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TRAGÉDIA EM MINAS GERAIS

Mais dois jovens mortos em obras da Copa: a prefeitura e a Cowan são as responsáveis

05 Jul 2014   |   comentários

Mais dois jovens morreram em consequência das obras da Copa em Belo Horizonte: Hanna Cristina Santos, motorista de ônibus, de 24 anos, e Charlys Frederico Moreira do Nascimento, servente de pedreiro, de 25 anos. Prestamos nossa solidariedade no luto das famílias de Hanna e Charlys a mais essa tragédia decorrente das obras da Copa do Mundo no (...)

Mais dois jovens morreram em consequência das obras da Copa em Belo Horizonte: Hanna Cristina Santos, motorista de ônibus, de 24 anos, e Charlys Frederico Moreira do Nascimento, servente de pedreiro, de 25 anos. Prestamos nossa solidariedade no luto das famílias de Hanna e Charlys a mais essa tragédia decorrente das obras da Copa do Mundo no Brasil.

O viaduto em escombros é parte das obras do BRT-MOVE e do chamado PAC 2 da Copa, numa parceira da Prefeitura de Belo Horizonte com o governo federal. A construtora responsável pela obra é a Cowan, integrante do "Consórcio Integração". Após denúncias de irregularidades já na licitação (o consórcio não existia legalmente e mesmo assim ganhou a licitação da obra orçada em R$170 millhões) a empresa Delta saiu do contrato e a Cowan seguiu como responsável das obras junto à prefeitura. Em fevereiro passado, outro viaduto recém construído, na altura da rua Montese da avenida Pedro I, na zona norte da cidade, também de responsabilidade da Cowan com a prefeitura, cedeu quase 30 centímetros e o risco de desabamento foi descartado pela prefeitura após a vistoria de técnicos. Não faltaram, portanto, sinais e denúncias de superfaturamento, irregularidades e problemas de engenharia.

As empresas Conwan e Delta são responsáveis por grande parte das obras da Copa, sendo duas das que mais cresceram nos último anos. Porém, no capitalismo as empresas só crescem usando o estado como balcão de negócios para aumentar seus lucros às custas de menos investimento em saúde, educação, transporte e moradia para a população. E para isso os políticos burgueses garantem esses lucros em troca de favores. A empresa Cowan declarou a quantia de quase 3 milhões de reais no anos de 2012 como doação para os partidos PSDB, PMDB e PCdoB. E o mesmo acontece com as concessões de obras dos estádios por todo o Brasil, como a do Itaquerão obra feita pelo grandes conglomerados como Odebrecht, um dos que mais lucraram no governo Dilma. Junto à Camargo Correa, foram responsáveis por outros milhões doados para o PT como troca de favores para licitações e obras superfaturadas milionárias. A democracia dos ricos funciona a partir das negociatas entre políticos burgueses e as empresas, essas últimas financiando partidos para depois receber em trocas concessões milionárias a custo do trabalho precário, de acidentes e mortes no trabalho e de baixos salários, como os dos operários da construção civil. Nessa democracia dos ricos, quem sempre perde são os trabalhadores, a juventude e o povo pobre.

Repressão aos manifestantes e às ocupações, cheque em branco para as empresas

Enquanto a prefeitura garante a farra dos lucros às custas da vida da população, Belo Horizonte continua sendo a décima terceira cidade mais desigual do mundo, sendo o problema da moradia e da mobilidade urbana questões estruturais que nenhum dos governos do PT, PSDB, PSB ou PMDB conseguiram esconder. Um dia antes do desabamento do viaduto da Pedro I, moradores das ocupações urbanas foram violentamente reprimidos pela polícia em frente à prefeitura da cidade. E desde o dia 12 de junho dois manifestantes, estudantes da UFMG, seguem presos após ato em repúdio à Copa dos ricos e da Fifa.

Apenas a aliança entre o povo e os trabalhadores pode dar uma resposta a tanto descaso. Por isso é necessário a suspensão de todos os contratos com as empresas envolvidas e o confisco dos bens das empresas responsáveis pelas mortes. Esse deve ser o primeiro passo para punir os responsáveis e começar uma verdadeira apuração sobre as condições do conjunto das obras do PAC da Copa. Para garantir que as obras tenham bons resultados para a população e para os que nela trabalham elas devem estar livres da ganância das empresas. Apenas obras públicas, sob controle do povo e dos trabalhadores, com salários digno como o mínimo de 3999 Reais (estabelecido pelo Dieese) pode garantir que as obras estejam a serviço dos interesses da população e dos trabalhadores, e não a serviço dos interesses capitalistas e seus governos.

Por uma comissão de investigação independente das empresas e dos governos para apurar todo o descaso com o povo e os trabalhadores nas obras da Copa

O prefeito Lacerda deu a declaração dizendo que certamente houve erros de engenharia que serão apurados no futuro, e em nota a PBH informou a conformação de um "comitê para elaborar um parecer sobre a queda, formado por técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura da Defesa Civil, da Cowan e da Consol, empresa responsável pelo projeto". Com o olhar nacional e internacional sobre o desastre, vão querer elaborar uma explicação qualquer para esconder que o problema principal são os das obras superfaturadas, com ilegalidades, que visam, em primeiro lugar, o lucro das empresas em parceria com os governos. Não é possível confiar que um comitê entre sócios de negócios como a prefeitura e as empresas terá alguma independência.

Tampouco os problemas serão resolvidos abrindo auditoria das obras e contratos quando o problema da relação das empresas de construção com o Estado são problemas estruturais e não de mudança de uma empresa para outra. É necessário uma comissão de investigação independente composta por técnicos, profissionais, operários da construção civil, estudantes e organizações estudantis e sindicais que não tenham nenhum comprometimento com a prefeitura, o governo federal e com as empresas envolvidas nas obras da Copa.

Fazemos um chamado a todas as organizações independentes dos governos da prefeitura e do governo federal, assim como independentes politica e financeiramente das empresas envolvidas a constituir um comitê como esse a partir de um ato em repúdio às obras da Copa do Mundo. Desde nossas pequena forças faremos essa proposta na entidade que dirigimos junto a militantes independentes, o CAFCA (centro acadêmico de filosofia da UFMG) e estendemos esse chamado às categorias dirigidas pelas esquerda como a construção civil (e o sindicato Marreta, dirigido pela Liga Operária) e os professores municipais (e o Sindrede, dirigido pelo PSTU e PSOL).

Liga Estratégia Revolucionária - Belo Horizonte

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