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Universidade

O desmonte do Hospital Universitário da USP

04 Mar 2015   |   comentários

Os leitos da clínica cirúrgica, UTI, semi-intensivo e pediatria já sofreram redução. O hospital, que poderia ampliar seu atendimento, mantem parte da sua estrutura, que está pronta para o uso, fechada, ao invés de contratar mais funcionários e ampliar o atendimento à população.

O Hospital Universitário da USP (HU), é o principal hospital de referência do Zona Oeste. Esta região, carente de diversos serviços, inclusive médicos, tem nesse hospital o principal ponto de atendimento da demanda por saúde de qualidade.

Enquanto a demanda por saúde cresce, para se ter uma ideia, só no Centro Saúde Escola Butantã, a fila para realizar o exame de papanicolau – que previne o câncer de colo de útero entre outras doenças – chega a centenas de mulheres, hospitais, como o PS Bandeirantes, e leitos estão sendo fechados na região. Além disso, as UBSs são insuficientes para atender a população. O déficit de UBSs já passa de uma dezena, sem que providências efetivas sejam tomadas por parte dos governantes.

O desmonte da Universidade através do desmonte do HU

O Programa de Incentivo à Demissão Voluntária, o PIDV, é uma forma de atacar nossos empregos e precarizar os serviços da Universidade já que significa a extinção de 1400 postos de trabalho na Universidade. Só no HU são mais de 200! O resultado dessa política é o avanço da precarização da saúde.

A reitoria da USP ao implementar este plano e não repor as vagas, nem tampouco contratar mais funcionários onde a demanda o exige, escancara seu projeto de desmonte da Universidade. Como resposta a ausência de funcionários, manda fechar o atendimento ambulatorial – ortopedia, oftalmologia e ginecologia.

O serviço de higienização especializado, SHE, responsável pela esterilização do ambiente hospitalar, e seu trabalho é fundamental para conter contaminações por bactérias, por exemplo, é o próximo alvo. O fechamento desse setor e a terceirização da higienização no HU, que já ocorre hoje, vai além. O trabalhador precarizado da empresa terceirizada, tem uma sobrecarga imensa de trabalho, pois realiza sozinho o trabalho que deveria ser realizado por dois ou três funcionários, o que também coloca em risco o hospital no caso de uma higienização feita às pressas A chance de bactérias super-resistentes se proliferarem e contaminarem o hospital é imensamente maior com a precarização do serviço de limpeza.

O atendimento do pronto-socorro também sofre com os ataques a USP. Em linhas gerais: se você não está a “beira da morte”, ou seja, sua condição não é de gravidade extrema, será encaminhado a uma UBS. Vale lembrar que, além de não atenderem a demanda da região, as UBSs estão com horários reduzidos devido à falta de água e de funcionários. O paciente, já fragilizado pela condição de saúde, não tem atendimento garantido, nem tem garantido que sua condição não é grave e que não corre risco algum.

O setor de nutrição é mais um alvo. As refeições que eram servidas para funcionários, médicos, pacientes e acompanhantes, passaram a serem servidas somente para pacientes e acompanhantes. A ceia da noite foi cortada.

Os leitos da clínica cirúrgica, UTI, semi-intensivo e pediatria já sofreram redução. O hospital, que poderia ampliar seu atendimento, mantem parte da sua estrutura, que está pronta para o uso, fechada, ao invés de contratar mais funcionários e ampliar o atendimento à população.

Plano de lutas

A reitoria da USP, diante da falta de funcionários gerada por ela mesma, responde com o fechamento de atendimento à população. Isso é mais uma atitude criminosa desse reitor que já tanto atacou a educação na universidade, outro direito básico da população. Não podemos permitir que o HU, que conta com uma estrutura capaz de atender mais pacientes do que vem atendendo agora, seja sucateado e a saúde do trabalhador e da população seja negligenciada mais uma vez!

No último ano os trabalhadores do Hospital Universitário foram protagonistas de uma histórica greve, que com a força da mobilização conseguiu impedir a desvinculação do Hospital, numa luta conjunta com estudantes, médicos e trabalhadores de toda a USP. Foi criada, naquele momento, por decisão do Conselho Universitário uma Comissão que ficaria responsável por debater, supostamente de forma democrática, a proposta de desvinculação. A verdade é que enquanto isso se avança em passos largos no desmonte do Hospital Universitário por dentro, como denunciamos neste artigo.

Como tarefa primeira, cabe aos trabalhadores lutar contra os efeitos do PIDV, exigindo a reposição imediata dos postos de trabalho perdidos, bem como a contratação de mais funcionários para que não haja sobrecarga de trabalho nem precarização dos serviços de atendimento à saúde da população. Tampouco a resposta a falta de funcionários deve ser o avanço da terceirização, ou seja, a precarização do trabalho não é resposta!

A luta contra o desmonte da Universidade, passa pela luta contra o desmonte do HU. Não podemos permitir que a educação e a saúde sejam usadas pelos governos e reitoria, para pagar pela crise econômica. É fundamental organizar um plano de luta, junto com os trabalhadores e estudantes de toda a universidade, mas buscando também a aliança com a população que está sendo prejudicada.

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