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Internacional

PARALISAÇÃO OPERÁRIA 11J NO CHILE

Grande paralisação operária no Chile

12 Jul 2013 | Na quinta 11 de julho se realizou no Chile uma Paralisação Nacional convocada pela CUT. Foi a maior mobilização convocada por uma organização dos trabalhadores desde o fim da ditadura. À paralisação dos trabalhadores se somou o movimento estudantil na convocatória e nas ruas. Depois da paralisação e mobilização operária-estudantil de 26 de junho, a unidade dos trabalhadores e estudantes segue avançando. Com um governo e um regime debilitados, deslegitimados, a luta de classes continua sua tendência a intensificar. Toda a herança da ditadura, conservada e aprofundada pela Concertación e a direita, está ruindo. Mas grandes desafios se preparam. A classe patronal e seus partidos da direita e a Concertación, não ficarão imóveis: agora anunciam reformas ao questionado regime político para oxigená-lo, mudando algo para que nada mude de fundo. Novos enganos para o povo trabalhador estão se cozinhando, e tem que se preparar para enfrentá-los pondo em pé um partido operário revolucionário.   |   comentários

A paralisação nacional de 11 de junho convocou a mobilização – chamada pelos trabalhadores – a maior desde o fim da ditadura. Mais de 100.000 em Santiago e mais de 50.000 em Regiones [estados], os trabalhadores e suas organizações sindicais e da esquerda percorreram as ruas de todo Chile.

A classe trabalhadora entre em cena

A paralisação nacional de 11 de junho convocou a mobilização – chamada pelos trabalhadores – a maior desde o fim da ditadura. Mais de 100.000 em Santiago e mais de 50.000 em Regiones [estados], os trabalhadores e suas organizações sindicais e da esquerda percorreram as ruas de todo Chile. O movimento estudantil, ainda que em um momento de retrocesso depois da luta destes últimos meses, fez parte da convocatória e da mobilização. A unidade operária estudantil nas ruas de 26 de junho segue avançando.

No mesmo dia, no Brasil se realizava também uma Paralisação Nacional, e se somam as mobilizações e paralisações dos trabalhadores da Argentina e Bolívia. Em todo Cone Sul latino-americano começa a entrar a classe trabalhadora.

E no Chile, foi antecedido por paralisações em todos os setores da economia, em todo o país. Entre estas paralisações, a dos trabalhadores mineiros e os trabalhadores portuários com a paralisação de 22 dias em abril.

Um dia antes da Paralisação Nacional, em quarta 10 de julho, já se realizaram as primeiras ações da luta: a CUT e estudantes tomaram a Inspeção do Trabalho na cidade sulista, Concepción. Mais ao Sul, na região dos Ríos, estudantes e trabalhadores realizaram uma ocupação pacífica na Secretaria ministerial do Trabalho. Barricadas foram incendiadas na frente da Universidade de Playa Ancha em Valparaíso. Teve panelaços em Santiago e na cidade em Porto Mont ao sul do país.
O dia 11 se inaugurou com a luta nas ruas (em espanhol “callejera”). De manhã, cortes e barricadas nas ruas e nas estradas, desta vez, protagonizadas, muitos deles, por trabalhadores. Entre estes, em Santiago: 20 barricadas; concentrações de dirigentes da CUT em diferentes pontas da cidade; manifestação de trabalhadores aeronáuticos e funcionários da companhia aérea LAN, na zona de embarques, com atrasos dos voos; a queima de um ônibus do Transantiago. Em Calama, barricadas nos acessos às estradas que se dirigem para algumas minas como Chiquicamata. Ministro Hales, RT e Gaby; barricadas nas vias do trem. Na II Região de Atacama: trabalhadores mineiros bloqueiam o acesso a El Salvador. Na VIII Região do Bio Bio: 7 barricadas na Concepción; barricadas em Chiguayante, Coronel, Lota, Hualqui; os sindicatos 1 e 3 de trabalhadores da Universidade de Concepción tomaram a Avenida Chacabuco. Na V Região de Valparaíso: 5 barricadas em Valparaíso; 2 barricadas na Viña Del Mar; barricadas na linha férrea de Merval e Errázuriz. Bloqueio de ingressos nas divisões Salvador, e em Andina na Região de Valparaíso. Em Iquique, barricadas na zona sul da comuna e o setor Bajo Molle. Na VI Região Lib. B. O´Higgins, barricadas no acesso El Teniente. Em Chiloé: tomaram o acesso à ponte Pudeto, na saída da comuna de Ancud, e barricadas em vários pontos da ilha.

Trabalhadores de ENAP realizaram uma ocupação pacífica da Rotonda Concón. Em Valdivia, funcionários da UACH bloquearam acessos a campus, e teve barricadas em 3 pontos da cidade. Em Ancud, barricada na Rota 5 Sul a altura do setor Mutrico.

A paralisação foi quase total no Setor Público, Municipalidades, Correios (ainda que o Governo diga que foi de só 2%); na Saúde teve paralisações parciais e de "braços caídos"; paralisações parciais também nas minas. No setor privado, com maior dificuldade para paralisar pela ditadura patronal, nas empresas industriais medias e pequenas, não foram trabalhar 25% dos trabalhadores, e se somarmos os atrasos (como ações dentro da Paralisação) chega até 50%. A mobilização em Santiago reuniu mais de 100.000 trabalhadores e estudantes.

