Sábado 20 de Abril de 2024

Movimento Operário

II HIP HOP OCUPA USP

Pela readmissão do Brandão!

26 Apr 2009   |   comentários

Com apresentação de Raphão e Mara Onijá, o II Hip Hop Ocupa USP contou com a participação dos grupos: QI Alforria, Banda Uafro, Mara Onijá, Rincon Sapiência, Família 4 Vidas, Simbólicos, Patota D´Firmino, Raphão e Bá Kimbuta. A poesia se fez presente com a participação de Akins Kinte e Allan da Rosa, das Edições Toró. O grupo OPNI trouxe o grafite, enquanto os DJs B8, Case e Tati Laser comandaram o som.

Enfrentando o boicote do regime universitário, o festival se impós como uma importante ação que faz parte da campanha pela readmissão do Brandão, tendo o apoio e presença das entidades citadas acima, além do apoio de vários professores da universidade, como Luiz Renato Martins, Ruy Braga e Leonel Itaussu. Estiveram presentes muitos estudantes de vários cursos da USP, além de vários dos cursinhos populares da USP e região. Os estudantes da Unicamp, e da Unesp de Araraquara, Rio Claro, Franca e Marília também vieram de ónibus para manifestar seu apoio. Mas não parou nas estaduais paulistas, também compareceram estudantes da PUC-SP, Fundação Santo André, Uni Santana, Uni Castelo e várias outras faculdades privadas. Por sua vez, a juventude negra do Hip Hop compareceu em peso pra apoiar a campanha do Brandão e denunciar o elitismo e racismo que imperam na universidade e impedem o acesso desse mesma juventude com o filtro social do vestibular. Assim, o festival ficou profundamente marcado pelo protesto da juventude negra dentro da universidade mais branca do país. Ao longo da noite, passaram pelo festival mais de 500 pessoas, que não se intimidaram com as tentativas da burocracia acadêmica de impedir a realização do festival.

Nas semanas anteriores, o festival foi divulgado através de cartazes, sites e pela imprensa como o Guia da Folha e o Jornal do Campus. Um dia antes do evento, a Congregação da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) reuniu-se e publicou uma nota dizendo que não autorizava a realização do festival no prédio de História. Na sexta-feira, o boicote se mostrou até o último minuto, com ameaças de que o palco e o som não poderiam ser montados no local. Os esforços para que o Hip Hop Ocupa USP não acontecesse chegaram a ponto de anunciarem várias vezes pela Rádio USP que o festival não seria mais realizado. Nas portarias da universidade, os estudantes tiveram que fazer todo um esquema para que o público pudesse entrar.

Os burocratas acadêmicos, que vivem com mil privilégios em suas altas cadeiras, vão sempre se colocar contra a livre manifestação de estudantes e trabalhadores, ainda mais quando se coloca a denúncia da repressão que tem como principal expressão a demissão de Brandão, trabalhador da USP há mais de 20 anos, diretor do Sintusp e dirigente da LER-QI. Brandão foi demitido no fim do ano passado por defender os trabalhadores, efetivos e terceirizados, por seu papel destacado nas greves e piquetes, por enfrentar junto aos estudantes e trabalhadores os ataques do governo Serra à educação que vêm tornando a universidade cada vez mais elitista, a serviço dos interesses da burguesia. Brandão foi demitido de forma ilegal, através de uma medida anti-democrática e anti-sindical adotada pela reitoria da USP, que não respeita os direitos democráticos mais elementares conquistados pelas lutas históricas da classe trabalhadora, como a proibição de demissão de um dirigente sindical, que consta não só na constituição brasileira, mas inclusive nas normas da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Durante o II Hip Hop Ocupa USP, várias vozes se fizeram presentes, expressando a importância da campanha contra a demissão do Brandão e a repressão na USP, além da necessidade de lutar contra o caráter elitista e racista da universidade.

Raphão, rapper, apresentador e um dos organizadores do festival: Pra mim é uma satisfação enorme participar da equipe de organização deste evento, que é uma resposta à demissão do companheiro Brandão, um ataque INACEITÃ VEL à forma de organização combatente da classe operária, e uma forma de barrar a luta para que a burguesia pague o preço desta crise. Como apresentador, músico e platéia, gostaria de agradecer a Pílula Preta, A Plenos Pulmões e a LER-QI em especial, que colocou toda a força militante para garantir um som de qualidade para o evento, e a preocupação com a segurança dos convidados, mostrando como um partido revolucionário deve atuar ao lado da arte.

Milton Barbosa, militante e um dos fundadores do MNU: Nós do Movimento Negro Unificado viemos trazer o apoio à luta dos trabalhadores da USP pra reverter a demissão do Brandão que eu conheço há muitos anos. Brandão é uma figura de luta, um exemplo para os trabalhadores e foi demitido por essa universidade, que faz charme de intelectual, mas na realidade é extremamente conservadora e repressiva.

Mara Onijá, rapper, integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas e dirigente da LER-QI: Em 2004 estivemos aqui em defesa da greve dos trabalhadores e hoje estamos aqui com o II Hip Hop Ocupa USP. Houve várias tentativas de boicote a esse evento. Na rádio USP desde as seis horas da tarde estava sendo anunciado que o evento não ia acontecer. A TV Cultura ia fazer a cobertura, mas a USP informou que o evento não era autorizado. E então, eu quero questionar: por que não é autorizado? É porque vem dizer contra as demissões no país, contra a repressão na USP, pela readmissão do Brandão, demitido no fim do ano passado por perseguição política, por fazer greve, por defender os trabalhadores. E o Hip Hop ocupa a USP também pra dizer: por que os pretos não estão dentro dessa universidade? Por que a juventude trabalhadora não está dentro dessa universidade?

Flavia Vale, estudante da USP, integrante do Movimento A Plenos Pulmões e dirigente da LER-QI: Hoje com o segundo festival Hip Hop Ocupa USP a gente consegue questionar o conteúdo racista e elitista dessa universidade que é a USP, onde toda juventude negra e trabalhadora não pode estar aqui pra estudar. Queremos dizer com o festival que não vamos aceitar as medidas repressivas dos mesmos que colocam a polícia para reprimir a juventude, que processam estudantes e funcionários para passar suas leis cada vez mais elitistas na universidade.

Dinizete, trabalhadora da USP e integrante do grupo de mulheres Pão e Rosas: Manifestamos hoje nosso incondicional apoio ao festival Hip Hop Ocupa USP. Nós, como mulheres trabalhadoras e estudantes da USP, rechaçamos os ataques da reitoria e do governo ao nosso sindicato através da demissão do companheiro Brandão e da perseguição aos ativistas.

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