Sexta 19 de Abril de 2024

Teoria

Debate sobre a Revolução Russa na USP

Há algo de novo no ar

09 Nov 2007   |   comentários

Fukuyama voltou atrás e a história não acabou. A classe operária que tinha sua existência negada inclusive do ponto de vista sociológico, já é para alguns, ator coadjuvante. Há algo de novo no ar. E, no entanto muitos professores e correntes ditas de esquerda insistem em olhar para o mundo, e em particular para os estudantes, com um olhar impotente e proclamar “os estudantes não querem discutir” . A realidade vai na contramão deles, e com isso queremos discutir a importância da luta de idéias.

Partimos de um fato: realizamos junto a Boitempo Editorial um importante debate na USP, dia 18/10 que além de prestar uma homenagem a Boris Schnaiderman, teve como debatedores: Chico de Oliveira (USP), Michel Löwy (EHESS) e Christian Castillo (UBA) e contou com a presença de quase 200 pessoas. O debate em si expressou muito do “velho” com Chico de Oliveira insistindo contra a “ortodoxia marxista” . Disse o que teria dito cinco ou dez anos atrás. Fazendo um combate ao “dogmatismo” descolando o marxismo das novas tarefas intelectuais como o combate aos “pequenos relatos” e ao “relativismo” .
Os estudantes que afluíram a este debate não foram atrás de mais um “pequeno relato” e sim de ouvir sobre “A Atualidade da Revolução Russa” . E este debate se dá no marco de outras atividades na USP que apontam algo novo na subjetividade dos estudantes. Em setembro organizamos um debate sobre a atualidade da Revolução Russa com Edison Sales e os professores Luiz Martins e Jorge Grespan que contou com mais de uma centena de presentes; o PSTU organizou o lançamento de História da Revolução Russa com intelectuais, com número similar de presentes; além do Colóquio “Marx e os Marxismos” organizado em uma das universidades mais anti-marxistas do país. Não houve assembléias que atraíssem tantos estudantes.

É possível olhar para este cenário e afirmar “os estudantes não querem discutir” ? É possível. Desde que partamos de olhar para o mundo de hoje afirmando que ele está igual aos anos 90 e que cabe aos estudantes organizar rodinhas de discussão herméticas e esotéricas sobre algum plebiscito, algum fórum “nacional” e convocar auto-justificáveis marchas à Brasília. Os estudantes querem discutir coisas mais sérias.

Sabemos que somos poucos e nem tão bons, mas nos orgulhamos de tentar com a mesma humildade do que tentamos enfrentar uma universidade elitista e racista forjar uma ala pró-operária dos estudantes, contribuir no aspecto seguramente mais débil do marxismo no Brasil, a teoria. Pois, sem fazer do marxismo uma potência altissonante mesmo antes de seu peso nas massas abre-se caminho à burguesia. Os estudantes mostram sinais de que a esquerda pode sair um pouco de sua concha, mas para isto é preciso tratar a luta de idéias com a importância que é dada as lutas económicas e políticas. Sem pensar o mundo é impossível transformá-lo radicalmente.

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