Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

PÃO E ROSAS NA GREVE

A luta das mulheres é parte da luta de classes

30 Jul 2014   |   comentários

A greve dos trabalhadores da USP já ultrapassou 60 dias de greve e desde seu início as estudantes e trabalhadoras do grupo de mulheres Pão e Rosas estão mergulhadas nessa greve apoiando ativamente e atuando junto à Secretaria de Mulheres do Sintusp.

Junto à Comissão de Cultura dos Trabalhadores, as estudantes do Pão e Rosas e também os companheiros da Juventude às Ruas organizam o “Cantinho das Crianças” durante os debates, assembleias e reuniões permitindo que mães e pais trabalhadores estejam na greve. Essa prática parte da concepção de que o capitalismo insere as mulheres no mercado de trabalho, mas não tira delas a responsabilidade pelo trabalho doméstico impondo uma dupla jornada, uma dentro de casa e outra fora, e que por isso encontram mais dificuldade para participar da vida pública e se organizar.

Em solidariedade aos trabalhadores em greve do Hospital Universitário organizamos jantares e cafés da manhã revertendo o dinheiro para o fundo de greve. Participamos também do debate “As condições de trabalho e a saúde do trabalhador” organizado pelo comando de greve, com uma companheira do Pão e Rosas estudante de Educação Física colocando o conhecimento a serviço da luta dos trabalhadores. Num país onde as mortes por acidente de trabalho se igualam ao numero de mortos em países em guerra, denunciamos que a Reitoria e os patrões exploram e assediam até acabar com a saúde física e mental dos trabalhadores, sendo para as mulheres mais intenso em função da dupla jornada e por serem ensinadas a sempre se calar.

O descaso com a saúde do trabalhador vai do intenso ritmo de trabalho às condições da saúde pública. Hoje existem mais de 800 mulheres aguardando para fazer o exame do papanicolau por falta de enfermeiras no Centro de Saúde Escola Butantã. Um simples exame que poderia diagnosticar precocemente um câncer de colo de útero evitando a morte de muitas mulheres. Por isso a partir da Secretaria de Mulheres do Sintusp queremos levar uma grande campanha pela contratação de enfermeiras.

Em meio a greve, a Secretaria de Mulheres do Sintusp realizou uma importante reunião com trabalhadoras e as estudantes que estão apoiando a greve para discutir as suas demandas. O frequente assédio moral da chefia, com maior intensidade sobre as mulheres, o direito à creche para todas e todos que precisem, o ataque que a terceirização significa para os trabalhadores e a necessidade de encarar o aborto como uma questão de saúde pública foram alguns dos temas que surgiram nessa primeira reunião. Já foi indicada uma nova reunião para não só debater, mas também organizar as trabalhadoras para levarem suas demandas junto ao conjunto dos trabalhadores, porque a luta pelos direitos das mulheres é uma luta de toda a classe trabalhadora.

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