Frente às expulsões, Unesp é chamada a prestar esclarecimentos na ALESP
25 Feb 2015 | Hoje, dia 25/03, o diretor do campus de Araraquara e o reitor foram chamados para prestar esclarecimentos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), numa audiência da comissão da verdade, podendo colocar a Unesp na lista das instituições que violam direitos humanos em plena democracia. O escândalo dos 17 estudantes expulsos também deve ser pauta como mais uma prova de como a Universidade ainda se pauta em um estatuto que carrega elementos da ditadura.
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Nos campus o autoritarismo e intransigência continuam. Na primeira reunião da congregação da Unesp Araraquara (órgão colegiado máximo do campus de Ciências e Letras), após a diretoria ter enviado à reitoria o pedido de expulsão dos 17 alunos, se recusou a pautar a sindicância que respaldou as expulsões. O órgão colegiado mostra seu papel de correia de transmissão das políticas de cortes e privatizantes, implementadas pela Reitoria e governo do Estado de São Paulo, lavando as mãos e se eximindo de se posicionar sobre o caso.
O teatro democrático da congregação em Araraquara acontece com o boicote aos representantes discentes que não são convocados às reuniões, tempo ilimitado de fala ao diretor da unidade e limitado os demais mandatários, impedimento de inserção de pauta, além da própria estrutura antidemocrática onde 70% de peso no voto é dos docentes e 15% para alunos e trabalhadores, cada um, sem mencionar o assédio moral que estão submetidos estudantes e funcionários.
Os professores e chefes de departamento se mostraram completamente alheios ao processo que foi ilegalizado na justiça comum pela ausência de provas, porém que continua a correr por dentro da burocracia universitária, que alega autonomia jurídica. Ao mesmo tempo que finge ignorar um dos maiores ataques a organização estudantil em anos.
O fisiologismo e a antidemocracia que se expressa na expulsão de estudantes sem mesmo que a própria unidade analise o processo sindicante e se posicione só mostra a urgência na transformação radical de todo o estatuto da Universidade.
Também na próxima reunião do Conselho Universitário, dia 26, a pauta sobre as expulsões foi retirada e foi adiada para uma próxima reunião do Conselho, ainda sem data.
Frente a tais fatos, o problema da democracia na Universidade se coloca para os estudantes como uma questão urgente. Já não é o primeiro ataque que ocorre nas três estaduais paulistas, desde 2009 com a entrada da PM na USP, depois 2011 com os 72 presos na mesma Universidade, em 2013 a Unicamp também tentou colocar a polícia dentro do campus. Todos esses processos o movimento estudantil respondeu com mobilização.
Assim, reverter a expulsão dos 17 é uma tarefa estadual, também no sentido de questionar e avançar na luta pela democratização da Universidade, do seu estatuto e também do acesso, hoje completamente restrito. Dissolver os concelhos universitários é o primeiro passo para tirar as decisões das mãos de uma burocracia privilegiada e coloca-la nas mãos de toda a comunidade Universitária. Somente quando cada estudante e trabalhador tiverem seu peso real e numérico expresso em voz e voto junto a cada professor, é que tais absurdos processos repressivos não serão práticas comuns nas universidades.
A campanha pela reintegração dos 17 deve continuar.
A campanha pela reintegração dos expulsos já conseguiu pressionar a burocracia universitária a rever as punições numa congregação futura. Para que o processo de perseguição cesse é necessário se pautar nessa primeira conquista para ampliar ainda mais as vozes que gritam contra a intransigência e criminalização do movimento estudantil e todos movimentos sociais.
É necessário o posicionamento em defesa dos estudantes expulsos por reivindicar por permanência estudantil. Portanto chamamos os professores, estudantes e trabalhadores das estaduais paulistas que se colocaram em luta na histórica greve de 2014 e se preparam para um ano de cortes e luta, a se somarem ativamente na campanha contra a perseguição política aos estudantes. Assim como as entidades estudantis, centros acadêmicos e os DCEs da USP e Unicamp.
Avançar nessa campanha é pressionar a congregação da Unesp-Araraquara e ao Conselho Universitário a não dar andamento à uma sindicância ilegal e persecutória, entendendo que essa é uma luta contra o estatuto antidemocrático oriundo da ditadura militar e pela defesa das políticas de permanência estudantil.
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