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Questão negra

CAMPANHA INTERNACIONALISTA

Haiti - 10 anos de ocupação

03 Jun 2014   |   comentários

Negros vivendo em condições de miséria, que são repreendidos pela polícia diariamente, têm seus bairros cercados pelas tropas militares, tendo cerceada sua liberdade de manifestação e qualquer outro direito básico, convivendo com o medo e a morte. Essa é a realidade vivida por quase 9 milhões de negros no Haiti.

Negros vivendo em condições de miséria, que são repreendidos pela polícia diariamente, têm seus bairros cercados pelas tropas militares, tendo cerceada sua liberdade de manifestação e qualquer outro direito básico, convivendo com o medo e a morte. Essa é a realidade vivida por quase 9 milhões de negros no Haiti.

Neste 1° de Junho completam 10 anos da ocupação militar brasileira no Haiti, operação liderada pela ONU e chamada de MINUSTAH, que significa: missão humanitária de estabilização do Haiti, instituída pela ONU. Em 2004 a situação no Haiti era insustentável 60% da população viviam abaixo da linha da pobreza, os trabalhadores e o povo pobre responderam fazendo com que uma onda de manifestações, greves e saques atingisse todo o pais , em resposta o imperialismo norte americano interviu diretamente no conflito com os fuzileiros navais, o saldo foi uma centena de mortos e a renuncia do até então presidente Aristide. Desde então, o foco dos Estados Unidos foi a preservação das condições de comércio do Haiti, grande exportador de açúcar e, principalmente, grande produtor de mão-de-obra barata para a indústria têxtil, e que, pela localização geográfica do país, faz com que ele tenha vantagens nas negociações com os países norte americanos.

Em acordo com Imperialismo norte americano o Brasil assumiu o controle das “Forças de estabilização do Haiti”. O papel do Brasil na opressão do povo haitiano é assustador: foi o país que mais enviou tropas, cujo contingente militar é de 7.340 soldados. Mais de 15 mil soldados brasileiros já passaram pelo Haiti, e hoje cerca de 2.000 homens fazem parte da MINUSTAH. Dados oficiais mostram que de 2004 até 2012 foram gastos R$ 3,04 bi com a "missão brasileira". Apenas R$ 709 milhões do total foram reembolsados pela ONU, o que estaria previsto pela legislação das Nações Unidas. R$ 689 milhões foram gastos só com adicionais salariais (pagamento em dólar para além do salário que já recebe no Brasil) aos militares que servem na ocupação. Esse adicional pode chegar a US$ 3 mil (R$ 6.700) mensais por pessoa, dinheiro este que deveria ser investido em educação, saúde e em melhores condições de vida dos brasileiros. Desde 2004, a MINUSTAH foi alvo de inúmeras denúncias e acusações. Desde inúmeros casos de estupros e assassinatos até a responsabilidade de levar ao país uma epidemia de cólera. Os haitianos estão sendo massacrados lá desde a chegada das tropas do MINUSTAH, tendo no massacre de Citè Soleiul, quando um helicóptero do exército atirou contra as casas das famílias haitianas, causando a morte de crianças, idosos e adolescentes enquanto estes dormiam. Estas tropas cumprem um papel cotidiano de repressão, como ficou evidente no caso das tropas do Sri Lanka que foram condenadas pelo estupro de diversas mulheres, inclusive crianças. No Haiti, os casos de estupro e exploração sexual infantil praticada pelas forças da ONU e da polícia haitiana, mesmo quando denunciados, seguem impunes. Devemos compreender que a repressão ao povo haitiano feita pelo Brasil e outros países tem o papel de silenciar a revolta do povo e dos trabalhadores que lutam pelos seus direitos.

A Revolução Haitiana

No século XVIII a até então mais próspera colônia da França é atingida pelos ideais da revolução francesa e torna-se o primeiro pais latino-americano a se tornar independente. Sob a luz da revolução francesa surgiu à aliança revolucionaria entre brancos pobres da metrópole, trabalhadores mulatos e negros escravos que permitiu a vitória da revolução. O processo contra revolucionário atacou principalmente essa aliança instalando o ódio racial dos mulatos contra os negros, em pouco tempo negros e mulatos lutavam entre si, Toussaint L’Ouverture líder dos ex-escravos conduzi-os a vitória sobre o mulatos obrigando Napoleão enviar um exercito de 60 mil homens para restaurar o sistemas escravista, os negros ergueram sua bandeiras para a batalha, nelas as palavras “Liberdade ou Morte!!!”.Foi a derrota do exercito mais poderoso da Europa e a declaração de independência do Haiti. A vingança das classes dominantes de todo mundo foi o afastamento comercial e descredito da nova republica. Semelhante à revolução bolchevique do século 20, a burguesia não perdoou os oprimidos que se levantaram para lutar por sua liberdade politica. A revolução haitiana nos deixa o legado que somente os trabalhadores negros e brancos unidos de forma independente podem lutar contra a opressão imperialista.

