Quinta 28 de Março de 2024

Juventude

UNESP

O movimento estudantil da Unesp realiza um grande ato contra a reforma universitária tucana, arranca negociação da reitoria e chama unidade para combater os ataques

02 Nov 2010   |   comentários

por Daniel Bocalini, Evandro “Harry”, Larissa Magrin, Rene e Pedro – membros do Diretório Central de Estudantes da Unesp-Fatec e da LER-QI

O movimento estudantil da Unesp vem sendo parte da linha de frente da resistência nas estaduais paulistas contra a reforma universitária tucana que vem sendo implementada há alguns anos, apesar de que com nossas lutas impusemos derrotas parciais a este projeto e obtivemos algumas conquistas. Na histórica luta de 2007, impulsionamos 12 ocupações de diretorias na Unesp. Em 2009, a partir de Marília (junto ao IFCH em Campinas) nos mobilizamos contra a Univesp e a repressão, antes mesmo da invasão da PM na USP que desatou uma mobilização mais ampla. Neste ano, o movimento de Marília organizou uma greve com ocupação em apoio aos trabalhadores das estaduais paulistas e contra a terceirização do restaurante universitário, que conseguimos barrar.

Há um mês, realizamos o Congresso de Estudantes da Unesp e Fatec (CEUF), onde articulamos a luta contra a precarização das condições de estudo e pela permanência estudantil [1]. Foram organizadas mobilizações e assembléias por campus que culminaram num grande ato no dia 15/10 na reitoria da Unesp, onde conseguimos arrancar uma negociação em novembro. O ato contou com a presença de mais de 150 estudantes de São Vicente, Botucatu, Bauru, Franca, Rio Claro, Rio Preto, Ourinhos, Araraquara, Marília e de outros campus, além de uma delegação do Sintusp e de estudantes da USP e Unicamp, representada principalmente pelos militantes da LER-QI, e de um pequeno grupo de estudantes do PSTU e do PCO. Paramos a rua de frente da reitoria da Unesp e respondemos a truculência da polícia cantando ofensivamente contra a repressão. A população manifestou ativamente seu apoio ao ato e contra a repressão, numa demonstração de que se o movimento estudantil supera seu corporativismo é possível conquistar apoio fora da universidade.

É urgente colocar de pé uma frente única para combater a reforma universitária tucana e a repressão

Este ato ganha uma importância superior no marco dos ataques que Rodas está implementando na USP, que são parte dessa reforma universitária que, na Unesp, se expressa na precarização, na Univesp e no Plano de Desenvolvimento Institucional [2] imposto burocraticamente pelo reitor Herman em 2008. O mais importante é que o movimento estudantil da Unesp avançou na consciência de que cada um dos problemas locais – falta de moradia, bandeijão, professores, etc - são expressões desta reforma que quer impor o governo tucano e a burocracia acadêmica, que atua de maneira unificada via o Conselho de Reitores e agora estão concentrando sua ofensiva na USP, com ataques que pretendem fazer no conjunto das estaduais paulistas, visando colocar a universidade a serviço dos interesses dos capitalistas e da burocracia acadêmica.

Nenhum setor pode enfrentar sozinhos os ataques em curso, muito menos se tem como objetivo partir de barrar os ataques para passar à ofensiva na luta pela construção de uma nova universidade (estadual e nacionalmente), que não seja elitista e racista e sim a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Por isso, estamos tomando iniciativas para unificar a luta com outros setores. Nesse sentido, votamos no CEUF a reorganização do DCE da Unesp-Fatec para contribuir num patamar superior na resistência das estaduais paulistas, para a qual precisamos construir uma unidade na ação que até agora o PSOL vem se negando sistematicamente como direção dos DCE´s da USP e Unicamp. Queremos insistir no chamado a unificar nossas forças para combater os ataques, rompendo a paralisia hoje existente e o descolamento que hoje, setores como o PSOL e o PSTU, impõe da participação nas eleições estudantis com a luta contra a reforma universitária.

