Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

O movimento estudantil e a greve dos trabalhadores

05 Jul 2006   |   comentários

Enquanto funcionários da USP e UNESP davam um exemplo de mobilização, construindo uma importante greve mesmo sem os professores, no movimento estudantil (ME) infelizmente primou a passividade, diferentemente do ano passado em que uma vanguarda tomou em suas mãos a luta por mais verbas.

Embora não tenha existido uma greve estudantil, como em anos passados, assistimos a um importante avanço na vanguarda em ressaltar a importância dos estudantes se ligarem às lutas dos trabalhadores. A Conlute, através do Movimento A Plenos Pulmões, conjuntamente com o Lado B, cumpriram um importante papel em transformar as palavras de apoio aos funcionários em atos concretos, atuando nos piquetes e defendendo a greve nas assembléias, enquanto infelizmente a Negação se negava a atuar na defesa dos funcionários fazendo campanha contra a campanha por verbas. Já o DCE-USP infelizmente não contribuiu para impulsionar a mobilização, apesar do empenho de alguns diretores. Mesmo sem apoio do DCE e oposição dividida, conseguimos aprovar a greve para potencializar a luta dos funcionários. Na FFLCH, organizamos estudantes e trabalhadores em comitês para se opor aos ataques da reitoria e do governo.

Na UNICAMP não podia se esperar muito com o STU nas mãos do governo. Apesar disso, observamos o mesmo avanço na aliança com os trabalhadores. No Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), o Centro Acadêmico de Ciências Humanas (CACH-CONLUTE) cumpriu um importante papel organizando reuniões junto aos funcionários e se ligando no dia-a-dia aos trabalhadores combativos; rompendo com a idéia de que a unidade se faz somente com ações sindicais conjuntas.

Na UNESP, vimos passos mais sólidos nos campi de Marília e Franca com greves unificadas nos três segmentos. Nos atos, estes estudantes intervinham e traziam faixas colocando a importância dos estudantes tomarem para si as reivindicações dos trabalhadores. Em Franca, uma nova camada de ativistas começa a se organizar tendo como eixo a aliança operário-estudantil.

Em Marília, a participação estudantil foi fundamental para garantir a greve nas assembléias conjuntas, quando a Associação de Docentes local jogava na desmobilização. Nesta assembléia, enquanto os funcionários votavam consensualmente manter a greve, os professores votavam acabá-la, ficando a decisão para os estudantes que deram um exemplo de unidade com os trabalhadores mantendo a greve.

Atuamos desde o Centro Acadêmico de Ciências Sociais (CACS-Marília) demonstrando como uma entidade pode ser uma ferramenta para alavancar a unidade com os trabalhadores e um setor dos professores. Enquanto alguns professores, com a velha estratégia de separar as lutas e cada um lutar por seu peixe, colocavam que os estudantes deveriam apoiar os funcionários com “abaixo-assinados” e que suas pautas eram outras, o CACS publicava em seus boletins: “somos radicalmente contra essa idéia de apoio formal de ”˜abaixo assinado”™, defendemos o apoio ativo, tomando para nós todas as lutas que não são somente de um ou outro segmento. Pelo contrário, a luta chamada de ”˜pauta específica”™ dos funcionários [...], bem como a ”˜pauta específica”™ dos estudantes [...] é a mesma luta, em defesa da Educação Pública e contra os planos de precarização do trabalho e privatização aplicados por nossos governos e reitorias a mando do FMI e deve ser não somente dos três segmentos, mas de toda a sociedade” .

Nesta greve, entre os estudantes, a Conlute foi o único setor que concretizou a aliança com os trabalhadores, como o CACH, CACS e os Movimentos A Plenos Pulmões e Lado B. Porém, a Conlute não pode se contentar com este balanço positivo. Temos pela frente a tarefa de unir nossas forças para superar as direções políticas que não questionam a política do Fórum das Seis de separar a luta política da luta económica, como os DCE”™s da USP e UNICAMP (aliás, alguém o viu?), dirigidos pelo PSOL.

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