Sexta 29 de Março de 2024

Internacional

Eleições na Argentina

O PTS e os resultados das eleições presidenciais

09 Nov 2007 | Baseado em extratos do artigo escrito pelo Partido de Trabalhadores pelo Socialismo (PTS)   |   comentários

Com a vitória de Cristina Fernández de Kirchner, com quase 45% dos votos, votou-se pela continuidade da política do governo de Kirchner.
Enquanto os trabalhadores e grandes setores do povo pobre votaram com a ilusão de manter certa estabilidade económica, amplos setores das classes médias votaram em Carrió da Afirmación para una Republica Igualitaria (ARI), dando menos importância à recuperação económica, criticando os aspectos mais “autoritários” da gestão kirchnerista e buscando uma maior “normalidade institucional” .

Neste marco foram mal nas eleições os candidatos da direita que fizeram alarde da repressão (Sobisch, Patti, Blumberg). O mesmo aconteceu com o repudiado ex-ministro da economia Ricardo López Murphy, que não conseguiu sequer ser eleito deputado pela província de Buenos Aires.

O que esta eleição deixa claro é que baseado num ciclo excepcional de crescimento económico da economia internacional, a classe dominante tem conseguido superar o trauma que ela mesma tinha provocado com a maior alta de desemprego e o confisco das poupanças das classes médias em 2001. Tanto Cristina Kirchner como Carrió têm a ilusão de que o crescimento argentino será de longo prazo. Mas vê-se que existem grandes nuvens sobre a economia norte-americana e da economia internacional, as quais a Argentina não poderá escapar. Se a recuperação económica não conseguiu incorporar 43% da classe trabalhadora que está em péssimas condições, o panorama que se avizinha será muito pior. A dívida externa continua drenando recursos da economia nacional. A inflação segue comendo os bolsos do povo trabalhador. O casal Kirchner é totalmente consciente de que esta situação provoca uma tendência ao aumento das reivindicações dos trabalhadores. Por isso sua proposta é fazer um Pacto Social com os empresários, e com todas as alas da podre burocracia sindical para impedir a emergência do movimento operário.

A esquerda nas eleições

Desde 2004, vemos vários conflitos impulsionados por delegados de base e comissões internas combativas que tentam superar as direções burocráticas, as pautas salariais do governo e as enormes travas à organização sindical nos locais de trabalho. É na perspectiva do desenvolvimento destes processos que devemos analisar os desafios da esquerda.

Nas eleições em que toda “discussão” política se rege pelo monopólio dos grandes meios de difusão capitalistas a esquerda obteve um resultado enxuto. A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores pelo Socialismo (FITS), encabeçada pelo PTS, obteve mais de 95.000 votos. O PO (Partido Operário), quase 115.000. Lamentavelmente, a negativa do PO a se integrar neste importante reagrupamento da esquerda classista impediu constituir um pólo que tivesse partido de 200.000 votos, não somente frente aos partidos burgueses, mas também frente às falsas variantes de esquerda como Pino Solanas, quem foi fundador da FrePaSo (Frente País Solidário) que por seu caráter de classe e sua política não pode ser alternativa para os trabalhadores.

Também se pode comprovar a desastrosa política do MST (Movimento Socialista dos Trabalhadores), que dialogou com Solanas e acabou apresentando uma candidatura com um programa e uma política ambíguos, resultando em uma enorme perda em relação aos votos previstos para este partido.

A Frente de Esquerda e dos Trabalhadores pelo Socialismo

Nesta campanha eleitoral, nossa maior conquista foi difundir a necessidade da independência política dos trabalhadores para levantar um programa operário anti-capitalista. Agora, se trata de participar nas lutas operárias, estudantis e do conjunto do povo, impulsionando o reagrupamento da esquerda que se reivindica classista com a clara perspectiva política de sentar as bases da construção de um grande partido da classe trabalhadora.

A FITS ganhou o apoio de outras correntes de esquerda como o FOS, organização argentina irmã do PSTU. Diferentemente da Frente de Esquerda que ano passado unificou o PSTU foi a reboque do PSOL nas eleições brasileiras levando à frente um programa eclético marcado por demandas típicas de setores não monopólicos da burguesia, a FITS da qual fez parte o FOS na Argentina levantou um programa claramente classista.

Ainda que hoje todo o enorme aparato midiático tenta nos convencer de que as variantes burguesas são fortíssimas e inatingíveis. Devemos nos esforçar para explicar para os trabalhadores conscientes e aos estudantes de esquerda, aos lutadores combativos contra a impunidade dos genocidas e pelos direitos da mulher, de que toda sua atividade será favorecida pela desilusão que provocaram nas grandes massas as políticas empresariais de Cristina Kirchner, e que deveremos nos preparar para maiores convulsões quando a crise capitalista internacional inicial complicar o clima relativamente tranqüilo que tem tido as classes dominantes nos últimos anos na Argentina. Essa é a nossa aposta e, agradecendo os quase 100.000 companheiros e companheiras que votaram na FITS, os convocamos a participar ativamente com esta política e esta perspectiva.

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O Partido de los Trabajadores Socialistas (PTS) é a organização irmã da LER-QI na Argentina, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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