Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

Iº CONGRESSO DA ANEL

Os novos tempos que vive a juventude não podem ser marcados pelas velhas entidades

14 Jun 2011   |   comentários

Nos dias 22 a 26 de junho será realizado no Rio de Janeiro o 1º Congresso da ANEL na tentativa de articular nacionalmente diversos ativistas do movimento estudantil, que estão tendo uma primeira experiência com as lutas que surgem e que inevitavelmente tendem a se aprofundar com as intensas mudanças do mundo atualmente.

Apesar dos fluxos e refluxos do movimento estudantil, o desenvolvimento da crise econômica que prepara ataques para toda a juventude e os trabalhadores, combinada as mobilizações de massas na primavera árabe e recentemente no Estado Espanhol, dão o sinal dos tempos que estão por vir. Novas convulsões sociais são inevitáveis assim como os levantes da juventude brasileira. Nesse sentido, é necessário canalizarmos a indignação, a revolta e a força da juventude na luta contra o Estado que impõe o controle social das nossas vidas, restringe a nossa sexualidade, explora os trabalhadores, oprime as mulheres e os negros, e mantém uma Universidade elitista a serviço dos monopólios.

Enquanto a UNE atua junto ao governo para disseminar em grande parte da juventude brasileira a ilusão da ascensão social e o conformismo, os empresários da educação e seus monopólios enriquecem, as tropas brasileiras massacram o povo haitiano, Dilma responde com silêncio frente às ditaduras no mundo árabe, além de se curvar no Congresso aos torturadores do Regime Militar, como Bolsonaro, a bancada homofóbica evangélica e as oligarquias ruralistas.

O 1º Congresso da ANEL deve ser uma alternativa para juventude brasileira se colocar aos desafios desses novos tempos, e por isso nós da juventude da LER-QI junto a estudantes independentes que constroem o Bloco ANEL às Ruas, lutamos para que a ANEL possa fazer a diferença nos processos que estão por vir, em aliança estratégica com os trabalhadores, defendendo as bandeiras democráticas da população, ligada aos fenômenos internacionais, organizada pela base e anti burocrática.

A sátira mal contada do Fim da História...

Mobilizações de massas começam a surgir em vários lugares do mundo. A ideologia que a burguesia fomentou em toda geração das décadas de 80 e 90 que a história teve seu fim, e consequentemente, a luta de classes também, não sobrevive mais frente a indignação principalmente da juventude que anseia mais do que a reprodução do individualismo e consumismo desenfreado do capitalismo. Os levantes que começaram ano passado nas Greves Gerais da Grécia, hoje se fortalecem nas mobilizações no Estado Espanhol e continuam na Primavera Arábe.

Paralelamente, os EUA e as demais potências imperialistas – depois de sustentarem durante décadas as ditaduras sangrentas- fazem de tudo para desviar os processos revolucionários do Norte da Africa e do oriente Médio, como acontece na Libia com o apoio militar a setores da burguesia rebeldes contra Kadafi e no Egito com apoio a junta militar do Exército no poder. Ao mesmo tempo na América Latina o imperialismo norte americano se esforça para retomar sua hegemonia. Para isso, busca aprofundar as relações com governos como os de Dilma e C. Kirchner, e varrer as poucas conquistas que ainda restam dos processos revolucionários que protagonizaram os trabalhadores e as massas do continente no século passado, principalmente em Cuba, buscando restaurar o capitalismo com apoio da burocracia castrista.

É necessário que a ANEL atue ofensivamente para construir uma grande ala no movimento internacional da juventude que começa a surgir. Precisamos colocar todas as forças para que não somente o movimento estudantil, mas cada jovem que se coloca em movimento pelo mundo, como ocorre agora destacadamente na Espanha, adote a estratégia de aliar-nos aos trabalhadores para lutar contra o capitalismo e suas mazelas, adotando uma estratégia proletária independente contra o imperialismo e os governos.

No “Brasil do Futuro” de Lula e Dilma ainda sopram os ventos da escravidão.

No ritmo acelerado das obras do PAC, rebeliões operárias em Jirau, Santo Antônio e PECEM, escancaram a semiescravidão - a que estão sujeitas principalmente as mulheres e os negros - que sustenta o dito “país potência”. Na USP as trabalhadoras terceirizadas, junto ao SINTUSP e aos estudantes, travaram uma luta histórica e conquistaram seus direitos, denunciando que na dita Universidade de Excelência dos Tucanos vigora a escravidão. A precarização da vida foi o meio que a burguesia se utilizou para diminuir a força dos trabalhadores, dividindo-os enquanto classe, entre efetivos e terceirizados.

