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Movimento Operário

Grande greve dos trabalhadores da Amazon na Alemanha

20 Dec 2014   |   comentários

2.500 trabalhadores da Amazon, uma empresa de comércio via internet na Alemanha, entraram em greve essa semana. Reivindicam um contrato coletivo, mas a multinacional norte-americana rechaça qualquer negociação.

2.500 trabalhadores da Amazon, uma empresa de comércio via internet na Alemanha, entraram em greve essa semana. Reivindicam um contrato coletivo, mas a multinacional norte-americana rechaça qualquer negociação.

Todo ano antes do Natal, a Amazon – a maior multinacional de comercio via internet – envia milhões de pacotes na Alemanha. Muitas pessoas desfrutam da possibilidade de comprar livros, brinquedos e uma quantidade incontável de produtos, diretamente via computador ou celular. Em muitos casos o pacote chega no dia seguinte.
Mas esse modelo funciona unicamente através da exploração dos trabalhadores.

Nos nove gigantescos armazéns da Amazon na Alemanha trabalham 9.000 empregados, mas no período antes do natal ainda se contratam outros milhares por somente 3 meses. Estes trabalhadores caminham até 20 quilômetros por dia buscando produtos, e muitos deles ficam doentes. Num dos centros de distribuição da empresa, em média 25% dos trabalhadores estão doentes (enquanto que a média na Alemanha está abaixo de 4%).

O sindicato de serviços. Ver.di, reivindica um contrato coletivo de acordo com as normas do setor de comércio. Isso significaria para a Amazon um aumento salarial de quase 20% e um abono natalino de 1.000 euros. Mas a multinacional com sede em Seattle (EUA) se nega a negociar com o sindicato. Desde maio de 2013 o sindicato vem organizando paralisações, e cada vez mais aumentam o número de grevistas. As últimas paralisações foram no final de outubro em seis armazéns.

Nessa segunda começou a maior greve realizada até agora, desde o início do conflito. Se somou ainda um sétimo centro logístico e já alcança um total de 2.500 trabalhadores em luta.

Para a Amazon, esta é a semana mais importante do ano. A companhia assegura que a greve não tem efeito e que todos os pacotes chegaram pontualmente. Para isso ela contratou muitos trabalhadores extras e inclusive abriu novos armazéns na Polônia para romper a greve. Para a empresa do multimilionário Jeff Bezos, se trata de uma questão de princípios não negociar com o sindicato.

O estado obriga os trabalhadores desempregados a aceitarem postos na Amazon – caso eles se neguem, sua assistência é cortada. E como se não bastasse, enquanto um trabalhador paga cerca de 20% de seu salário em impostos, a companhia mantém uma sede em Luxemburgo para economizar impostos e paga somente 1% de seus lucros!

Na segunda, em várias universidades berlinenses realizaram-se debates abertos onde os trabalhadores puderam debater com estudantes sobre sua luta. Na cidade de Leipzig no leste do país já existem muitas experiências de solidariedade estudantil, na última greve mais de 100 estudantes bloquearam as entradas do armazém.

Na quarta, uma delegação de estudantes foi ao armazém em Brieselang, perto de Berlim, (um dos armazéns onde ainda não chegou o conflito) para falar com os trabalhadores. Na quinta houve uma grande concentração de solidariedade no centro da capital alemã.

A greve vai continuar. A Amazon representa a vanguarda da ofensiva capitalista contra os direitos conquistados pelos trabalhadores nos últimos 150 anos na Alemanha. No mesmo sentido, os trabalhadores da Amazon – que persistem depois de 20 meses de luta – representa a vanguarda da luta contra a precarização.

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