Quinta 28 de Março de 2024

Internacional

UM GRANDE PASSO ADIANTE NA LUTA CONTRA O AJUSTE DO GOVERNO, DAS PATRONAIS E OS ATAQUES DA BUROCRACIA SINDICAL

Massivo Encontro Sindical Combativo da Zona Norte

27 May 2014   |   comentários

A culminação do Encontro com as medidas de luta a tomar e a força operária que estava presente foi produto de semanas de debates, assembléias nas fábricas e medidas de luta prévias, que iam dando forma ao que seria finalmente um multitudinário Encontro Operário.

Após quase seis horas, se concluía na Escola Técnica Nro3 de Benavídez o Encontro Sindical Combativo da Zona Norte. O lugar estava cheio, as representações dos diferentes setores de trabalhadores haviam protagonizado um longo debate, concluindo a exitosa jornada com a votação das resoluções. A culminação do Encontro com as medidas de luta a tomar e a força operária que estava presente foi produto de semanas de debates, assembléias nas fábricas e medidas de luta prévias, que iam dando forma ao que seria finalmente um multitudinário Encontro Operário.

Quando começaram a ingressar as colunas operárias no lugar, os companheiros de Donnelley se destacaram com uma coluna de mais de 130 trabalhadores. Suas bandeiras bordô, seus cânticos e sua grande experiência de luta se transformaram no Encontro em um dos atores centrais. Uma fábrica de pouco mais de 300 trabalhadores, que após realizar assembléias na fábrica e estar em conflito com a patronal e todo tipo de atividades de difusão para o Encontro, conseguia mobilizar mais de um terço da base. Entraram junto com os gráficos de Printpack e sua Comissão Interna. Atrás deles entrava a Alimentação, com suas emblemáticas Kraft, Pepsico e Stani à cabeça, que nas comissões internas fez uma reunião especial que agrupou 120 trabalhadores do grêmio, que discutiram os problemas que atravessam os companheiros desse setor. Após a entrada destes dois contingentes, surpreenderam como um novo ator os companheiros do SMATA. Junto com os delegados perseguidos da VW, vinha um contingente de companheiros de Lear com sua comissão interna, de Gestamp com os demitidos em luta e também de outras automotrizes. Estiveram presentes trabalhadores demitidos das mais duras e recente lutas como a de Gestamp e delegações de Shell e CALSA de Avellaneda e da Cerâmica Neuquén em luta. Do Parque Industrial Pilar vieram os companheiros da Unilever e Procter&Gamble. Apesar da negativa do SUTNA San Fernando de participar do Encontro, se fez presente uma delegação importante de delegados e operários de FATE. Vieram desde Campana trabalhadores de Siderca e do plástico, metalúrgicas, etc. Também participaram mais de cem trabalhadores e trabalhadoras docentes, dos SUTEBA de Tigre, San Martín, Gal. Sarmiento e Escobar.

As internas combativas da zona, como Donneley, Kraft, o frigorífico Rioplatense, Pepsico, Lear, Printpack, SUTEBA Tigre, Unilever, entre outras, se colocaram no cenário junto co representantes de distintos setores. Do palanque as principais referências do movimento operário convocante foram tomando a palavra. Javier “Poke” Hermosilla, da Comissão Interna da Kraft, fez a saudação inicial e estabeleceu os motivos do Encontro e a necessidade de reunir-se para impulsionar a mais ampla unidade da luta contra as patronais, a burocracia sindical em suas distintas alas e o governo, fazendo referência ao ato que fez quinta-feira passada Cristina com o SMATA e Pignatelli em Don Torcuato, onde teve a cara de pau de dizer que os sindicalistas opositores atacam ao governo, mas não aos empresários, quando é o próprio Pignatelli que dá o aval às demissões em Gestamo e VW, assim como na CGT de Caló estão os burocratas que apoiam Massa e também impulsionam a demissão de ativistas como na Shell (petroleiros de Roberti, deputado da FR) e Kromberg (plástico). As distintas intervenções da Mesa reivindicavam que este é um Encontro para a organização da luta, e as resoluções serão sua conclusão central. O companheiro Jorge “Loco” Medina de Donelley trouxe a experiência de organização, luta e debate político (inclusive pela Frente de Esquerda e em Encontros como este) que vêm desenvolvendo em sua fábrica, para estendê-la a outras fábricas e conquistar assim um ativismo consciente. Encerrou está parte o companheiro Alfredo Cáceres, secretário-geral do SUTEBA Tigre (Militante do Opinião Socialista). Todos destacaram que hoje estão nos atacando aos trabalhadores, as patronais e a burocracia sindical com demissões como em Gestamp, Kromberg e VW, e que o Encontro tinha que dar passos em fazer da zona norte um lugar impenetrável aos ataques patronais e dar força, organização e unidade à enorme força que têm os setores combativos e antiburocráticos da zona que começam a golpear como um só punho. Se tocam um, tocam a todos! Um exemplo que colocaram vários oradores foi o piquete comum de ativistas de distintas fábricas na porta da VW contra a patota do SMATA, que reuniu quinta-feira mais de trezentos companheiros e companheiras, que impediu que a patota retirasse os companheiros de Gestamp, Lear e aos demitidos da Volkswagen, como havia feito dias atrás. Fechou esta primeira rodada de intervenções.

