Quarta 24 de Abril de 2024

Nacional

IV CONGRESSO DA LER-QI

Impulsionemos uma grande campanha pela estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e usuários

11 Dec 2013   |   comentários

o IV Congresso da LER-QI aprovou impulsionar uma campanha nacional pela estatização dos transportes, sem indenização, sob controle dos trabalhadores e usuários, que garanta tarifa zero.

As manifestações de junho marcaram um ponto de inflexão na política do país. Os milhares nas ruas em dezenas de capitais e cidades escancaram a precarização da vida proporcionada pela corrupção que domina as instituições do regime político e pela sede de lucro dos capitalistas. Depois de décadas, a força das ruas se impôs novamente sobre a agenda política do país ao ponto de fazerem os governos recuarem. Foi questionada a naturalização dos serviços públicos precários, caros e privatizados instalada pelos anos de neoliberalismo. Tem um enorme significado que centenas de milhares nas ruas, apoiados por milhões, tenham se identificado com a palavra de ordem: “Queremos educação padrão FIFA”.

Não por acaso a demanda que serviu como estopim das manifestações foi o transporte público. A realidade da maioria esmagadora da população das grandes capitais do país é, para além de ser explorada em seu trabalho, pagar caro para ser transportadas como sardinha, perdendo nos ônibus e trens lotados uma boa parte do tempo que não está trabalhando. O destaque obtido pela questão dos transportes permitia – e a rigor exigia – que ganhasse peso de massas a única demanda que poderia dar uma resposta de fundo para esse problema: a estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários. Para todos aqueles que diziam ou ainda dizem que essa é uma demanda utópica, lembramos que antes de junho muitos – a bem da verdade a maioria – consideravam também impossível a redução das passagens. Esse é o resultado da ação direta de centenas de milhares nas ruas: transforma utopias em realidades! Por mais que as manifestações mais massivas tenham refluído, junho deixou essa marca: a ação independente das massas é o caminho! Abaixo a miséria do possível! Lutemos por uma solução de fundo para os problemas mais sentidos pela população!

A realidade dos transportes segue sendo motivo de bronca e muito provavelmente ganhará novamente as ruas no ano de 2014, quando a Copa do Mundo irá revelar ainda mais que vivemos num país onde poucos detêm muitos privilégios, e muitos são obrigados a viver em condições precárias, quando não miseráveis. É nesse marco que o IV Congresso da LER-QI aprovou impulsionar uma campanha nacional pela estatização dos transportes, sem indenização, sob controle dos trabalhadores e usuários, que garanta tarifa zero. Uma campanha que significa um chamado para o conjunto das agrupações que impulsionamos na juventude e no movimento operário para impulsionarmos em comum, buscando consolidar uma frente única entre as entidades, organizações e movimentos da esquerda com uma política capaz de desenvolver a mobilização independente da classe trabalhadora em aliança com a juventude, levando às últimas consequências uma das principais demandas que emergiram das jornadas de junho.

Transformar a campanha salarial metroviária em uma luta pela estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários!

Felipe Guarnieri, delegado sindical Estação Santa Cruz e cipista L1 azul

A campanha salarial dos metroviários no primeiro semestre de 2014 deve ser completamente distinta de todos os anos anteriores. Junho mudou o país, e consequentemente tem que fazer mudar nossa campanha salarial. Não podemos novamente fazer uma campanha salarial que tenha como centro da mobilização somente as demandas corporativas da categoria e o problema da qualidade do transporte público fica como um tema de discurso de esquerda, mas que na prática não é um motivo pelo qual o sindicato mobiliza a categoria.

Se a luta pela estatização dos transportes públicos não se transformou em uma grande demanda de massas não foi porque as pessoas que saíram às ruas não estariam dispostas a lutar por ela. Não por acaso as centrais sindicais, quando empurradas por suas bases foram obrigadas a convocar um dia de mobilização dos trabalhadores, empurraram o mais para frente possível para que esse dia não coincidisse com as manifestações de massas da juventude nas ruas e levantaram um programa com várias demandas em geral corretas, mas que fugia de levantar com centralidade a demanda que poderia ter servido para desenvolver a mobilização independente da classe trabalhadora em aliança com a juventude: a estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e usuários, sem indenização e que garanta tarifa zero! Se importantes sindicatos de transportes públicos do país, como por exemplo, o sindicato dos metroviários de São Paulo, tivesse organizado uma greve por essa demanda chamando a juventude a uma mobilização conjunta, seguramente a dimensão que ganharam os “20 centavos” transcenderia para a “estatização”. Obrigaria o próprio MPL a convocar novas mobilizações com essa palavra de ordem, superando seu programa de “Tarifa Zero”, que ao não vincular a demanda do passe livre com a tarefa de expropriar a máfia dos transportes, termina sendo uma defesa de mais subsídios para os capitalistas dos transportes privados, fonte inesgotável de todo tipo de corrupção.

Era de se esperar que a burocracia sindical da CUT, da Força Sindical e da CTB fizessem de tudo para que bastiões centrais da classe trabalhadora não confluíssem com a juventude nas ruas levantando um programa que se enfrentasse com os governos que apoiam. Entretanto, lamentavelmente, nem mesmo as organizações de esquerda foram capazes de se colocar à altura dessa tarefa, como demonstrou a impotência do PSTU e do PSOL na direção do sindicato dos metroviários de São Paulo.

Nesse sentido, a campanha salarial desse ano deve ter como principal demanda a estatização dos transportes públicos sob controle dos trabalhadores e usuários, e devemos nos preparar para fazer uma forte greve por essa demanda, convocando todos os que saíram às ruas em junho para saírem novamente junto conosco. Essa aliança com a população por uma demanda como essa, ligando a luta contra a corrupção, as falhas e pelo transporte de qualidade, é a única forma de obtermos conquistas corporativas da categoria que sejam significativas e não como vem sendo toda campanha, mas também de demonstramos o caráter reacionário da Lei da Copa, que busca proibir todo e qualquer tipo de greve e manifestação política que prejudique os preparativos para a mesma, mas que já sabemos será questionada por amplos setores que farão greves e sairão às ruas para protestar.

Exigimos que a direção do sindicato, encabeçada pelo PSTU e pelo PSOL, desde já comece a organizar assembleias e reuniões nos locais de trabalho que preparem a campanha salarial nesse sentido. Chamamos os setores do PAN, que compõe um bloco crítico na atual Diretoria do Sindicato, principalmente devido à necessidade de um maior aprofundamento do trabalho de base, para serem junto conosco a ponta de lança dessa campanha na categoria.

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