Sábado 20 de Abril de 2024

Internacional

"O estratégico para quebrar o poder dos capitalistas é construir uma grande força militante"

08 Dec 2014 | Outro dos discursos destacados da jornada esteve a cargo de Christian "Chipi" Castillo, deputado da província de Buenos Aires pelo PTS-FIT. Subiu acompanhado de dirigentes da província, enquanto a tribuna cantava: "Deputado, dos trabalhadores / agora que a crise, a paguem os patrões". Abaixo, os principais pontos do discurso de Castillo.   |   comentários

Leon Trotski afirmou que "A hora do desaparecimento dos programas nacionais soou definitivamente em 4 de agosto de 1914", com o início da Primeira Guerra Mundial. Colocava que "O partido revolucionário do proletariado não pode se basear senão que em um programa internacional que corresponda ao caráter da época atual, a de máximo desenvolvimento e degradação do (...)

Leon Trotski afirmou que "A hora do desaparecimento dos programas nacionais soou definitivamente em 4 de agosto de 1914", com o início da Primeira Guerra Mundial. Colocava que "O partido revolucionário do proletariado não pode se basear senão que em um programa internacional que corresponda ao caráter da época atual, a de máximo desenvolvimento e degradação do capitalismo". Muitos dos que estão aqui presentes talvez conheçam a nosso partido por nossa intervenção, enfrentando às patronais, à burocracia sindical e ao governo, como em LEAR, Donnelley, ou tantos outros conflitos. Ou pela luta pelos direitos das mulheres. Ou por organizar um movimento estudantil militante que lute junto aos trabalhadores. Ou pelas denúncias contra o "gatilho fácil" da polícia e a repressão do governo. Mas talvez conheçam menos que somos parte de uma tendência internacional que luta pelo mesmo em vários países. Como os companheiros da Liga Estratégia Revolucionária do Brasil, que foram protagonistas das greves dos metroviários de São Paulo, dos garis do Rio de Janeiro e da grade greve vitoriosa de 116 dias dos trabalhadores da Universidade de São Paulo. Como os companheiros do Partido dos Trabalhadores Revolucionários do Chile, que foram protagonistas relevantes da luta do movimento estudantil chileno, os primeiros a colocar a demanda de educação gratuita que depois se generalizou, e hoje intervêm ativamente nas lutas dos portuários, dos mineiros do cobre e de outros setores que se reorganizam sindicalmente, enquanto o Partido Comunista aprofundou sua colaboração de classes com a burguesia integrando-se ao governo da Concertación. Como os companheiros do Movimento dos Trabalhadores Socialistas do México, que acabam de conseguir sua inscrição como Agrupação Política Nacional e hoje são parte desta grande luta pela aparição com vida dos 43 estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa.

Na Europa, hoje um dos epicentros da crise capitalista internacional, conhecida como "a grande recessão" - com crises ou diretamente queda dos partidos tradicionais que levaram à polarizações entre partidos de extrema direita, xenófobos como a Frente Nacional francesa, ou inclusive fascistizantes como o Aurora Dourada na Grécia, e novas variantes reformistas que emergem à esquerda de uma socialdemocracia que no poder recorrem às mesma receitas que os conservadores - estão nossos companheiros da Corrente Comunista Revolucionária, que na França batalham no seio do Novo Partido Anticapitalista para dotar este de uma direção operária e revolucionária. Batalha que estão dando em comum com os companheiros da corrente Anticapitalismo e Revolução, que provêm de uma tradição diferente à nossa, a do Secretariado Unificado, mas com os quais estamos nos coordenando na Europa para uma luta comum contra as novas variantes reformistas que estão surgindo produto da crise, como no Estado Espanhol onde estamos discutindo como enfrentar em comum a política da direção do PODEMOS, que busca levar a raiva contra os partidos do regime, o Partido Popular e o PSOE, para um fraco reformismo. (...)
Os 85 mais ricos do mundo tem a mesma renda que 3 bilhões de pessoas. Não é só a desigualdade. Com a crise exacerbou-se as guerras reacionárias, ou a perseguição contra os imigrantes. Assassinam aos opositores sem juízo, se negam os direitos aos povos oprimidos.

