Terça 23 de Abril de 2024

Movimento Operário

O NOVO REITOR DA USP: Diálogo para dividir, polícia militar para disciplinar

26 Mar 2010   |   comentários

Depois de uma greve universitária reprimida com a entrada
da polícia militar na USP e em meio a um ano eleitoral,
a gestão de Rodas tem um grande papel a cumprir para o
governo do Estado e o PSDB.

A USP, que já nasceu sob as bases do elitismo da burguesia
paulista, encontra em João Grandino Rodas um colaborador
que, apesar do pouco tempo, já demonstrou bastante
entusiasmo para mantê-la tal como ela é: de braços
abertos e ótima para os ricos e para os capitalistas...de
costas e péssima para os trabalhadores e para os pobres.

Elitismo, precarização e repressão: A fórmula mágica do diálogo de Rodas

Em um ano eleitoral marcado pela disputa entre o PSDB e
o PT,J.G.Rodas têm um papel fundamental: conseguir pacificar
a USP - pela via de isolar primeiro e derrotar depois
os setores combativos de trabalhadores e estudantes - e
ajudar assim a forjar em São Paulo um ambiente político
favorável à candidatura de José Serra à presidência.

Depois da greve de 2009 com o desgaste do regime universitário,
é evidente que Rodas busca se diferenciar de
Suely Vilela com um perfil mais “democrático”baseado no
diálogo.O que Rodas não pode esconder é que a brutal
repressão aos estudantes e trabalhadores na greve de
2009 foi possibilitada por uma medida escrita por seu
próprio punho em que recomendava a entrada da polícia
na USP. O discurso de Rodas também não pode apagar as
marcas da repressão com bombas de gás lacrimogêneo
lançadas contra os estudantes que protestavam do lado de
fora da Sala São Paulo, enquanto o novo REItor
“democrático” eleito apenas por um só voto, o de governador
Serra, fazia discursos em nome do diálogo e da tolerância
no ato de sua posse em 25/01.

Rodas não consegue ocultar que todos os dias trabalhadoras
e trabalhadores terceirizados cumprem jornadas
extenuantes em um ritmo infernal, em péssimas condições,
e sob constante ameaça das chefias, com salários inferiores
a um salário mínimo.Tampouco pode ocultar nem visa
solucionar o déficit das centenas de milhares de estudantes
que a cada ano ficam de fora da universidade por
conta do verdadeiro filtro social que é o vestibular.

O tal “diálogo” de Rodas serve para tentar restituir alguma
legitimidade às instituições mais reacionárias da USP
como o Conselho Universitário, que agem de acordo com
seus próprios interesses e são completamente desacreditadas
pelos trabalhadores e por uma ampla camada dos
estudantes.

O diálogo de Rodas é uma armadilha que quer nos calar e
dividir nossas categorias diante de nossas reivindicações,
enquanto ganha tempo para aprofundar seu projeto elitista
para a universidade, avança na terceirização e na repressão
aos que lutam em defesa de seus salários, da livre organização
política e sindical dos trabalhadores e de uma educação
pública de qualidade.

“Dividir para dominar” ... das aulas de Maquiavel ao xadrez político

Depois da concessão feita aos docentes das três universidades
estaduais, o debate sobre as perspectivas de nossa
luta se tornam mais freqüentes e os trabalhadores da USP
começam a se indignar com essa medida de Rodas para
tentar nos dividir as três categorias.

Alguns companheiros(as) ainda tem a expectativa de que
Rodas vai nos conceder um reajuste salarial sem luta, e
que, pela via do diálogo, poderemos avançar sobre os
demais pontos de nossa pauta como a defesa de nosso
sindicato e a readmissão de Brandão. É necessário esclarecer
aos companheiros(as) que todas as conquistas que
tivemos nos anos de 2007 e 2009, como a garantia dos
5214 contratos que estavam sendo questionados pelo
TCE-SP, são fruto das grandes mobilizações que impusemos
nesses anos. Ao contrário de esperar qualquer diálogo
ou ter expectativas na boa vontade por parte da reitoria,
arrancamos nossas reivindicações a partir da combatividade
de nossa categoria e dos acordos unificados que
chegamos com parte dos professores e estudantes.Temos
que considerar o diálogo e as negociações com o REItor
uma necessidade de nossa luta, mas não um fim em si
mesmo, porque Rodas é o representante do governo na
universidade, e portanto de nosso patrão.

Preparar nosso plano de luta
e uma paralização no dia 30!!

Serra e Rodas sabem que divididos teremos menos
chances de conquistar nossas reivindicações e por isso
semeiam a discórdia entre as categorias, com o objetivo de
isolar seus setores mais combativos: os trabalhadores da
USP e o Sintusp. Não descartamos que em nome de pacificar
a USP Rodas apresente alguma concessão para nos
calar, pois aprendeu com as greves anteriores a força que
temos. Por isso é preciso ter clareza de que para arrancar
os R$200,00, o reajuste de 16% e as referências concedidas
aos professores, precisamos por força na mobilização
de nossa categoria e a partir daí garantir a defesa dos lutadores
e de nosso sindicato exigindo a imediata
Reintegração de Brandão, pagamento dos salários descontados
da Neli bem como sua efetiva transferência para São
Paulo, retirada dos processos administrativos e criminais
aos lutadores e cancelamento das multas e descontos ao
sindicato, assim como o atendimento do conjunto de nossa
pauta de reivindicações unificada.

Para que isso se concretize, é fundamental que as demais
entidades do Fórum das 6, principalmente as associações
docentes da USP, Unesp e Unicamp, mas também os DCE’s
e os sindicatos dos servidores não caiam no “canto de
sereia” de Rodas e nas manobras que o Cruesp já começa
a utilizar, e se lancem de imediato na defesa incondicional
da isonomia entre os servidores como primeiro passo
para a unificação real das categorias, para que a partir
dessa conquista consigamos juntos arrancar as justas
demandas de trabalhadores, estudantes e professores.É
urgente e necessário que somemos força com a greve dos
professores estaduais e com os demais setores do funcionalismo
paulista que começam a se mobilizar!! Neste
sentido, insistimos com o chamado aprovado na assembléia
dos funcionários da USP para que a Conlutas impulsione
desde já uma Plenária Estadual com o objetivo de unificar
nossas lutas.

Pablito é representante dos
funcionários no Conselho
Universitário e dirigente
da LER-QI no MCcC.

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