Quarta 24 de Abril de 2024

Nacional

Contra a política do FSM, de Lula e do PT

Necessitamos construir um Fórum Paralelo anti-imperialista e anti-governista

05 Dec 2004   |   comentários

Após a eleição de Lula tornou-se mais clara a falácia do discurso sobre a possibilidade de dar uma resposta às demandas da juventude e dos trabalhadores que se limite a projetos como o orçamento participativo, ou quaisquer tipos de migalhas, que Lula inclusive mostra não estar disposto a dar. Cada vez mais mostra-se evidente que um outro mundo só será possível destruindo o capitalismo.

Lula tem iniciado uma ofensiva na tentativa de institucionalizar ainda mais o FSM, chegando a afirmar que “seria necessário uma unificação com o Fórum de Davos” , um dos maiores encontros mundiais que reúne representantes dos governos e burguesias imperialistas, além de defender que o FSM deveria se centrar em um ou dois pontos para atuar junto com o governo ao invés de ser uma “feira de produtos ideológicos, onde cada um vem, compra o que quer, vende o que quer” . Isso abriu fissuras em setores que organizam o FSM, de ideologia pretensamente anti-neoliberal, mas que na prática se alinham com os limites impostos pela cúpula petista. Essas fissuras dos “de cima” abrem um espaço que deve ser utilizado para colocar em xeque os dois setores que dirigem o FSM, de “neoliberais” a “pseudo anti-neoliberais” que não apresentam mais que a saída utópica e reacionária de “humanizar o capitalismo” .

Fruto da política das direções reformistas do PT e o aparato das ONGs, o acampamento intercontinental da juventude foi se adaptando à ideologia reformista do FSM. Para a edição deste ano, a Democracia Socialista ’ corrente interna do PT ’ tomou a organização do acampamento. A tentativa da DS de dar uma tintura “radical” e “alternativa” ao acampamento é na verdade a forma de maquiar o seu atrelamento com a política do governo e dos organizadores do FSM. Prova disso, é que as reuniões de organização do acampamento do FSM têm sido dominadas pelas ONGs, e até mesmo por representantes de partidos burgueses como o PPS. Um escândalo!

A juventude e os trabalhadores têm que se unificar para compor justamente o que Lula e o PT mais temem: um verdadeiro bloco anti-imperialista, classista, e anti-governista. Todas as correntes que se reivindicam como parte da luta anti-imperialista e classista, em especial o PSTU, têm que colocar as suas forças na construção deste bloco.

Durante o FSM acontecerá o Encontro Nacional da Conlutas e atividades da Conlute. Essas atividades têm que servir como um eixo para a constituição de um verdadeiro Fórum Paralelo anti-imperialista e classista, que reúna todos os que se colocam contra as direções burocráticas e governistas dos movimentos sindical e estudantil, em oposição à política da organização oficial do FSM e do governo petista de Lula. É assim que poderemos fazer com que a Conlutas e a Conlute aproveitem este espaço aberto para levar uma política conseqüente, e se constituir como alternativa para os setores mais conscientes de trabalhadores e jovens que estarão no FSM, não só durante a sua realização, mas para além deste.

Esse Fórum Paralelo anti-imperialista e classista todos os trabalhadores que têm protagonizado as principais lutas do país, os universitários que têm lutado contra a reforma universitária, os secundaristas que lutam em todo o país pelo passe-livre, os ativistas do movimento hip-hop que têm questionado a política de cooptação do governo Lula, e todos aqueles que querem impulsionar uma política claramente anti-imperialista e classista.

O Fórum Paralelo deve ser o espaço de denúncia à política militarista do imperialismo ianque, à cumplicidade dos governos europeus, dos governos pró-FMI como os de Lula e Kirchner, o falso anti-imperialismo de Chávez e a falácia das oposições “anti-neoliberais” que se preparam no Uruguai (FA) e México (PRD), reivindicando a emergência da luta dos trabalhadores. Nesse sentido, temos que colocar todas as forças na organização desse Fórum Paralelo a partir do Encontro Nacional da Conlutas, para destruir todas as ilusões em torno do FSM e apontar os caminhos para o ressurgimento de uma nova onda de ações dos trabalhadores e da juventude, capaz de sacudir o continente e atacar os interesses do imperialismo.

Devemos impulsionar desde já a organização desse Fórum Paralelo em todas as reuniões da Conlutas e da Conlute, além de constituir comitês nas universidades, locais de trabalho, posses de hip-hop, e escolas secundaristas com esta discussão. É somente assim que poderemos intervir e inaugurar um novo discurso que propague aos quatro cantos do mundo que “Um outro mundo é possível... só destruindo o capitalismo!” .

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