Sábado 20 de Abril de 2024

Debates

O PSTU continua procurando uma "esquerda combativa" na CUT

11 May 2003   |   comentários

A direção do PSTU há muito tempo procura todas as formas para atrair a “esquerda petista” e a “esquerda da CUT” (que, tirando o PCdoB, são quase a mesma coisa). Essa estratégia para “cooptar” essa “esquerda” tem levado o PSTU a capitular cada vez mais às pressões dos aparatos sindicais em nome de uma falsa “unidade da esquerda” e das entidades “combativas e classistas” . Em seus jornais a direção do PSTU vem clamando pela formação de um “bloco de esquerda” na CUT para “impedir que a nossa Central se torne governista, chapa branca” . Ou seja, pretendem fazer crer que a “esquerda da CUT” , com sua estratégia utópica e reacionária de pressionar e corrigir as políticas do governo de frente popular preventiva, seria capaz de formar um bloco principista pela defesa de uma CUT “classista e combativa” . Ora, a própria “esquerda da CUT” critica a direção do PSTU por que esta “condena o governo” quando deveria “apoiar e pressionar” o governo Lula-Alencar. Está claro, pelas palavras dos dirigentes da “esquerda da CUT” , que o “bloco de esquerda” que a direção do PSTU pretende a todo custo só pode existir com a estratégia da “esquerda da CUT” . A direção do PSTU esconde o real papel e caráter dessa “esquerda da CUT” , majoritariamente “esquerda do PT” , que tem sido o fator de engano para que os trabalhadores e a vanguarda acreditem que o PT é um “partido dos trabalhadores” e que o governo Lula-Alencar é “uma vitória da classe” que deve ser defendido (não condenado) e “disputado” para que se “corrija” seus rumos.

Essa “esquerda” é a mesma que tem governado estados e cidades gerenciando o capitalismo e os planos imperialistas, como vimos em Belém (Força Socialista), em Porto Alegre (DS) e em tantos municípios em que governam contra os trabalhadores e em defesa da “lei e da ordem” capitalista. Nos sindicatos essa mesma “esquerda da CUT” tem servido para sustentar as estratégias de pactos e negociações da CUT e do PT em todos os âmbitos, aparecendo com discursos de “esquerda” para conquistar votos em eleições e congressos. A direção do PSTU não pode mais esconder a realidade: a “esquerda da CUT e do PT” não podem (porque são reformistas e pró-burguesas) estar à frente da luta pela independência de classes e, por isso, só irão constituir “blocos” quando for do interesse para suas lutas por cargos e aparatos na CUT. O Congresso de São Paulo mostrou isso, quando o PSTU (MTS) teve que fazer chapa sozinho, sem a “esquerda” que preferiu ficar livre para “defender seu governo” e sua estratégia. Mais uma vez ficou claro que esses Congressos se tornaram palcos de disputas de correntes políticas por cargos no aparato da Central, deixando de lado toda discussão efetiva sobre a vida real dos trabalhadores: as importantes greves e mobilizações dos metalúrgicos em vários estados pela reposição das perdas salariais e indexação dos salários ao custo de vida que ocorre nesses dias não foi a pauta central para exigir e garantir um amplo movimento de apoio e solidariedade para organizar mais fábricas e sindicatos numa luta séria contra as demissões, por emprego para todos e pelo aumento salarial de acordo com o custo de vida.

A direção do PSTU, que dirige diversos sindicatos importantes (como Metalúrgicos de São José dos Campos), não pode tornar-se uma alternativa real aos trabalhadores e à vanguarda enquanto se mantiver capitulando ao reformismo pela via da adaptação às pressões da “esquerda do PT e da CUT” , em busca de alianças estratégicas impossíveis de serem feitas com correntes que defendem a conciliação de classes, o “desenvolvimento económico produtivo nacional” (projeto burguês estratégico de Lula-Alencar) e “distribuição de renda” , enganando os trabalhadores de que é possível manter o capitalismo e acabar com a miséria e o desemprego. Essas correntes da “esquerda” têm suas estratégias muito claras: defender o “seu” governo e manter-se “livres” para “criticar” para não “perder espaços” entre os trabalhadores que não poderão manter-se passivos diante dos ataques patronais e do governo com suas políticas capitalistas-imperialistas.

A direção do PSTU deveria aproveitar o seu peso real nos sindicatos para convocar os desempregados, a vanguarda e amplos setores dos trabalhadores para construir uma frente única operária com a estratégia de ruptura com a conciliação de classes e por uma estratégia de auto-organização democrática que unifique empregados e desempregados, independente das divisões de sindicatos e categorias, num amplo movimento Contra a Fome e por Emprego para Todos, pela Indexação dos Salários de acordo com a inflação, Contra a Repressão às Lutas, o que só pode ser feito de maneira independente deste governo de frente popular preventiva e de seus aliados stalinistas e da “esquerda” .

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