As colunas sindicais predominavam. Entre elas, bandeiras da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), da Associação Nacional dos Empregados Fiscais, de trabalhadores da Saúde, estudantes, trabalhadores do cobre, de Colégio de Professores, trabalhadores do Subus, de Walmart, Federación Nº1 dos trabalhadores ferroviários, Serviços de Impostos Internos, Confederação de Trabalhadores Automotriz, maquinarias e peças, Sindicato Nacional de Trabalhadoras de Casas particulares, Correios de Chile. Também, as organizações do movimento estudantil. Também, as organizações de esquerda.
Foi um feito político da classe trabalhadora.

A luta do movimento estudantil está em retrocesso, produto da política das direções oficiais da CONFECH e os coletivos populares, que dividiram votando contra as ocupações e as paralisações, ou se somando no último momento ou se abstendo. Mas esta luta segue aberta porque nenhuma de suas demandas tem sido respondida. Foi aberto o caminho da unidade operária-estudantil. A luta de classe continua sua tendência a se intensificar.

Por isso, a classe patronal e seus partidos de direita e a Concertación também se colocam em movimento, com suas tentativas de oxigenar o regime. Preparam novos “truques” para usurpar a luta, desviá-la, tirá-la das ruas, tentar freá-la.

Por isso a força que volta a por em movimento a classe trabalhadora, não pode se deixar enganar. Para isso, deve se preparar para tirar suas direções burocráticas que sairão mais legitimadas a partir dessa Paralisação com mobilização.

PC: Aos pés do patrão

A força demonstrada pelos trabalhadores tentará ser desviada levando-a aos pés da classe patronal. O PC que dirige a CUT junto à Concertación, agora integra um pacto político, Nueva Mayoría, que prepara novos enganos para o povo trabalhador.

Não só isso. Os dias prévios à paralisação, Bárbara Figueroa, militante do Partido Comunista e presidenta da CUR, agradecia a Confederação da Produção e do Comércio (CPC), a maior associação patronal do Chile, por seus discursos sobre a necessidade de reformas trabalhistas. Disse: “Eu creio que uma das grandes conclusões é que tanto os trabalhadores como o mundo dos empresários, que entendemos não está radicado na CPC, aqui existe um ator que nos falta, que é o mundo da micro, pequenas e medias empresas, que também tem muito que dizer em matéria trabalhista, mas que desde o presidente da CPC se faz um reconhecimento tão explicito a que aqui é necessário abordar o tema das desigualdades, que estas tem origem no mundo do trabalho e que, portanto, as reformas tem que ser substantivas e não meros ajustes, eu creio que essa é uma questão importante de ser escutada e que outros a reconheçam”.

Contudo, sabemos que os patrões as querem para, também, oxigenar o clima, e como moeda de troca para uma maior flexibilização (precarização) dos trabalhadores. Ademais anunciam reuniões, que serão privadas e secretas, na OIT para apresentar uma proposta conjunta.

Reeditando a política do dialogo social, ainda que com mobilização, como modo de pressão, querem levar a força dos trabalhadores aos pés dos patrões e seus candidatos como Bachelet e Longueira.
Frente a isso, têm surgido outras políticas.

Denúncias impotentes e divisão

Frente estas políticas da direção oficial da CUT, se vem tentando (sem resultados maiores) agrupamentos de outros setores sindicais. Entre eles tem surgido a Unión Portuaria, que protagonizou a grande paralisação nacional portuária de 22 dias em abril. Frente à convocatória da CUT para a Paralisação Nacional, seus dirigentes se detiveram. Não aderiram. Dizendo, algo correto, que a CUT é burocrática. Mas suas denuncias são impotentes. E dividem as filas dos trabalhadores.

O único caminho para tirar as direções oficiais burocráticas, e suas políticas de dialogo social, é fortalecer as fileiras dos trabalhadores. Fortalecer suas lutas. O caminho para que a classe trabalhadora volte a ganhar confiança em suas próprias forças. E se organizando em base a outra política.

Pela unidade classista, sem patrões, combativa e democrática dos trabalhadores. O regime e seus partidos de direita e a Concertación, preparam novos enganos. A direita quer reformas para oxigenar o regime. A Nueva Mayoría faz uma vez mais falsas promessas. As distintas variantes patronais querem mudar algo para que nada mude, e assim tratar de impedir que os trabalhadores lutem por uma saída própria, independente das distintas variantes patronais, aos padecimentos que asseguram os patrões.

E os que preparam: os impactos das novas turbulências na economia internacional, já estão chegando ao Chile. E despedidos a conta-gotas se preparam em cada lugar de trabalho. A força dos trabalhadores, mostrada este 11 de julho, nas paralisações portuárias e mineiras, nas paralisações ao longo de todo esse ano, se debilitam por suas divisões, com a dispersão em distintas Centrais, Federações, sindicatos base. E se debilita com a política de diálogo social, ainda com mobilização.

A classe trabalhadora deve se preparar para enfrentar os ataques da classe patronal que já anunciam. Para dar uma resposta própria à crise – ainda contida- do regime herdado da ditadura. Se não, avançarão os ataques patronais e as saídas de seus partidos da direita e a Concertación.

É necessário por em pé uma Tendência Classista de Trabalhadores de Base para lutar pela unidade das fileiras dos trabalhadores com uma política sindical independente de todas variantes patronais, classista, sem patrões, combativa, recuperando os métodos da luta de classes, e baseada na democracia direta dos trabalhadores.

E frente às variantes patronais nas eleições e na política nacional, lutar para por em pé um partido operário revolucionário.

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