Quinta 28 de Março de 2024

Cultura

CICLO DE FILMES GRUPO MEDVEDKINE

Imagens da Classe Operária na França de 1968

06 Aug 2008 | Impulsionado pela Liga Estratégia Revolucionária - Quarta Internacional e pelo Movimento A Plenos Pulmões   |   comentários

Neste ciclo exibiremos os filmes do Grupo Medvedkine, inéditos na língua portuguesa. Lançados no mês de junho na Argentina numa parceria entre ISKRA e CONTRAIMAGEN, chegam agora ao Brasil a partir de um trabalho militante de tradução feito pela LER-QI. ISKRA é a produtora de Chris Marker, cineasta militante com uma vasta produção desde os anos 1950, como La Jetée (1962), Le joli mai (1962), o Fundo do ar é vermelho (1977), Level Five (1996). Marker também foi produtor de filmes como a legendária “A Batalha do Chile” de Patrício Gruzman. CONTRAIMAGEN é um coletivo de jovens artistas militantes de esquerda da Argentina que vem produzindo vários documentários sobre a classe operária como Revolução e Guerra Civil Espanha (2006), Oaxaca, o poder da Comuna (2006), dentre inúmeros outros.

No final dos anos 1960, Chris Marker promoveu e organizou a formação dos Grupos Medvedkine nas localidades francesas de Sochaux e Besançon. O nome foi escolhido como homenagem ao cineasta soviético Alexander Medvedkine quem, depois da Revolução Russa de 1917, impulsionou o “Cine-trem” para percorrer ao amplo território soviético retratando a vida dos operários e camponeses, com quem elaborava conjuntamente cada filme. Retomando esta experiência, os Grupos Medvedkine, buscaram retratar a vida operária na plena França de 68. Estavam constituídos por jovens cineastas junto a operários de distintas fábricas. Seus filmes se opuseram a qualquer valor mercantil, buscaram canais alternativos de difusão e reivindicavam, antes de tudo, gerar um debate, abrir um diálogo. Seus documentários permitiram ver esse mundo operário tão ocultado pela maioria do cinema.

A 40 anos do Maio Francês, uma ampla variedade de homenagens e reivindicações oculta o conteúdo revolucionário e a destacada participação operária em 1968. Estes documentários dos Grupos Medvedkine (só uma mostra de sua grande produção) nos aproximam de uma forma profunda dos principais protagonistas da história e nos abre uma discussão histórica e atual sobre a classe operária e o cinema.

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Sessões

Dia: 21 / 08 / 08 (quinta-feira) ’ 19h

OS OPERÃ RIOS TAMBÉM

(“Les ouvriers aussi” )

França / 2007 (35 min)

Uma olhada ao passado conduzida por Bruno Muel, cineasta da ISKRA e membro do Grupo Medvedkine em 1968, e por Xavier Vigna, historiador que recentemente lançou um livro sobre a insubordinação operária francesa nos anos 1960. Este curta-metragem destaca o protagonismo dos trabalhadores com valioso material de arquivo e fragmentos de filmes da época. Será exibido na abertura de cada sessão.

ATÉ LOGO, ESPERO

(“A bientót j´espère” )

Chris Marker / Mario Marret, 1967 / França. (44 min)

O documentário retrata de maneira direta a greve ocorrida na fábrica têxtil de Rhodiaceta, na localidade de Besançon, em março de 1967. Acontecia ali a primeira ocupação de fábrica pelos operários desde 1936. Chris Marker foi chamado à Besançon para registrar o desamparo, o isolamento, mas também a audácia dos operários da Rhodia que reivindicavam um trabalho mais humano, mas também um direito à cultura. É o antecedente mais importante das produções dos coletivos cinematográficos que se expandiram ao calor dos sucessos de maio de 1968.

SOCHAUX, 11 DE JUNHO DE 1968

(“Souchaux, 11 juin 1968” )

Coletivo de cineastas e trabalhadores de Souchaux, 1970 / França (20 min)

Um filme destinado a relembrar a morte dos operários Beylot e Blanchet, assassinados pela brigada da polícia enviada pelos patrões da fábrica Peugeot em 11 de junho de 68. Depois de 22 dias de greve a polícia ocupa pela força a fábrica, ferindo 150 e matando 2. A repressão foi a forma utilizada por De Gaulle e a burguesia para frear o maior ascenso operário já vista na França.

Dia: 28 / 08 / 08 (quinta-feira) ’ 19h

OS OPERÃ RIOS TAMBÉM

(“Les ouvriers aussi” )

França / 2007 (35 min)

Uma olhada ao passado conduzida por Bruno Muel, cineasta da ISKRA e membro do Grupo Medvedkine em 1968, e por Xavier Vigna, historiador que recentemente lançou um livro sobre a insubordinação operária francesa nos anos 1960. Este curta-metragem destaca o protagonismo dos trabalhadores com valioso material de arquivo e fragmentos de filmes da época. Será exibido na abertura de cada sessão.

CLASSE DE LUTA

(“Classe de lutte” )

Grupo Medvedkine de Besançon, 1968 / França (39 min)

Relata a criação de uma seção sindical da CGT na fábrica de relógios Yema em 1968. A protagonista deste feito é Suzanne Zedet, operária que aparece nas imagens de “Espero que esteja pronto” , ocultada e timidamente reservada por seu marido. Ela mantém o seu corpo discreto, quase muda ainda quando o desejo de falar aflora, retido todavia por sua timidez, o peso das tarefas domésticas e a dificuldade de conciliação de uma vida melhor e de mãe com as exigências da militância política. Em dezembro de 1967, Suzanne se cala. Em Classe de Luta ela tomou a palavra e, as razões que lhe impediam falar, se bem que não desapareceram totalmente, parecem resolvidas na ação.

COM O SANGUE DOS OUTROS

(“Avec le sang des autres” )

Grupo Medvedkine de Sochaux, Bruno Muel, 1974 / França (56 min)

Uma descida ao inferno. O trabalho na linha de montagem da Peugeot. Som direto e imagem simples, ensurdecedora imagem. Isso é o essencial do império Peugeot: a exploração em excesso do trabalho humano. E fora da fábrica, a exploração continua. Grandes armazéns, supermercados, distrações, férias, alojamentos, a própria cidade, tudo ao horizonte é Peugeot. A violência é diretamente percebida pelo espectador, que rapidamente acha insuportáveis as seqüências filmadas ao interior da fábrica. Repetidas, elas indicam a natureza mesmo do trabalho (sempre os mesmos movimentos, sempre o mesmo estado de fabricação), cinematograficament e longas, elas são a tradução do tempo real.

MIS (Museu de Imagem e Som de Campinas) nos dias 21 e 28 de agosto, às 19h (Endereço: Rua Regente Feijó 859)
IFCH - Unicamp nos dias 11 e 18 de setembro, às 18h (Auditório 2)

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