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Internacional

AMÉRICA LATINA

O movimento operário sul-americano entra em cena

23 Jul 2013   |   comentários

Em 11 de julho grandes jornadas de paralisações e mobilizações moveram o Chile – “modelo neoliberal” – e Brasil – o gigante latino-americano e seu “modelo” progressista. Não conseguiram paralisar ambos países, mas foram um "ensaio de greve geral" e confirmaram a entrada em cena da classe operária sul-americana.

Em 11 de julho grandes jornadas de paralisações e mobilizações moveram o Chile – “modelo neoliberal” – e Brasil – o gigante latino-americano e seu “modelo” progressista. Não conseguiram paralisar ambos países, mas foram um "ensaio de greve geral" e confirmaram a entrada em cena da classe operária sul-americana através de suas forças mais poderosas: ao despertar do proletariado brasileiro, protagonizando a maior ação em mais de 20 anos, soma-se a mais importante mobilização em décadas dos trabalhadores chilenos, que junto a extraordinária luta dos estudantes, vem golpeando duramente o governo direitista de Piñera. Assim, dá um salto à tendência aberta desde a greve de 20 de novembro na Argentina e seguida pela greve da COB que movimentou a Bolívia em maio. Além do mais, os professores uruguaios vêm de duas semanas de greve, e seguem as mobilizações no Peru, onde os governos, os trabalhadores estatais, os médicos da saúde pública e os estudantes universitários resistem os ataques de Ollanta Humala. Este processo regional se liga a uma nova onda das massas a nível internacional. Como vimos na Turquia e no Egito, além do Brasil, não só se desenvolve um amplo fenômeno juvenil, mas também uma crescente intervenção dos trabalhadores, com a resistência operária na Europa e o despertar dos proletariados da China, da Índia e outros países da Ásia Oriental.

A classe trabalhadora do Cone Sul, força social decisiva por seu papel na produção e por seu peso social, dona de uma rica história de lutas e tradições combativas, está começando a comprovar suas forças e colocar-se em pé. Faz isso recorrendo a suas organizações tradicionais, os sindicatos, e recuperando seus métodos de ação: a greve, os piquetes, a mobilização. E o faz, apesar de suas direções burocráticas, em processos de distanciamento e ruptura com governos aos que considerava seus, com ações de alcance nacional que tendem a questionar objetivamente os “modelos” vigentes, e fazem emergir o movimento operário como um ator político de peso, o que coloca a possibilidade de opor uma alternativa de classe à pressão dos setores médios ganhos pela direita, como atrair os fenômenos progressivos da juventude.

Por este caminho, enfrentando a crise e os planos de ajuste dos capitalistas e seus governos (sejam da direita tradicional ou pós-neoliberais), terá frente a si grandes tarefas: unir as fileiras de efetivos, terceirizados e precarizados; superar os limites dos sindicatos, que chegam escassamente aos mais oprimidos e explorados, expulsar a burocracia, dotar-se de uma perspectiva política de classe que lhe permita forjar e encabeçar a aliança operária, camponesa e popular.

É muito bom que já nas primeiras fases, se apresentem dois importantes fenômenos avançados: o desenvolvimento de setores operários, combativos e mobilização juvenil e estudantil. No LVO viemos falando do desenvolvimento do sindicalismo de base na Argentina; do processo de fundação de um Partido de Trabalhadores da COB, impulsionado pelos mineiros de Huanuni, da tendência a unidade operária-estudantil no Chile.

Tudo isto conforma um terreno mais propício para impulsionar as táticas de frente única operária e pela independência política da classe, para avançar no reagrupamento da vanguarda operária e dar passos para sua fusão com o marxismo revolucionário.

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