As rebeliões que acontecem na construção civil aterrorizam os setores dominantes da economia brasileira. Não à toa a Força Nacional foi acionada para reprimir os trabalhadores a mando do Governo Federal, que nos dias seguintes pactuou junto às empreiteiras e a toda a burocracia sindical mais de 6 mil demissões.

A UNE, dirigida pelo PCdoB que é parte da burocracia sindical governista, recebe rios de dinheiro de Dilma as custas da super exploração dos trabalhadores e é incapaz de levantar uma política para que a juventude se alie a esses processos de explosão da classe operária. Frente a isso, a ANEL tem uma tarefa fundamental já que levanta a bandeira da aliança operária estudantil, entretanto o próprio PSTU que chegou a fazer parte das negociações do Governo exigindo a melhor fiscalização das empresas, defendeu no último período na ANEL que não tinha acumulo de debate para concretizar um programa pela efetivação dos trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público, e com isso deixou de ter um programa em defesa da unidade das fileiras operárias. Quanto mais deve se acumular o debate?

10% do PIB para a educação pública, gratuita e de qualidade, a serviço dos trabalhadores!

Dilma não pode atender tal reivindicação pelo compromisso que tem com o imperialismo e com os monopólios da educação. Ainda que 10% do PIB para a educação seria um avanço significativo, não podemos exigir investimento de mais verbas para a educação sem questionar seu caráter de classe. A saída para a democratização da educação é buscar uma aliança com os setores que são impedidos de entrar na universidade.

Apesar da UNE levantar a bandeira dos 10% do PIB a educação, o faz legitimando toda a política governista, seus compromissos com os donos das universidades particulares e a manutenção do vestibular. Uma das principais campanhas que o PSTU propõe lançar a partir do Congresso está relacionada também com esse tema, entretanto para que essa campanha seja real e atinja a população que sofre com as condições da educação no país, é necessário que a ANEL faça luta política com as demais entidades, principalmente com a oposição de Esquerda da UNE, e incorpore na Campanha e no Plebiscito os eixos de denúncia a privatização da Educação, levantando bandeiras como a estatização das universidades particulares e o fim do vestibular, para que o dinheiro público não vá parar nas mãos dos monopólios.

O que tem o PSTU a oferecer a ANEL?

Muitos estudantes que veem a necessidade de se organizar e lutar nas escolas e universidades, rechaçam a UNE e são sensíveis a esses novos espaços que se abrem para a juventude, veem na ANEL também uma incapacidade de poder das respostas as principais mobilizações que começam acontecer. Isso se dá em grande parte pela concepção com a qual o PSTU encara a construção da ANEL, muitas vezes atuando burocraticamente utilizando-a como mero aparato para intervenção da juventude do PSTU e para uma política de pressão sobre a esquerda da UNE.

Uma expressão a mais do burocratismo do PSTU foi o recente boicote às teses do Bloco ANEL ÀS RUAS, do comitê contra a terceirização da USP e da Chapa Tahir da Fundação Santo André, que saíram completamente cortadas no caderno que será impresso para o Congresso. Não nos cansaremos de denunciar qualquer manobra burocrática, ao mesmo tempo em que não vamos deixar de dar a luta política dentro da ANEL por causa destes burocratismos, porque se estamos no movimento estudantil para combater burocratas como os da UNE e os governistas, não é com esse tipo de manobra baixa que vai nos paralisar. É lamentável que estes métodos da UNE sejam reproduzidos dentro da ANEL.

Nós da LER-QI, junto a vários independentes, defendemos uma outra concepção, que passa pela construção da ANEL por conta da necessidade de uma articulação nacional da juventude que possa fazer diferença nas mobilizações que estão por vir e atuar decididamente para coordenar as lutas e aliar-nos aos trabalhadores.Chamamos a todos a conhecerem as nossas teses completas e a junto conosco construir uma ala anti-burocrática, internacionalista e que lute conseqüentemente pelas demandas democráticas da juventude e da população dentro da ANEL. Essa é uma necessidade urgente da juventude.

Artigos relacionados: Nacional , Juventude









  • Não há comentários para este artigo