Quinta 28 de Março de 2024

Juventude

Pela aliança operário-estudantil

20 Mar 2004   |   comentários

A universidade enquanto produtora de conhecimento está totalmente atrelada ao desenvolvimento da produção capitalista, respondendo às necessidades das empresas frente à crise estrutural da economia. O atrelamento do ensino ao grande capital aparece de maneira cada vez mais acentuada através da política do Banco Mundial de ofensiva contra as conquistas do movimento de massas e da classe trabalhadora, cortando gastos públicos e obrigando as universidades a se atrelarem cada vez mais aos interesses do desenvolvimento capitalista, como forma de tentar dar uma saída à sua crise. Exemplos não faltam: as fundações avançam cada vez mais nas universidades públicas; as universidades particulares aumentam mensalidades, cortam bolsas e perseguem os estudantes inadimplentes; as universidades federais estão em condições cada vez mais precárias; em diversas universidades, como a Unicamp, está sendo implementado o projeto de cartão universitário, atrelando os estudantes a uma conta de banco.

Com a crise económica e o avanço da política neoliberal, as contradições entre a privatização do ensino e seu atrelamento ao desenvolvimento do sistema capitalista e a utopia da autonomia universitária se acirram cada vez mais, exigindo do movimento estudantil uma resposta à altura dos ataques à universidade. Lutar por uma universidade que produza conhecimento autónomo enquanto o governo prepara diversas medidas de ataque às conquistas do movimento estudantil e deixar que a universidade permaneça a serviço dos interesses de empresas, bancos e grandes corporações. Uma política de combate aos ataques que vêm sendo imple-mentados pelo governo baseada no discurso de autonomia universitária é uma política que já nasce derrotada, pois nem o conhecimento, nem a universidade podem ser autónomos dentro dos marcos do capitalismo.

O combate aos ataques implementados pelo governo a universidade não pode estar isolado de um combate às empresas que se beneficiam da atual estrutura universitária, e por isso, as bandeiras do movimento estudantil não podem estar separadas das bandeiras do movimento operário. Somente aliados aos trabalhadores é que os estudantes poderão encontrar saída para a crise da universidade, somente contrapondo à crise atual uma universidade a serviço dos trabalhadores é que o movimento estudantil poderá se opor ao modelo burguês de universidade. O movimento estudantil deve se dirigir contra a burguesia e o imperialismo como forma de combate à política de ataques a suas conquistas históricas e para isso deve lutar em completa aliança com os trabalhadores, sujeitos ativos na transformação da sociedade.

Os combates mais progressivos da classe operária devem ser considerados fundamentais pelo movimento estudantil, que deve dar seu apoio incondicional. A luta dos trabalhadores contra a exploração capitalista é central para a transformação da universidade, pois cada recuo da exploração burguesa conquistado pelos trabalhadores é um passo à frente contra o avanço das politicas imperialistas para a universidade. Os movimentos de avanço na luta dos trabalhadores e dos estudantes devem ser combinados, pois a luta dos trabalhadores contra a exploração e a luta do movimento estudantil contra os ataques à universidade são ambos dirigidos, em última instância, contra os interesses burgueses.

Enquanto o movimento estudantil se limitar aos cercos da academia, a universidade e a produção de conhecimento continuarão atrelados aos interesses do avanço imperialista e das políticas ditadas por suas crises económicas. É a força da classe trabalhadora que pode dar resposta à altura dos ataques sofridos pelas universidades. A luta dos trabalhadores pela sua emancipação deve ser entendida pelo movimento estudantil como fundamental para a transformação da sociedade e para a transformação da universidade. A luta do movimento estudantil contra o sucateamento do ensino e a privatização das universidades não pode estar desligada da luta do movimento operário contra a exploração capitalista.

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