Sexta 29 de Março de 2024

Economia

JOAQUIM LEVY

O nome dos mercados para o “dever de casa” dos ajustes

26 Nov 2014   |   comentários

Levy foi um dos quadros de economistas neoliberais do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda em 2000 e economista-chefe do Ministério do Planejamento em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso; e foi secretário do Tesouro Nacional de 2003 a 2006, no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, é presidente da Bradesco Asset (...)

Na última sexta-feira 21, a bolsa de valores de São Paulo subiu 5% com os rumores do nome de Joaquim Levy como indicação de Dilma para o Ministério da Fazenda em substituição a Guido Mantega. Levy, atual presidente da Bradesco Asset Managment, já foi membro do governo FHC e deve liderar a política de ajuste do próximo ano. Seu nome deve ser confirmado nesta quinta-feira. Em entrevista, ontem, Aécio Neves do PSDB, elogiou a escolha de Dilma.

Quem é Joaquim Levy?

Levy foi um dos quadros de economistas neoliberais do Fundo Monetário Internacional (FMI). Foi nomeado secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda em 2000 e economista-chefe do Ministério do Planejamento em 2001, durante o governo Fernando Henrique Cardoso; e foi secretário do Tesouro Nacional de 2003 a 2006, no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, é presidente da Bradesco Asset Management.

A trajetória de Levy é ressaltada pelos mercados – leia-se: empresários e investidores das bolsas de valores – como um nome excelente: “tão bom quanto o de Armínio Fraga”, comprometido com os ajustes e os interesses de lucros capitalistas. Tanto é que a Bolsa de Valores de SP subiu 5% com a notícia de sua indicação por Dilma e o dólar se desvalorizou em 2,08%.

Levy já mostrou a que veio: atualmente, na presidência da Bradesco, o banco registrou lucro líquido contábil de R$ 3,875 bilhões no terceiro trimestre de 2014, valor 26,5% superior do mesmo período de 2013.

Ao contrário do que afirmou Dilma na última reunião do G-20, o ajuste já praticado por Levy e seu banco, o Bradesco, se faz demitindo os trabalhadores. Só no Bradesco, segundo maior banco do país, já são mais de 2.460 trabalhadores dispensados nos últimos 12 meses. Essa onda de demissões levou a paralisação dos trabalhadores de unidade do Polo Rio do Bradesco no último dia 11 de novembro.

A equipe ministerial de Dilma, com Levy a frente pelo Ministério da Fazenda, é uma prova de que a máscara “progressista e popular” do PT de Dilma na campanha eleitoral caiu por terra. Muitos pensaram que Dilma não iria seguir os caminhos abertamente neoliberais de Armínio Fraga (indicação de Aécio Neves para ser o seu ministro da Fazenda). Mas ela optou por se alinhar aos “reclames” do mercado para a manutenção de seus lucros frente à crise, para que os trabalhadores paguem pelos ajustes econômicos em prol do “crescimento”.

O “dever de casa” de Levy

A missão de Levy será “conduzir” a política econômica e os ajustes para reforçar o famoso “tripé macroeconômico” - superávit primário das contas públicas, meta de inflação de 4,5% a ser obtida até 2016 e regime de taxas de câmbio flutuantes. Segundo a mídia: “a primeira tarefa de Joaquim Levy no ministério da Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e Alexandre Tombini no Banco Central será viabilizar a política fiscal para 2015”.

A redução da dívida pública uma das metas de Levy para o governo recuperar a “credibilidade” com os investidores internacionais. E será difícil, pois, com a desaceleração do crescimento econômico, a arrecadação de impostos está menor e, ao mesmo tempo, o aumento nas taxas de juros do governo tornam os juros da dívida cada vez mais caros e impagáveis, uma conta que será paga com os cortes de gastos públicos.

Este “ajuste fiscal” já desenhado por Guido Mantega inclui um “pacotão” de ajustes nos gastos públicos, no qual a conta quem paga são os trabalhadores e aposentados. São cortes sociais no acesso ao seguro desemprego, ao abono salarial e pensões por morte que teriam suas regras de recebimento alteradas. Os investimentos públicos serão trocados por concessões (privatizações maquiadas) nos serviços e transportes. Porém, aos empresários, não faltará dinheiro: se prevê maiores incentivos à indústria e as exportações. Ou seja, Dilma já não pode mais esconder os ajustes.

Que os capitalistas paguem pelo ajuste!

A indicação de Levy é só mais uma amostra de como o governo Dilma está comprometido com os lucros dos empresários e dos capitalistas internacionais. Sua preocupação é honrar a dívida externa pagando o impagável em dólares com os juros maiores do mundo. Serão mais de 2% (pela chamada meta de superávit primário) de toda a riqueza do país que irá parar nas mãos dos capitalistas internacionais dos países imperialistas da Europa e EUA.

Porém, os ajustes não passarão “de graça”. Para que se efetivem, terão que passar por cima dos direitos, dos salários e do emprego dos trabalhadores. Por isso, é a luta e a organização dos trabalhadores e do povo pobre, com uma programa combativo, independente dos governos, dos patrões, em luta contra as burocracias sindicais, que poderá, pela luta de classes, ser a resposta dos trabalhadores para que os ajustes sejam descontados nos bolsos dos capitalistas.

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