Terça 16 de Abril de 2024

Nacional

CAOS NO METRÔ DE SÃO PAULO

O governo corrupto não pode garantir transporte de qualidade, estatizemos já sob gestão dos trabalhadores e controle dos usuários!

07 Feb 2014   |   comentários

Mas dia 4 de fevereiro foi um dia em que a situação ficou mais grave. Durante a tarde, a linha 4 amarela, privatizada, teve uma pane elétrica que paralisou a linha por mais de uma hora.

O metrô de São Paulo já é um sufoco todos os dias. Este é o resultado da gerência do governo do estado de SP, do PSDB, que como o escândalo de corrupção do cartel mostra como é vinculado por mil laços a empresas como a Siemens, Alstom, CAF, Bombardier, junto às terceirizadas que ganham rios de dinheiro enquanto submetem os trabalhadores a uma enorme superexploração.

Mas dia 4 de fevereiro foi um dia em que a situação ficou mais grave. Durante a tarde, a linha 4 amarela, privatizada, teve uma pane elétrica que paralisou a linha por mais de uma hora. No horário de pico, por volta das 18:00, a situação foi ainda pior, devido a uma falha no trem da frota K. Trata-se justamente da frota K, que em dezembro foi amplamente divulgado pela mídia que teve mais de 700 falhas em um mês. Os trens da frota K, são os trens velhos que foram "modernizados", em mais um dos vários contratos superfaturados com essas mesmas empresas. Ontem mesmo, o promotor estadual Marcelo Milani, responsável pelo processo relacionado a este contrato de "modernização, disse que “Num primeiro momento, se eu considerar o contrato total, tenho uma estimativa de que esse contrato causou prejuízo de R$ 800 milhões”. Esse sobrepreço inclui os dez contratos referentes à reforma, que foram assinados entre 2008 e 2009 e que, no total, chegam a R$ 2,5 bilhões, em valores atualizados. As empresas que realizam o serviço são Alstom, Siemens, Bombardier, Tejofran, Temoinsa, Iesa, MPE e Trans Sistemas. O promotor afirma que o Metrô pagou mais caro pela reforma do que pagaria para comprar trens novos.

Foi justamente essa frota o estopim de um novo dia de caos no metrô, quando o trem teve problema em uma das portas, deixando os usuários num calor insuportável dentro do trem, com inúmeras pessoas passando mal. Isso levou ao acionamento do botão de abertura emergencial das portas, que fez os usuários saírem do trem e encheram os túneis, levando a que a via tivesse que ser desenergizada e levasse a mesma situação de desespero em outros 6 trens, paralisando todo o trecho da Zona Oeste, entre Sé e Barra Funda, durante cerca de 5 horas.

Como se não bastasse os usuários terem que passar por esse sufoco insuportável, tem que escutar o Secretário de Transportes do estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, e o governador Geraldo Alckmin, dizerem que o caos foi provocado por grupos organizados que teriam "orquestrado" o acionamento das portas. Querem desviar o foco para uma investigação que se voltaria contra as "ações de vandalismo", quando deveria estar voltada aos que mandam no metrô, o PSDB e todas essas empresas. A suposta "base" para essa acusação, seria que alguns passageiros cantaram em protesto nas estações "não vai ter copa", como mostra alguns vídeos. Mas é claro que não se trata disso, se trata da mudança do país depois das manifestações de junho: os trabalhadores e a juventude não vão mais aturar a precariedade extrema dos serviços públicos de maneira passiva. Enquanto a população sofre este sufoco terrível, nós metroviários, sofremos com as consequências dele no metrô, esse sim "orquestrado" pelo governo do estado e por essas empresas terceirizadas. Há casos de funcionários que sofrem agressões de usuários revoltados contra o sistema e descarregam nos trabalhadores que não tem nenhuma responsabilidade sobre essa situação.

Não podemos mais ficar nessa situação, é necessário unir os metroviários e usuários para dar uma saída para a crise dos transportes. Precisamos, por um lado, aprofundar a luta pelas nossas demandas estruturais, como forma de reduzir minimamente esse enorme peso com o qual somos obrigados a arcar, graças a corrupção e ganância dos governos. Precisamos colocar como pautas centrais em nossa campanha salarial o aumento expressivo do quadro operativo, o pagamento da periculosidade para todos, a diminuição da jornada de trabalho sem diminuição do salário e a interdição e auditoria pública nos trens reformados, conduzida pelo nosso sindicato, para verificar se eles possuem condições de rodar no sistema. Por outro lado, precisamos construir uma verdadeira unidade com a população, não somente para termos mais força em nossas lutas com a Companhia, mas sim para buscarmos em conjunto uma saída para a crise dos transportes públicos, que se abriu com as manifestações de junho, mas não foi resolvida. Nós metroviários devemos nos preparar para tomar medidas duras junto à população para mudar essa situação, não somente com uma campanha de coletes e adesivos contra a corrupção e o caos do transporte, mas também organizando para paralisações, manifestações e retomando o método de liberação de catracas.

O Sindicato dos Metroviários precisa aproveitar o imenso espaço aberto pela indignação da população com essa crise para não só denunciar os verdadeiros responsáveis pelo caos do transporte, mas para chamar a unidade entre os trabalhadores do transporte e a população, convocando urgentemente um Encontro aberto para debater uma saída para essa crise que só pode se dar em enfrentamento com os governos e as empresas que hoje dominam os transportes. Um encontro como esse, que convocasse movimentos sociais como o Movimento Passe Livre, movimentos de juventude, sindicatos e oposições sindicais, poderia concentrar a força necessária para adotar medidas de protesto que obrigassem a implementação de um plano de emergência em relação aos transportes, exigindo demissão e punição aos corruptos, confisco de seus bens para maior investimento na expansão pública e de qualidade dos transportes e redução da tarifa. Mas esse encontro poderia apontar a única saída que pode resolver a situação: estatizar os transportes, com gestão dos trabalhadores e controle dos usuários. É necessário estatizar a linha 4 Amarela e os ônibus que foram privatizados. Mas estatizar somente não basta, pois o Metrô é estatal e os corruptos já mostraram que o Metrô nas mãos deles é assim: caos, panes, superfaturamento! Somos nós que podemos gerir e controlar o Metrô para colocá-lo a serviço dos interesses da população. Nessa perspectiva, será necessário adotar medidas contundentes de luta, como estão dando exemplo os rodoviários de Porto Alegre em greve há 10 dias, que agora sofrem ameaça de corte de ponto, mas que estão ganhando um apoio importante da população.

Da copa abrimos mão, pela estatização dos transportes, com gestão dos trabalhadores e controle dos usuários!

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