Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

No “Brasil potência” de Lula e Dilma a juventude começa a questionar o insustentável peso das contradições

29 Apr 2011   |   comentários

Apesar de todo o discurso ideológico do qual o governismo e a mídia burguesa se utilizam para criar uma imagem de que tudo no Brasil avança gradual e constantemente, a idéia de um país de bilionários, do etanol, do gado, com um crescimento “nunca antes visto na história”, sendo o grande anfitrião da Copa do Mundo e das Olimpíadas, tema de filmes de Hollywood e contando com o primeiro presidente operário e da primeira presidente mulher, tudo isto, em contraste com o país real da miséria, da falta de moradia, assim como da privatização da educação, da saúde, do transporte; dos altos preços e baixos salários; dos morros militarizados e chacinados pela polícia assassina; das milhões de mulheres mortas por complicações advindas de abortos clandestinos, sem apoio estatal algum; dos presos políticos e da repressão aos movimentos sociais; dos milhares de homossexuais, negros e nordestinos mortos pela polícia e pelos grupos fascistas espalhados por todo o país; do silêncio e esquecimento em relação às vítimas da ditadura; dos privilégios aos torturadores, livres e tranquilos em suas poltronas; do Brasil “irmão” dos EUA, cuja base de crescimento é a terceirização e precarização do trabalho, responsável pela morte, miséria e semiescravização de milhões de trabalhadores - basta ver o que ocorre nas obras do PAC em Jirau, PECEM ou na USP, etc-, tudo isto, gera contradições que começam a gerar respostas, muito iniciais e que precisam ser estimuladas, da juventude e dos trabalhadores.

Em São Paulo, buscamos estar na linha de frente da organização de um exemplo da mobilização de jovens que, durante 3 meses, tomou aos milhares as ruas da capital contra um elemento importante de ataque às condições de vida da juventude trabalhadora que foi a questão do aumento das tarifas do transporte. Estas lutas continuam em outros Estados, sobretudo Florianópolis, aonde a polícia- tal como em todos os lugares- tem repelido de maneira selvagem as manifestações.

Igualmente, se desenvolvem, sobretudo nas obras da construção civil, neste momento, importantes processos de revoltas operárias, de trabalhadores terceirizados, (a espinha dorsal de sustentação do “crescimento milagroso” Brasileiro) que com seus métodos radicalizados, sendo alvos de uma brutal repressão pelas forças armadas e ameaçados de demissão pelos bilionários brasileiros tem chamado a atenção de milhares de jovens em todo o país.

Os anúncios de cortes e ataques aos direitos sociais já se concretizam nos marcos da crise mundial: Dilma já cortou 50 bilhões do orçamento, a privatização corre a passos largos e a terceirização não fica para trás. Ao mesmo tempo, o Brasil anuncia bilionários e paga 49% do PIB para dívida externa. Com isso e o exemplo mundial, a juventude e numerosos setores de trabalhadores começam a se movimentar, ficando, assim, a pergunta: o que fazer?

O Novo precisa ser construído aqui e agora!

É com estes elementos em mente que queremos buscar uma saída a esta resposta tão urgente e necessária a esquerda nestes novos tempos que se abrem. O novo só abrirá caminho se for conscientemente construído e edificado por estes jovens que hoje despertam para as grandes questões da sociedade, da vida e da existência. É nesta perspectiva que buscamos enfrentar os fantasmas do passado- tão presentes e influentes hoje-, construindo um ato contra o golpe militar (ver neste JPO) reivindicando o fim da lei da anistia, verdadeira aceitação dos crimes dos torturadores e assassinos, ao lado de importantes militantes e intelectuais da esquerda, como Chico de Oliveira e Gilson Dantas.

Precisamos forjar uma juventude que combata consequentemente a homofobia e lute pela liberdade sexual, enfrentando as forças reacionárias que há anos tem assassinado e espancado pessoas simplesmente por sua opção sexual.

Justamente no mesmo sentido, buscamos organizar nossa intervenção ao lado dos trabalhadores terceirizados da USP, lutando lado a lado contra este regime de escravidão que baseia não só a USP mas o país, buscando sensibilizar e demonstrar que esta aliança dos estudantes e jovens com os setores oprimidos da classe trabalhadora é central e estratégica na transformação de nossa sociedade, para que deixe de ser elitista, racista e excludente e esteja a serviço da maioria, pobre, trabalhadora, dando passos para uma sociedade baseada na solidariedade e não na exploração.

Infelizmente, como produto de todo o peso ideológico destes 30 anos de avanço da burguesia e seus agentes, a esquerda se adaptou em sua estratégia, programa e prática política, e na juventude não foi distinto. O rotineirismo, a política de calendário voltada para as eleições e o ceticismo são exemplos claros de como os partidos da esquerda no Brasil -sobretudo PSOL e PSTU- se adaptaram aos velhos tempos, à passividade, à desconfiança e ao desânimo. Frente a todas estas questões, se calam... A realidade não suporta mais lugar para este tipo de prática. Os tempos clamam pelo fim da apatia!

Chamamos a construir conosco uma juventude verdadeiramente revolucionária e subversiva, que questione o corpo, as idéias, aquilo que lhe dizem que é possível, seus hábitos, os grandes problemas que afligem a sociedade, que busque derrubar tudo o que é decrépito e sacolejar suas vestes a fim de, ligados à única classe capaz de agir de maneira independente pela transformação da vida -os trabalhadores- abrir as portas de um novo tempo, uma nova vida , para assim, gozá-la plenamente.

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