Viva a luta Palestina!

Para 2015 o panorama é pior. Estão caindo os preços das matérias primas. Os países que acreditavam que tinham se livrado da crise hoje são golpeados.
A crise trouxe aos trabalhadores mais precarização, mais desemprego, mais pobreza, a perda da moradia, como expressam 400 mil execuções imobiliárias desde 2008 até hoje, somente no Estado Espanhol.

É certo que durante esses anos de crise vimos também importantes movimentos de protesto e resistência, como os levantamentos no norte da África e no Oriente Médio, ou os movimentos dos indignados no Estado Espanhol e outros países. Na Grécia ocorreram 32 greves gerais entre 2008 e 2012, e uma na semana passada. Mas o certo é que todos estes protestos foram impotentes para frear os ataques do capital e, em alguns casos, retrocederam as conquistas, como no Egito, onde temos no poder os mesmos militares que sustentavam Mubarak, que foi absolvido por seus crimes e foi deixado em liberdade.

Por isso uma grande lição destes processos é que por mais imponentes que pareçam as ações de massas como as que aconteceram na Praça Tahrir no Cairo, se o movimento operário não se envolve com um papel dirigente e não se avança da luta contra os regimes políticos e seus governos para uma luta pelo poder dos trabalhadores, toda mudança será episódica e pode ser reabsorvida pelas classes dominantes.

O discurso do kirchnerismo, que utiliza a crise mundial para mostrar a Argentina e a América Latina como um paraíso é uma impostura. Dez anos de investimentos extraordinários pelos altos preços das matérias primas, onde as empresas imperialistas e os capitalistas locais ganharam fortunas, e estes governos apenas podem exibir uma leve queda nos índices de pobreza, assim como faziam os neoliberais durantes seus anos de auge. Nossa região segue submetida ao domínio do capital financeiro e de seus sócios locais. Dezenas de bilhões de dólares são pagos todos os anos, em caráter de dívida externa, pelos governos latino-americanos aos abutres internacionais.

Nem um hectare dos latifundiários, que ganharam cifras multimilionárias com a soja, foi expropriado. O capital imperialista segue com o controle das indústrias estratégicas da região. O trabalho precário é generalizado. Milhões de trabalhadores e pobres seguem vivendo amontoados em moradias ultra precárias sem serviços mínimos em favelas, populações ou vilas de emergência e assentamentos. (...)
Os que estamos aqui somos parte de uma grande tradição histórica que está resumida na definição de Marx de que "a libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores". Nossa classe se forjou em grandes atos revolucionários. Como as barricadas de Paris em Junho de 1848, onde a classe operária aprendeu que sua libertação social não se daria lutando junto à burguesia, senão que contra ela, onde se engrenou o objetivo da "ditadura do proletariado" durante cinco dias de combate a sangue e fogo contra as forças repressivas da burguesia republicana e todo o partido da ordem. Que se nutre da luta e lições da Comuna de Paris de março de 1871, os setenta e três dias onde os operários parisienses "tomaram o céu por assalto" antes de serem afogados em sangue, em um massacre que levou trinta mil dos melhores filhos da classe operária, inclusive mulheres e crianças que combateram até o final. Uma tradição continuada já no século XX pela revolução russa. Em 1917, a primeira vez que operários e camponeses, dirigidos por Lenin, Trotski e o partido bolchevique, conseguiram o poder em todo o estado e que conseguiu resistir a invasão de 14 exércitos imperialistas. Uma tradição forjada também em grandes revoluções expropriadas, como a alemã de 1918, ou a revolução boliviana de 1952, onde a classe operária com os mineiros à cabeça derrotou ao exército e formaram milícias, mas em vez de tomar o poder o entregaram ao nacionalismo burguês encarnado no Movimento Nacionalista Revolucionário. Uma tradição forjada nos cordões industriais da revolução chilena. Uma tradição de luta à que também aportou a classe operária Argentina, com a greve geral de janeiro de 1919, violentamente reprimida durante a Semana Trágica, a grande greve da construção de 1936, a resistência à "fuziladora" de Rojas e Aramburu e os gorilas, o Cordobazo, os Rosariazos, Tucumanazos ou as jornadas de junho e julho de 1975 contra o Plano Rodrigo do governo de Isabel e López Rega, durante o ascenso dos 70’s. (...)

