Sexta 29 de Março de 2024

Nacional

Os limites das mídias tradicionais em uma nova situação política nacional

28 Feb 2015   |   comentários

Pela primeira vez a confiança na "mídia online" e nas "ferramentas de busca" é maior do que na mídia tradicional.

Quem assiste televisão e acompanha jornais populares sabe que hoje acontece um tipo de tentativa de remodelamento destes meios de comunicação. Programas de televisão tentam adentrar em temas polêmicos, e além disso, muitos tentam se "sintonizar" à situação de maior politização que surgiu desde Junho de 2013 e que se aprofundou até hoje com as greves de trabalhadores e movimentos de juventude por questões democráticas importantes.

No entanto, em sua grande maioria estes programas são criados tradicionalmente por representantes dos interesses dos capitalistas, organizados através da grande mídia. Por isso, reproduzem os mesmos preconceitos e ideologias contra a luta de todos os trabalhadores, explorados e oprimidos, que sempre guiaram canais como a "Rede Globo", "SBT", "Rede Record", assim como os jornais e as revistas impressas "Veja", "Estadão", "Folha de S. Paulo", "Época" etc. Estão sendo malsucedidos. Pois é como disse um grande cineasta: "por trás das membranas finas dos ovos desta serpente já se pode ver o réptil perfeitamente formado".

Tanto é malsucedida esta tentativa que a partir de uma recente pesquisa publicada podemos ver que a população trabalhadora também está crescentemente tirando esta mesma conclusão. A cobertura mentirosa que fazem estes grandes meios de comunicação quando há manifestações e lutas de trabalhadores está ficando mais clara. Por isso, segundo a pesquisa, no Brasil, a "crise de representatividade" que afeta aos governos também atinge de maneira clara aos grandes meios de comunicação. De 2014 para 2015, houve uma queda de 7 pontos percentuais na confiança que a população tem na mídia. Mais do que isso, pela primeira vez na história (e isso também é uma tendência mundial) a confiança na "mídia online", e especificamente nas "ferramentas de busca online", é maior do que a confiança na mídia tradicional e impressa. É goleada; 79% contra 66% (as perguntas são feitas em separado, por isso a conta final é maior que 100%).

Alguém pode afirmar que as mídias online também são dominadas pelos mesmos monopólios de comunicação dos ricos. E isto é perfeitamente correto. Mas aqui o fator político desatado por Junho de 2013 e pelo crescimento expressivo das greves é onde mais se faz sentir. Pois na pesquisa também se indica uma maior desconfiança frente ao conteúdo criado pela mídia dos ricos. Ou seja, junto dos dados acima podemos ver também uma tendência ao crescimento da "autoconfiança" por parte da população no que tange à informação e politização.

Por exemplo, isto se expressa no dado de que no Brasil, para 84% dos entrevistados, os "criadores de conteúdo digital" (ou de informação e cultura) mais confiáveis são "pessoas comuns": amigos e familiares. No outro extremo, os que sofrem maior desconfiança são as celebridades e membros de governos.

Terreno fértil para um instrumento de mídia de esquerda e dos trabalhadores

Nesse sentido, no que tange à mídia, a situação nacional marca um grande desafio para toda a esquerda e os setores da classe trabalhadora conscientes de que somete através da luta e organização consciente dos "de baixo" se pode mudar a vida. A de criar uma alternativa que possa canalizar todo este descontentamento e transforma-lo em politização e informação desde o ponto de vista dos próprios trabalhadores. Confiar nas forças dos trabalhadores e nas suas capacidades de organização: através de informação, ideologia, de debates de ideias e também de cultura. A de criar um instrumento de informação verdadeiramente de esquerda, que tenha compromisso real com os interesses dos trabalhadores e de todo o povo pobre, independente dos "meios" dos ricos.

A partir de 25 de março, informe-se pela esquerda.

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