“Ajuda Humanitária?”

Em 2010 um terremoto atinge o Haiti causando mais de 300 mil mortes, é um desastre naturalmente capitalista. O tremor que atingiu o Haiti teve intensidade de 7.2, um mês depois o Chile foi atingido por um tremor de intensidade 8.8, o saldo 100 mortes no Chile e 300 mil mortes no Haiti e até hoje 4 anos após o desastre o país não se recuperou mesmo com toda “ajuda humanitária” internacional. A verdade é uma e única não existe ajuda humanitária no Haiti, o que existe é simplesmente a sedenta procura por lucro da burguesia, altos índices de desemprego, falta de agua, luz, saúde, educação essa é a realidade do povo haitiano, país onde a comida mais popular é o biscoito de barro com manteiga e sal.

Tal quadro tem feito com que muitos haitianos abandonem o país em busca de uma vida melhor, hoje existem dois fluxos imigratórios no Haiti o Canada é destino dos haitianos com melhor posição social, 80% dos haitianos com curso superior esta fora de seu país. Outro fluxo é o Brasil destino dos que conseguem juntar 3 mil reais para pagar a coites para chegar no pais. Dados oficiais estimam que até o final de 2014 50 mil haitianos vão estar em terras brasileiras, ao chegar são seduzidos por empresários e são submetidos a trabalho semiescravo.

A situação do Haiti só pode ser superada em base de um programa revolucionário, o imperialismo nunca ajudou e nunca ajudara o povo haitiano, é necessário um plano de obras publicas que gere emprego para a população e coloque o país de pé construindo casas, hospitais e estradas. O Haiti precisa de médicos, engenheiros, técnicos em fim todo um corpo de profissionais tecnicamente capazes de orientar a reconstrução do país e sob a orientação do povo haitiano que deve decidir o que fazer e como fazer, organizando-se em grupos por região, com delegados votados, para gerir os recursos enviados pela classe trabalhadora do mundo inteiro, só assim com a auto-organização e ajuda da classe trabalhadora internacional o Haiti pode se reconstruir.

A tarefa dos revolucionários

Nós, negros trabalhadores, devemos nos unir para lutar contra este sistema de opressão e exploração e entender que os ataques sofridos negros qualquer lugar do mundo é um ataque a classe trabalhadora. É tarefa do movimento negro e organizações de esquerda brasileira defender os negros do Haiti que estão sendo vitimas da ganancia imperialista da forma mais brutal, é necessário entender que o mesmo governo que nos ataca aqui é o mesmo que legitima a barbaria no Haiti sob o comando das tropas da MINUSTAH. Os mesmos soldados que outrora estavam no Haiti, hoje ocupam favelas no rio com as Upp’s.
O Brasil cumpre papel fundamental no saque ao Haiti e os revolucionários brasileiros não podem fugir a essa questão, é necessário um sindicalismo de base que discuta , denuncie e organize os trabalhadores nos seus locais de trabalho, a luta da classe operaria brasileira revolucionaria contra esse sistema que nos oprime e explora é a principal e mais importante ajuda contra o saque imperialista ao Haiti, assim como a revolução haitiana inspirou escravos a se rebelarem contra seus senhores no Brasil a luta da classe operaria revolucionaria brasileira vai fazer com que os trabalhadores e povo pobre se levantem como em 1791 e escrevam na historia do Haiti mais uma revolução.

Fora as tropas da Minustha! Fora as tropas brasileiras do Haiti!

Garantia de todos os direitos aos haitianos que se chegam no Brasil!!!

Que os lucros dos grandes monopólios e toda ajuda humanitária sejam utilizadas para o atendimento médico e social da população!

Que os recursos sejam controlados pelas organizações populares e dos trabalhadores!

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