Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

Frente à guerra do Oriente Médio

Mais uma vez Lula faz de tudo para não desagradar seu “patrão” EUA

10 Aug 2006   |   comentários

A ofensiva criminosa que o estado terrorista de Israel executou no último mês sobre o Líbano com o patrocínio do imperialismo norte-americano, custou a vida de 1,1 mil libaneses, dentre os quais 1 mil civis. Usando a desculpa do seqüestro de dois soldados na fronteira sul do Líbano, o estado de Israel promoveu um verdadeiro massacre ’ na tentativa de acabar com a resistência oposta aos seus interesses naquele país, materializada fundamentalmente no Hizbollah ’ que mostrou ao mundo inteiro que o estado de Israel é que é o verdadeiro terrorista.

Em resposta a esta situação, uma série de manifestações ocorreram mundo afora, que apesar de não terem sido tão grandes como as que aconteceram contra a guerra do Iraque em 2003, mostraram o repúdio das massas à chacina promovida por Israel e pelos EUA. No Brasil também houve várias manifestações, nas quais diversas organizações da esquerda e de defesa dos direitos humanos se somaram à comunidade libanesa e árabe para exigir o fim do massacre de Israel sobre os povos do Oriente Médio.

O Brasil abriga a maior comunidade libanesa fora do Líbano. São cerca de 6 milhões de pessoas que vivem e trabalham aqui. Isto deveria ser um motivo ainda maior para que o governo brasileiro tivesse tido uma clara posição de repúdio frente ao massacre promovido pelo estado de Israel, que matou inclusive 8 brasileiros.

Porém, o governo Lula dava mais uma vez provas de sua submissão ao imperialismo. Frente ao banho de sangue Lula buscou se localizar como se estivesse a “favor da paz” , se negando a fazer qualquer condenação à política assassina de Israel. Este discurso não passa de hipocrisia maquiada de “neutralidade” para favorecer aos EUA, e sua cria, Israel.

Frente ao massacre, Lula enviou uma carta a ONU na qual afirmava primeiramente que “repudia o terrorismo, não importa sob que justificativa” para em seguida dizer que “condena a reação desproporcional e o uso excessivo da força” . Em nenhum momento cita nominalmente o estado terrorista de Israel. O que está por trás dessa omissão é o fato de que Israel é reconhecidamente o cão de guarda do imperialismo norte-americano no Oriente Médio. Assim, condenar a política de Israel seria condenar o seu patrocinador, os Estados Unidos. E isso Lula, que em seu governo atuou como um empregado perfeito do imperialismo norte-americano atacando os trabalhadores e povo pobre com sua política neoliberal se nega a fazer, não importa quantas vidas sejam tiradas fruto da política assassina de Israel.

Em segundo lugar, é o cúmulo do cinismo Lula chamar de “terroristas” àqueles que resistem contra a opressão promovida por Israel, que desde sua fundação em 1948 massacra todos os dias o povo árabe e, sobretudo os palestinos, de quem roubou as terras que hoje ocupa. Portanto, a condenação “da violência dos dois lados” que Lula faz busca esconder quem é o opressor e quem é oprimido, igualando as ações de um estado terrorista às de organizações como o Hizbollah e o Hamas , que são parte da resistência nacional de seus povos.

Por fim, dizer que o problema está na “desproporção” da reação de Israel legitima a desculpa usada por este de que estaria atuando como “resposta à provocação” do Hizbollah, quando na verdade se trata de garantir sua dominação na região.

Ao contrário de tanta submissão, o mínimo que deveria ter feito Lula seria romper relações diplomáticas com Israel, como parte de uma política de não reconhecimento àquele estado pelo seu claro caráter terrorista.

Entretanto, ao contrário disso, o que faz Lula? Quer estabelecer um acordo comercial com Israel, pela via do Mercosul, legitimando-o uma vez mais. Estas posições mostram como os ataques que Lula desfere sobre a classe trabalhadora e as massas para favorecer os patrões daqui - tais como quando cria as condições para que se dêem demissões como as que hoje acontecem na GM, Volks e Varig - estão intimamente ligadas à sua política de escravo dos interesses do imperialismo nas questões internacionais. É uma outra expressão da política vergonhosa em que Lula enviou soldados brasileiros para fazerem o serviço sujo dos EUA no Haiti.

O silêncio da Frente de Esquerda sobre o Oriente Médio é imperdoável

A Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB, que apóia Heloísa Helena) busca se colocar como uma alternativa eleitoral que represente os interesses dos trabalhadores e do povo pobre. Entretanto, infelizmente, o Manifesto que define esta frente não fala uma só palavra sobre as bombas que caíam sobre as crianças libanesas na mesma semana de sua publicação.

Apesar dos partidos que a compõem, bem como alguns de seus candidatos, sobretudo os do PSTU e alguns do PSOL, ter participado dos atos e campanhas em defesa da luta do povo libanês, o fato é que a Frente de Esquerda como tal não impulsionou o debate sobre qual posicionamento ter frente ao genocídio que estava acontecendo no Oriente Médio. Por falta de acordo entre os que a compõem, a Frente de Esquerda simplesmente se calou sobre o assunto.

E isto se deu num momento em que as pesquisas indicam um aumento das intenções de voto em Heloísa Helena, e esta ganha amplo destaque na mídia. Teria gerado uma grande repercussão se, ao invés de defender que “a Constituição proíbe tomar as terras dos proprietários rurais” , a candidata à presidência da Frente de Esquerda tivesse feito no Jornal Nacional um chamado a todos para que se mobilizassem pela derrota militar do imperialismo e de Israel; ou, como mínimo, pela ruptura com as relações diplomáticas do Brasil com este Estado terrorista, denunciando a cumplicidade de Lula a chacina em curso.

Acreditamos que uma candidatura que se propõe “de esquerda” tem a obrigação de ter como eixo a defesa concreta da luta dos povos oprimidos, tal como a que recentemente se deu no Líbano.

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