Somos revolucionários porque somos realistas, porque sabemos que somente mediante a mobilização e organização de centenas de milhares e milhões vamos poder arrebatar o poder da burguesia. No século XX, vimos revoluções, começando pela russa, onde os trabalhadores e camponeses derrotaram o poder dos latifundiários e dos capitalistas, e começaram a construção do socialismo.
Mas também vimos que se essas revoluções se burocratizam e se se abandona a perspectiva da luta pela revolução socialista internacional, as conquistas das grandes revoluções começam a se perder e as burocracias buscam se transformar a si mesmas em capitalistas, permitindo a sobrevida do imperialismo.

Por isso a tradição que defendemos é também da luta incessante contra as burocracias surgidas das organizações da própria classe operária, que foram e são fundamentais para manter a dominação capitalista e do imperialismo. Como as burocracias que controlam os sindicatos e atuam como verdadeiras polícias nas fábricas a serviço das patronais, como vimos com o SMATA em LEAR e em Gestamp. Ou como as que se fizeram do poder na União Soviética na mão de Stalin e foi enfrentada teórica e praticamente, com a própria vida, por Leon Trotski e seus companheiros de luta. Se hoje podemos sustentar que o marxismo é uma alternativa frente à barbárie capitalista é porque houve heroicos lutadores que o mantiveram vivo frente ao abandono de suas bandeiras que fez o stalinismo. (...)

Como dizíamos no começo, nosso partido luta pela reconstrução de um Partido Mundial da Revolução Social, a IV Internacional. A edição de livros do IPS-CEIP, a publicação de uma revista de debate teórico-político junto a companheiros intelectuais da FIT como Ideas de Izquierda, a inauguração do diário La Izquierda Diario, o primeiro diário digital da esquerda na Argentina e na América Latina, que já conquistou uma média de 500 mil visitações mensais, não só contra as corporações do Clarín e La Nacion, mas também às corporações "nacionais e populares". Queremos melhorar estes meios e por isso pedimos a todos os companheiros e companheiras aqui presentes que colaborem com a Campanha Financeira que faremos.

Batalhamos em todos os sindicatos. Comigo estão companheiros que recuperaram os SUTEBAs, que enfrentaram as demissões como em Shell e em Honda. Apresentei projetos em apoio a estas lutas, a expropriação de Donnelley e agora temos que mobilizar para que os senadores votem a expropriação.

Os postos no parlamento não são mais que lugares de luta. O demonstramos cada dia, na via Panamericana, contra Berni que teve que tirar a sua Gendarmería.
Batalhamos no terreno eleitoral mediante a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, que defende a independência política dos trabalhadores contra os candidatos capitalistas e que permitiu à esquerda operária e socialista deste país emergir com uma alternativa frente o desencanto dos trabalhadores e da juventude com o kirchnerismo e outras variantes patronais, inclusive centro-esquerdistas. (...)
O estratégico para quebro o poder dos capitalistas é construir uma grande força militante, presente nas fábricas, escolas, empresas e universidades.

Queremos colocar de pé esta força, com dezenas de milhares de militantes, e poder chegar à conquista do poder político dos trabalhadores. Para isso nos preparamos, esse será o preâmbulo para a sociedade comunista.

Os chamamos a tomar em suas mãos a construção dessa organização. Este ato mostra como avançamos na estrutura, não há fusão real sem intervir em cada luta dos trabalhadores, enfrentando as patronais, os governo e a burocracia.

Estamos orgulhosos, mas somos uma pequena minoria. Para enfrentar o consenso direitista, para resistir ao ataque, para que da crise capitalista possa sair uma grande organização revolucionária, necessitamos do aporte de todos vocês. Os convidamos a somar forças, para construir um partido revolucionário, internacionalista e de combate.

Para ver a intervenção, clique aqui

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