Sexta 19 de Abril de 2024

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Lutemos em defesa dos trabalhadores da Varig

15 Aug 2006   |   comentários

Como já era de se esperar, a venda da Varig se transformou em um verdadeiro drama para os trabalhadores e suas famílias. Tanto para a maioria dos 6 mil que foram sumariamente demitidos, quanto para os cerca de 2 mil que continuam tirando as aeronaves do solo, e que vivem da promessa de que serão recontratados pela marca “Nova Varig” , a situação é desesperadora: a nova Varig tende a se constituir como uma casca vazia, e que até isso se consolidar terá que funcionar, ainda que para repassar em melhores condições o que de mais lucrativo os capitalistas estrangeiros adquiriram, as rotas e os slots, tão cobiçados pelas concorrentes TAM e GOL (duopólio que já detem mais de 90% do mercado e que tem aumentado discaradamente os preços). Para esse fim, que tem um respaldo quase consensual entre capitalistas, governos federal e estaduais, além dos burocratas sindicais, existe uma quase silenciosa abstenção em relação a situação da massa de 6.000 da Varig e os 3.000 da SATA que todos, além de demitidos, estão tendo seus direitos roubados. A situação não é menos pior para os funcionários que trabalham já que continuam na mesma situação de anterior, sem receber salários e benefícios normais.

Só por esse absurdo calote nos trabalhadores aplicado pelos novos e antigos donos da companhia, o leilão que entregou a Varig para o fundo norte-americano Matlin Patterson já deveria ser questionado. O pior, no entanto, é que o Supremo Tribunal de Justiça e o Governo estão dando o aval para mais esse crime contra a classe trabalhadora e o povo brasileiro, da mesma forma como vem ocorrendo em outros processos de demissão em massa, como o das montadoras de carro, Volks e GM.

Na última semana, isso que estamos dizendo foi comprovado pela liminar judicial que derrubou o bloqueio de parte do capital (75 milhões de dólares) da empresa proposto pelos sindicatos. Mas hoje, os mesmos burocratas sindicais que foram defensores dessa negociação da Varig, pouco ou nada fazem de efetivo. Por exemplo, ao invés de manter uma divisão corporativista entre efetivos e terceirizados, poderiam agitar uma greve de toda a empresa, sem nenhum vóo saindo ou chegando, chamando a adesão dos companheiros trabalhadores da SATA numa luta unitária que paralise todos os aeroportos do país a favor dos empregos, salários e benefícios que devem ser pagos imediatamente.

São os próprios trabalhadores que possuem a força para questionar esse drama de demissões a fundo: está colocado que eles se unifiquem, tanto os demitidos quanto os que continuam trabalhando sem receber, e organizem reuniões e assembléias gerais em todos os aeroportos exigindo que os sindicatos cumpram suas decisões votadas e coloquem todas suas forças para garanti-las. Pensamos que dentre as principais reivindicações deve estar a anulação do leilão que entregou a Varig, e o bloqueio de todos os bens desses empresários, para garantir o pagamento dos salários e direitos dos trabalhadores

Para garantir os empregos e o acesso da população ao serviço aéreo seguro, barato e de qualidade: VARIG estatizada sob controle dos trabalhadores

A Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas) que reúne importantes sindicatos combativos do país e que já se manifestou contra as demissões, por exemplo, pode cumprir um importante papel, levantando uma campanha nacional, imediata, chamando a unidade entre os trabalhadores do país e seus sindicatos. Devemos esclarecer a todos de que se trata de um verdadeiro ataque a classe trabalhadora e ao conjunto do povo, e que a única saída progressiva para Varig é a expropriação dos expropriadores.

Propomos tomar a empresa das mãos dessa minoria de empresários, que exploram e não pagam os trabalhadores e que só querem lucrar as custas da miséria, e colocá-la para funcionar sob uma nova gestão e um novo conjunto de interesses: os da maioria da população. Para nós a solução definitiva é a estatização da Varig, onde o Governo e o Estado arquem com a dívida da empresa. Lutemos todos juntos por uma linha aérea estatal sob administração do conjunto dos trabalhadores, através de representantes eleitos em cada setor e cada base por todo o país, e não mais por um punhado de empresários aventureiros ou uma casta de pilotos e tripulantes privilegiados. Essa administração para ser mais efetiva poderia contar com um conselho de passageiros e usuários que ajudassem os trabalhadores a melhor administrá-la.

Somente uma aviação pública, que preste conta regularmente ao povo, poderá reverter os lucros para a melhoria dos serviços e investimentos, barateando os custos das passagens. Somente assim poderemos defender os postos de trabalho, gerar mais empregos incorporando os terceirizados, sem distinção de salários e direitos, além de estender à maioria da população o direito democrático de voar.

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