Quinta 18 de Abril de 2024

Juventude

ELEIÇÕES DO DCE DA USP

Mais de 500 estudantes votam na “27 de outubro” que fez uma grande campanha militante

03 Apr 2012   |   comentários

Em meio a uma situação política instável na USP (veja artigo de Diana Assunção), ocorreram na última semana de março as eleições para o DCE, com um quórum histórico de mais de 13 mil votos (um aumento de cerca de 80% da última votação).

As eleições expressam o rechaço a Rodas e o surgimento de uma grande vanguarda estudantil

A Reitoria tinha seus representantes nessa eleição, na chapa “Reação”, dirigida pelo PSDB e PP. O resultado eleitoral – com a “Reação” com pouco mais de um terço dos votos da chapa vencedora – deixou clara a fraqueza da política desses setores e da Reitoria entre os estudantes. É uma mostra muito mais significativa do que as pesquisas de opinião da grande imprensa de que os estudantes rejeitam a política de Rodas. Ao mesmo tempo, as três chapas da esquerda anti-governista somaram mais de 76% dos votos – ainda que entrem aí os votos na “Universidade em Movimento”, integrada pela Consulta Popular, que mantém relação com o governo do PT, e também milhares de votos na “Não vou me adaptar” que expressam, mais que acordo com sua política, um voto “útil” contra a Reitoria e o PSDB. Essa votação expressa que, na USP, recuperando um processo que vem pelo menos desde 2007, as ocupações e a greve do fim do ano passado forjaram uma importante vanguarda de milhares de estudantes, que tem ligação com outros milhares, e um importante peso político na universidade.

A mentira do “voto útil” e a tarefa de derrotar a direita

A campanha eleitoral foi marcada por um esforço do PSOL e do PSTU para sobrevalorizar a possibilidade e as conseqüências de uma vitória da direita nas eleições, defendendo o “voto útil” na chapa “Não vou me adaptar” como medida para combatê-la, e tentando jogar sobre as outras chapas uma responsabilidade sobre a divisão da esquerda e o fortalecimento da direita. Mesmo o MNN adotou esse discurso, rompendo com a chapa “27 de Outubro” para chamar os estudantes a votarem “criticamente” naquela chapa - sem colocar, de fato, qualquer critica efetiva, ou seja, ligada ao papel que aqueles setores cumpriram na luta, dificultando a mobilização -, reproduzindo o senso-comum de que toda a esquerda tem o mesmo programa e estava dividida por “picuinhas”, o que na luta se demonstrou claramente falso. O resultado eleitoral, no entanto, demonstrou a mentira desse discurso e que a tarefa realmente colocada é fortalecer a mobilização em torno de um programa que aponte para a transformação radical da universidade.

A direita, no entanto, não está derrotada, pois isso não depende das eleições. Ela é representada, mais do que pela “Reação”, pela Reitoria e pelo governo, que seguem na ofensiva contra a universidade, e só poderão ser barrados não pelas eleições estudantis, mas por uma grande mobilização. Para essa tarefa, sabemos que os estudantes não poderão contar com o PSOL, que permanece na gestão, e há poucos meses tomava medidas diretas contra a mobilização. Construir essa luta exigirá a superação da política desta direção que se reelegeu junto ao PSTU, que precisará decidir se seguirá se adaptando à política do PSOL, como nos meses de luta, ou estará ao lado dos estudantes que não querem a passividade e a conciliação com a reitoria.

Mais de 500 estudantes votam na “27 de Outubro” que fez uma grande campanha militante

Nós da LER-QI integramos e impulsionamos, junto à Juventude Às Ruas e outros setores organizados e independentes, a chapa “27 de Outubro – unidade na luta contra a PM e os processos”, forjada no calor da mobilização do ano passado. Após uma campanha militante por uma grande mobilização contra Rodas e a repressão da ditadura de ontem e hoje, essa chapa recebeu uma votação expressiva de 503 estudantes,– que só não foi muito maior em função da campanha pelo “voto útil”, levada adiante por PSOL, PSTU e MNN, debilitando a expressão dos setores mais radicalizados dos estudantes, que é o fundamental para derrotar a direita -, particularmente em faculdades que estiveram no centro da mobilização do ano passado, com quase 350 votos só na FFLCH (mais de 10% em todas as urnas), e a segunda maior votação na Pedagogia. Essa importante votação expressa o reconhecimento de um setor dos estudantes da necessidade de uma direção democrática e combativa para o movimento estudantil.

Mais que isso, expressa o espaço para a construção de uma ala revolucionária no movimento estudantil, tarefa que nos colocamos junto a estudantes independentes com quem impulsionamos a Juventude Às Ruas, a que chamamos todos os estudantes que votaram na “27 de Outubro” a conhecer e construir com o objetivo de fortalecer uma ala consequente no movimento estudantil da USP e intervir em cada luta para forjar uma fração de milhares de jovens em todo o país que, em unidade com a classe trabalhadora, aportem na perspectiva de uma saída revolucionária para a crise histórica do capitalismo, cujos efeitos mais cedo ou pais tarde vão se fazer sentir no Brasil.

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