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Greve a partir de 18/9 deve enfrentar nova postura do governo e da patronal, e “corpo mole” das direções pelegas

17 Sep 2012   |   comentários

Após um ano marcado pelo aumento incessante da pressão diária, do assédio e do adoecimento dos trabalhadores nas agências e departamentos, a categoria bancária se encaminha para mais uma greve nacional a partir do dia 18 de setembro – a menos que alguma improvável manobra coordenada entre a Fenaban, o governo federal e a Contraf-CUT (a Confederação Nacional dos Bancários, cujo eixo é o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região) “tire da cartola” um acordo capaz de desviar o movimento.

Apesar do cenário de impacto mais claro da crise internacional sobre a economia brasileira, o setor bancário ainda registrou enormes lucros neste ano, com aumento inclusive sobre os lucros recordes dos anos passados, e com destaque especial para a Caixa Econômica Federal, que foi o banco que mais expandiu sua participação no setor.

Enquanto isso, para os bancários a patronal e o governo não oferecem mais do que a reposição da inflação, e uma migalha de PLR para tentar encobrir o descontentamento.

Ainda que seja impossível prever o desenlace do movimento – ainda mais porque a palavra final terá que ser dada pelos trabalhadores em luta, que ainda não se pronunciaram –, sinais diversos mostram que o Sindicato de SP acena para uma greve curta – mais “para constar” e evitar um desgaste que poderia ser enorme diante da base em caso de não haver greve – e centrada em conquistar algum aumento superior nos vales refeição e alimentação, e uma PLR razoável ao menos para aplacar os ânimos e empurrar o problema da corrosão salarial (que se perpetua, a despeito da propaganda oficial sobre “aumento real”). Entre a categoria, que principalmente nos bancos públicos acumula uma tradição de justa desconfiança na direção pelega do Sindicato, já se comenta à boca pequena que o desejo da burocracia é começar e encerrar a greve o mais rápido possível, para então poder concentrar todo o seu aparato nas eleições municipais, onde eleger Haddad é prioridade absoluta.

Nossa política

Seguindo o caminho aberto pela greve do ano passado, onde construímos uma alternativa de organização independente a partir da base no que ficou conhecido como o “Piquete da Sete”, este ano nos lançamos a colocar todas as nossas forças para desenvolver uma coordenação pela base que, a partir do centro de São Paulo, ajude a rasgar o “script” montado pelo Sindicato e ao qual as correntes de oposição, em particular o MNOB/Conlutas, que é a majoritária, termina se adaptando.

Vamos levantar bem alto na greve não apenas a denúncia das condições de trabalho cada vez mais extenuantes nas agências e o nível de exploração manifesto nos obscenos índices de lucro do setor financeiro – mas principalmente a superexploração dos setores terceirizados (inclusive estagiários) dentro e fora das agências. Se dentro delas um contingente significativo ajuda a garantir o funcionamento, tendo que suportar jornadas mais longas e condições de salário e direitos extremamente piores, fora delas é que se encontra o “xis” do planejamento estratégico dos grandes bancos, e em particular, da Caixa. É que, seguindo a tendência mundial do capital a buscar nichos de hiperexploração, na Caixa a “galinha dos ovos de ouro” responde pelo nome de Lotéricas e Correspondentes bancários. Ali, os trabalhadores – aliás, em sua maioria, As trabalhadorAs – recebem cerca de um salário mínimo para realizar um serviço diretamente idêntico ao dos bancários, apenas com condições de segurança e ergonomia incomparavelmente mais precárias.

Para nós, a chave para o triunfo da greve está na iniciativa da categoria para tomar a greve em suas mãos e impor suas formas de auto-organização (piquetes, coordenações locais e regionais, etc) por sobre o aparato do Sindicato. Além disso, este ano teremos novamente a possibilidade de uma unificação direta das greves de bancários e dos trabalhadores dos Correios, o que exigirá furar o bloqueio das direções de ambos os sindicatos (os pelegos da Articulação/PT em bancários, e os do PCdoB nos ecetistas) e impor a unificação a partir da radicalização da base das categorias. Nesse sentido, é essencial denunciar amplamente o papel vergonhoso que a direção dos bancários desempenhou ano passado, quando usou os trabalhadores ecetistas para encher a única passeata comum organizada pelos sindicatos, e abandonou-os de maneira mais asquerosa quando o governo, o TST e a direção da ECT impuseram o desconto dos dias e o pagamento com trabalho gratuito aos fins de semana até maio deste ano.

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