Quinta 25 de Abril de 2024

Juventude

“Jornada de lutas em defesa da educação pública”

O velho ou o novo movimento estudantil?

20 Sep 2007 | O novo movimento estudantil que surge na greve das estaduais paulistas tem que responder à altura os ataques do governo e de burocratas acadêmicos que, para passar seus planos elitistas e privatistas, tem que reprimir estudantes e trabalhadores. Infelizmente, a “Jornada de lutas em defesa da Educação Pública” organizada pela burocrática UNE (dirigida majoritariamente pelos governistas do PCdoB e PT), pelo PSOL e PSTU, apontou no sentido contrário.   |   comentários

Unidade com a burocracia estudantil......

A organização da Jornada foi completamente alheia à base estudantil, sem nenhuma discussão em salas ou assembléias. Nem mesmo a presença na mesa de abertura da presidente da UNE, Lúcia Stumpf (PCdoB), e o traidor DCE da USP (PCdoB, PT, PMDB) dizendo que essa Jornada era a “continuidade da luta das estaduais paulistas” , intimidou o PSOL e o PSTU. Todos saudaram juntos a unidade, sem nenhuma denúncia do papel dos governistas no movimento. O que o PSOL e o PSTU disseram que era a “unidade para chegar às massas” , não conseguiu atrair quase nenhum lutador das estaduais paulistas, a principal luta do último período.

Entre as reivindicações estava “controle público do ensino privado em todos os níveis” , mas nenhuma palavra sobre as reformas universitárias do governo Lula e estaduais, já que o programa imposto foi o da burocracia estudantil. A demanda de fim do vestibular foi colocada somente para cobrir pela esquerda, pois é indissociável da luta pela estatização das universidades particulares, que é a única saída de fundo que pode atender às necessidades da maioria da população, os trabalhadores e o povo pobre.

Nem mesmo a aparente radicalização nos métodos, com as “ocupações” , conseguiu esconder o conteúdo oportunista, já que foram acordadas com um dos setores mais reacionários da burocracia acadêmica, o diretor da Faculdade de Direito da USP, João Rodas. O “acordo” deu em....TROPA DE CHOQUE! Não contente, João Rodas vem ajudando a organização da direita estudantil que passa a dar as caras em resposta à “ocupação” por militantes de movimentos sociais.

Esses são alguns dos elementos que devem alertar ao conjunto dos estudantes que essa Jornada não foi mais do que uma tentativa da burocracia governista de se re-localizar frente ao novo movimento estudantil, que só não foi mais fracassada pela ajuda do PSTU/PSOL.

....ou um novo movimento estudantil? Por um encontro nacional com delegados de base!

Não podemos deixar que a burguesia continue aplicando seus ataques, que na universidade se respalda na direita estudantil e na burocracia acadêmica. Precisamos dar uma verdadeira continuidade à luta das estaduais paulistas, que para nós está nas lutas reais dos estudantes como a da Fundação Santo André ou da ocupação da UFSC.

Se não coordenamos de maneira democrática nossas lutas nacionalmente, seremos derrotados pelo isolamento, como ocorreu na ocupação da UFSC. Precisamos forjar uma verdadeira unidade, pela base, entre os lutadores de todo o país. A tarefa dos anti-governistas deveria ser dedicar suas forças nesse sentido, convocando um Encontro Nacional com delegados eleitos em assembléia de curso, como foi votado ano passado no Encontro Nacional de Estudantes. Um encontro com delegados mandatados eleitos em milhares de assembléias de base por todo país. Basta de encontros que só servem de palanque para belos discursos, calendários previamente acordados e gritos de “vitória” ! Precisamos de um Encontro que possa expressar milhares nas salas de aula que vote um programa que responda aos problemas mais sentidos pelos estudantes, como a repressão, a falta de verbas nas públicas e as altas mensalidades nas particulares, para dar uma saída para a crise do sistema universitário.

Flávia Vale é integrante do CEUPES (CA de Ciências Sociais da USP)

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