A Unesp entra na ANEL para lutar por um novo programa, novos métodos e uma nova prática política

O CEUF foi o primeiro Congresso estudantil em São Paulo a votar a construção da ANEL. Acreditamos que este é um passo importantíssimo para ligá-la mais organicamente à base dos estudantes, única via de construir uma verdadeira alternativa.

A partir do bloco ANEL ÀS RUAS, composto por militantes da LER-QI e independentes, que em menos de dois meses já organiza na base mais de 200 estudantes, estamos travando uma batalha para que a ANEL se construa como uma coordenação efetiva das lutas. Nesse sentido, construímos na base a assembléia estadual da ANEL SP que foi votada na última assembléia para o dia 16 de outubro [3]. No entanto, o PSTU, unilateralmente, se negou a construir a assembléia e impôs a sua não realização, mesmo com a Unesp tendo organizado a partir do CEUF mais de 100 estudantes para estarem presentes na ANEL-SP, ignorando também a manifestação favorável da ampla maioria das entidades que constroem a ANEL em SP para além da Unesp (CACH e DA FAFIL da Fundação Santo André). Trata-se de uma lógica burocrática que é necessário superar para construir uma organização de frente única. Não é porque o PSTU é a organização majoritária nacionalmente que pode impor a dinâmica que quer na ANEL, particularmente em São Paulo que não é como nos outros estados onde é a corrente amplamente majoritária.

Os ataques que estão colocados exigem uma resposta rápida e unificada da ANEL para fortalecer a entidade neste processo. Nesse sentido, nos parece absurdo o PSTU chamar a unidade apenas com o PSOL e sem programa, como fez no Seminário de Uberlândia, e que adote uma posição tão sectária justamente com os que estão colocando todos seus esforços na construção da ANEL, como se expressa na negativa em construir a assembléia da ANEL-SP e no texto que diz: “Seguiremos lutando por uma entidade unificada de toda a esquerda. Até que isso se dê, combateremos o sectarismo e todo tipo de impaciência – inclusive no interior da ANEL [4] . Como dizemos no material que levamos neste seminário [5], queremos sim a unidade, mas do movimento estudantil combativo com um programa que seja capaz de responder aos ataques.

Diante desse cenário, os estudantes da Unesp estamos organizando mais um ato em frente a nossa reitoria, no dia da negociação marcada para novembro, não somente para demonstrarmos nossas forças e arrancar conquistas da reitoria sobre nossas pautas, mas com o intuito de convocar também os demais estudantes, trabalhadores e professores combativos das públicas a nos levantarmos desde já e barrarmos definitivamente a reforma tucana em curso. Chamamos também para o mesmo final de semana desse novo ato que construiremos uma próxima Assembléia da Anel-SP, já que o PSTU inviabilizou a realização da mesma na data anteriormente tirada, para que assim possamos compartilhar com os estudantes combativos das demais universidades esse inédito processo de mobilização que passamos na Unesp, em pleno segundo semestre, e assim articularmos mais organicamente o desenvolvimento das lutas que devemos travar estadualmente, fazendo assim da Anel uma entidade de peso nas lutas.

[1A Unesp é a mais precária das três estaduais e onde há mais filhos de trabalhadores que precisam da política de permanência estudantil para estudar depois de terem passado pelo reacionário filtro do vestibular

[2Plano que na prática, assim como a proposta de Rodas, flexibiliza a universidade de modo que essa possa atender mais rápida e precisamente às demandas do mercado na formação de profissionais ou no desenvolvimento de pesquisas, fechando e criando novos cursos de acordo com as necessidades das grandes empresas capitalistas

[3Veja o debate ao redor dessa questão no blog: anelasruas.wordpress.com/

[4Seminário de Uberlândia demonstra que a reorganização do movimento estudantil é uma realidade – Jorge Badauí - 14/10/2010 – www.pstu.org

[5Ler no blog: anelasruas.wordpress.com/

Artigos relacionados: Juventude , Marília









  • Não há comentários para este artigo