Após as intervenções de uma parte da Mesa e dos convocantes, saudaram ao Encontro referências nacionais do Encontro Sindical Combativo, entre eles Rubén “Pollo” Sobrero. Claudio Dellecarbonara, que estava presente, cedeu seu lugar para que a companheira Lorena Gentille da comissão interna da Kraft expressasse, com uma emotiva intervenção, as centenas de mulheres operárias ali presentes.

Também falaram referências das lutas de Gestamp, Kromberg, Calsa, Shell, VW de Pacheco e Córdoba (que contou a perseguição que sobre os metalúrgicos de Valeo) e da Cerâmica Neuquén. Logo passou a funcionar nas comissões. Ali, com dezenas de experiências, o debate se foi enriquecendo com centenas de intervenções que iam dando forma às resoluções que mais tarde se votariam. Uma comissão especial da alimentação reuniu diante do palco cento e vinte companheiros, preparando as resoluções do grêmio que seriam colocadas na momento de votar. Após o debate, dezenas de coordenadores se aproximaram da mesa para dar início às votações. Estas seriam a chave da jornada, já que davam sentido ao Encontro as resoluções, as diferentes ações a tomar para enfrentar na luta de classes às patronais e ao governo, que querem descarregar a crise sobre nós.

Também saudaram ao Encontro dirigentes das organizações políticas convocantes, entre outros, Juan Carlos Giordano pela IS e o deputado bonaerense Christian Castillo pelo PTS. Uma das principais e primeiras resoluções foi aprofundar a campanha contra as demissões. Para o grêmio da alimentação, que atravessa hoje a luta pelo dissídio, uma comissão especial dele resolveu uma marcha para terça-feira, 3 de junho, às sedes da FTIA e do STIA (federação nacional e sindicato da Capital – Grande Buenos Aires, respectivamente) para exigir que não se assine nenhum acordo de dissídio sem que se vote em assembléias a porcentagem a negociar e um plano de luta em apoio aos trabalhadores de CALSA. A votação geral adotou favoravelmente esta proposta, bem como a resolução apresentada pelos companheiros de Donelley de impulsionar uma concentração sexta-feira na porta de sua fábrica para rechaçar as ameaças de demissões por parte da empresa e exigir o cumprimento de suas demandas, entre as quais deixar de trabalhar aos sábados, mesma reivindicação que os companheiros de Unilever que estão na mesma luta.

Foi parte também das resoluções votadas por unanimidade o impulsionamento de uma campanha de rechaço aos ataques aos delegados independentes da VW por parte da burocracia do SMATA e o ataque da patota aos companheiros de Gestamp e Lear. Reivindicando-se o direito dos trabalhadores a defender-nos das patotas da burocracia sindical, os mesmos que mataram Mariano Ferreyra e foram cúmplices da ditadura militar. Se votou também a defesa do companheiro Franco Villalba, da Comissão Interna de Alicorp (ex Jabón Federal), enfrentando uma dura campanha da Verde e da patronal.

Depois da grande paralisação nacional de 10 de abril, o Encontro se pronunciou contra a trégua das centrais sindicais “opositoras” e por uma nova paralisação geral de 36 horas com mobilização à Praça de Maio, para que a crise seja paga pelos capitalistas e não pelos trabalhadores.

Entre as distintas resoluções, se votou aprofundar a luta contra os projetos de lei “anti-piquetes” do governo, impulsionar a luta pela absolvição e liberdade dos petroleiros de Las Heras e de todos os lutadores, participando da marcha à Praça de Maio que se realizará 17 de junho. Neste sentido se votou favoravelmente a apoiar os projetos impulsionados pelos deputados da Frente de Esquerda pela proibição de suspensões e demissões, pelo bilhete estudantil gratuito e o projeto comum com outros blocos (elaborado pelo EMVJ – Encontro Memória Verdade e Justiça) contra a criminalização das lutas que estabelece o desprocessamento de todos os lutadores.

Uma resolução especial estabeleceu o caráter independente e opositor do Encontro a todas as alas da burocracia sindical, tanto as oficialistas como a CGT de Caló e a CTA de Yaski, como as opositoras CGT de Moyano e Barrionuevo e a CTA de Micheli. Ademais, se reivindicou seguir impulsionando, como viemos fazendo desde o Encontro Sindical Combativo que realizamos em Atlanta em 15/03, um novo Encontro Nacional que incorpore aos setores antiburocráticos e combativos que vêm se negando a participar, assim como multiplicar os Encontros regionais.

Ao final, houve um debate sobre a proposta de uma medida unificada dos conflitos em curso (Gestamp, Calsa, Shell, Cerâmica Neuquén, etc.), onde se propôs avaliar a possibilidade de uma jornada nacional de piquetes unificada (aprovada por unanimidade) e uma marcha à Praça de Maio (neste aspecto um setor muito minoritário propunha datar esta marcha para a primeira semana de junho, quando se estavam votando distintas medidas duras de luta e uma marcha à Praça de Maio para 17 de junho). Em uma discussão e votação secundárias do Encontro, o Nuevo MAS propôs votar o apoio a sua própria chapa nas eleições da CTA Micheli, outros companheiros propuseram não pronunciar-se sobre este ponto, enquanto a enorme maioria dos presentes apoiou a moção de considerar fraudulentas ditas eleições e portanto não participar.

Estas são algumas das resoluções que se votaram, mostrando a predisposição ao combate e a necessidade de responder com ações concretas aos ataques da patronal. Estas medidas se remarcaram na resolução de lutar por um plano de luta nacional até derrotar os tetos salariais e o ajuste que querem impor o governo, os governadores e as patronais.

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