática pelo então governador José Serra (PSDB) com um claro objetivo: levar a frente o projeto de universidade elitista, com um ensino, pesquisa e extensão fortemente vinculada ao empresariado e cada vez mais hostil aos trabalhadores e a população pobre e negra.

O aprofundamento da precarização das relações de trabalho dentro da universidade é, sem sombra de dúvida, um dos pilares fundamentais para construção desse projeto de universidade privatizada e mais excludente. Na USP de Rodas, embora isso não apareça nos rankings internacionais, há milhares de funcionários terceirizados que trabalham sem quaisquer garantias trabalhistas e em muitos casos em níveis de semi-escravidão. A luta das trabalhadoras terceirizadas da União e dos jardineiros terceirizados da BKM expôs aos olhos de toda a comunidade acadêmica e também para fora da USP que na universidade de “excelência” de Rodas milhares de homens e mulheres trabalham em condições análogas à escravidão.

O aumento da terceirização vem junto a inúmeros ataques aos funcionários efetivos, a principal delas é o PROADE. O Programa de Avaliação e Desempenho Funcional é uma medida que visa em linhas gerais acabar com a estabilidade dos funcionários através de avaliações permanentes, mesmo após o estágio probatório, com critérios vagos e abstratos, além de impor, na prática, metas de produção que certamente levarão ao aumento de acidentes e doenças em decorrência do volume de trabalho. Tais avaliações serão realizadas por uma comissão formada pela chefia e com mais duas pessoas indicadas diretamente por ela! Ou seja, a reitoria, por essa via, pretende criar um procedimento que permita colocar em prática um sistema produtivo empresarial entre os funcionários da USP onde todos aqueles que não se “encaixarem” a esta lógica possam ser demitidos sem justa causa, abrindo espaço dessa forma para substituí-los por trabalho terceirizado.

Mais recentemente, o REItor Rodas, dando mais formato ao seu projeto de universidade, deu “carta branca” para as rondas ostensivas da polícia militar no campus da USP. Essa instituição repressiva, que em 2010 assassinou 495 pessoas segundo dados da própria secretaria de segurança pública (sem mencionar os “autos de resistência” seguidos de morte, que são uma camuflagem para o extermínio de pobres e negros nas favelas, colocando o Brasil como o país que tem mais assassinatos que na guerra do Iraque) e em 2009 reprimiu brutalmente os estudantes e funcionários em greve, vem criando uma espécie de estado de sítio na universidade com frequentes abordagens violentas contra estudantes e funcionários, principalmente aos negros, aprofundando dessa forma a segregação entre a comunidade uspiana e os moradores das favelas ao redor da universidade.

Esse projeto de universidade só pode obter sucesso se Rodas consegue dobrar a resistência de importantes setores da Universidade. A Reitoria sabe disso e justamente por isso, além da demissão política de Brandão no final de 2008, abriu agora um novo processo administrativo com o objetivo de demitir 4 diretores do SINTUSP (Neli Wada, Magno de Carvalho, Solange Conceição e Marcelo Pablito), Nair (CDB), Ana Mello (Faculdade de Educação) e expulsar definitivamente, em base ao regimento geral feito durante os anos mais sombrios da ditadura, Rafael Alves, estudante da moradia que apóia os trabalhadores. Dessa forma, Rodas tenta golpear a entidade que nos últimos anos esteve a frente de todas as lutas contra esse projeto elitista de universidade, lutando pelos direitos dos funcionários efetivos, com os trabalhadores terceirizados contra o trabalho semi-escravo, com os estudantes e professores contra a privatização do ensino superior e em defesa de uma universidade sem vestibular e à serviço das necessidades da classe trabalhadora e do povo pobre.

Para nós da LER-QI, como parte da diretoria do SINTUSP e como fração revolucionária no movimento estudantil da USP, é fundamental construir uma grande campanha democrática em defesa do SINTUSP e contra a perseguição aos seus diretores. Unificar todos os setores do movimento estudantil, docente e funcionários numa luta que mostre que não aceitaremos os ataques desse Reitor que quer implementar o projeto tucano de educação.

Construamos uma grande campanha democrática contra as perseguições políticas na USP!

Como parte dessa campanha desde o SINTUSP, junto a entidades estudantis, professores, funcionários, juristas e intelectuais, estamos organizando uma reunião de lançamento do comitê contra a perseguição política aos diretores do SINTUSP, funcionários e membros do movimento estudantil no dia 25/10, terça-feira às 17h no Auditório do CEPEUSP (Centro de Práticas Esportivas da USP), portão 18 ao lado do Bloco B do CRUSP – Campus Butantã. Chamamos a todas as entidades estudantis, sindicais, intelectuais, juristas e organismos de direitos humanos a expressarem seu apoio à luta contra a repressão política na USP.

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