Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

ELEIÇÕES NO SINDICATO DOS METROVIÁRIOS DE SÃO PAULO

Fora a burocracia governista e aliada dos patrões (CTB-CUT)

16 Sep 2010   |   comentários

As eleições sindicais no Metrô de São Paulo ocorrem nesses dias com a participação de duas chapas. A chapa 1 (Rumo Certo) está encabeçada por Wagner Gomes, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e dirigente do PCdoB. Junto está o PT e a CUT, inclusive 8 demitidos da última greve, mesmo depois de em maio o PCdoB ter tentado aprovar o fim da ajuda financeira a esses ativistas para usar o dinheiro na “reforma da quadra esportiva do sindicato”. Se juntaram os dois partidos e centrais sindicais aliadas incondicionais (capachos) do governo Lula, mesmo com o presidente e ex-sindicalista atacando o direito de greve com o desconto dos dias parados dos servidores públicos. Para manter seus laços e privilégios no governo CTB e CUT se calaram diante disso. A chapa 1 não é apenas governista, porque também conta com a participação de candidatos a deputado e militantes do PSB (Partido Socialista Brasileiro), que de socialista não tem nada e cujo candidato a governador em São Paulo é nada menos que Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Ou seja, a chapa 1 é governista e patronal.

A chapa 2 (Oposição Unificada) está constituída majoritariamente por ativistas e ex-dirigentes do sindicato ligados ao PSTU (CSP-Conlutas) e ao PSOL (Intersindical), correntes que se colocam no campo antigovernista e antineoliberal. Essas duas correntes integravam o sindicato até 2007 em chapa conjunta com o PCdoB-PT (CUT), quando lançaram uma chapa que obteve 47% dos votos. Depois dessa eleição a oposição se dividiu, em função dos projetos políticos dessas correntes, uma (PSTU) construindo a Conlutas e a outra (PSOL) a Intersindical.

Somente agora, às vésperas das eleições (agosto) se unificaram para formar a chapa 2. Infelizmente, foi um processo despolitizado e burocrático, sem debate e mobilização de trabalhadores e ativistas que resultasse na formação de uma chapa combativa, democrática e classista armada de um programa antigovernista e antipatronal que atendesse aos interesses dos metroviários mas também à responsabilidade social e política desta categoria e seu sindicato para com os trabalhadoras e o povo pobre da cidade que são os principais usuários do metrô mais caro do mundo.

Para ganhar votos e estar no sindicato “vale tudo”?

Para entrar na corrida eleitoral essas correntes montaram a chapa 2 sem a eleição de representantes por setores, desprovida de um programa debatido nas bases e que fortalecesse e politizasse o legítimo sentimento anti-diretoria do sindicato que há na categoria, principalmente entre os metroviários contratados nos últimos anos. A chapa 2 foi constituída em acordos de cúpula, com um programa igual ao da chapa 1 e apenas diferenciando-se com o lema “mudar o sindicato, nos organizar para negociar de verdade”. Nenhuma denúncia da diretoria do sindicato pelo seu atrelamento ao governo Lula e aos capitalistas nem contra os planos governistas a favor dos capitalistas e contra os trabalhadores, principalmente numa perspectiva de vitória de Dilma e recrudescimento da crise econômica mundial. Nenhum debate ou proposta sobre a necessidade de expulsar esses burocratas sindicais para retomar esse importantíssimo sindicato das mãos do governo e colocá-lo na linha de frente da preparação da luta operária e popular contra as privatizações, terceirizações e precarização do trabalho impostas nesses 15 anos de governo tucano (PSDB-DEM-PPS), contra o alto preço das tarifas de transporte e por um plano de expansão e integração do transporte público estatal e controlado pelos trabalhadores do ramo e comitês de usuários (sindicatos, associações de moradores, entidades estudantis e populares). Nenhuma palavra sobre a necessidade de apoiar, unir e coordenar as lutas para que não sejam derrotadas e com sindicatos combativos como o Sintusp, defesa do direito de greve, contra os descontos dos dias parados, contra a repressão e punição aos lutadores. Nenhuma menção à tarefa especial que o sindicato dos metroviários deve ter para combater o corporativismo (defender apenas as demandas da categoria e no máximo “se solidarizar” com os demais trabalhadores e o povo). Os boletins da chapa 2 só pedem votos, deixando de esclarecer e conscientizar os metroviários sobre as tarefas que se impõem para enfrentar um futuro de mazelas sociais que reserva o recrudescimento da crise econômica mundial quando se encerrar o atual ciclo de recuperação econômica, exigindo dos sindicatos e trabalhadores preparar-se para lutas duras, com métodos combativos e unidade de toda a classe trabalhadora para que os capitalistas não nos façam pagar pela crise que eles geraram.

Como se não bastasse, em reuniões essas correntes decidiram “unificar” todos os metroviários opositores à diretoria atual, porém com um critério no mínimo vergonhoso. Literalmente propuseram “aceitar” na chapa metroviários que estavam de acordo com militantes da LER-QI, desde que se submetessem à mordaça, isto é, não poderiam fazer “qualquer crítica a nenhum dos setores da chapa 2”. Este tipo de veto e exigência reproduzidos pelo PSTU e pelo PSOL não e nada original, é a reprodução do velho modo petista-cutista de militar, onde as correntes se juntam para estar a qualquer custo nos sindicatos abrindo mão do sagrado direito de livre expressão e de crítica, proibindo que as diferenças políticas e programáticas fossem debatidas com os trabalhadores e a vanguarda, considerando esses apenas como “eleitores”. A democracia operária e a liberdade de tendências (unidade na ação e liberdade de expressão das propostas e críticas) são sacrificadas em nome da “unidade”, utilizando os mesmos métodos dos burocratas sindicais.

De um lado, o PSTU e o PSOL fecharam as portas aos setores conscientemente combativos, antiburocráticos e classistas, impedindo que companheiros da LER-QI e independentes compusessem a chapa mesmo com diferenças políticas mas com direito de debatê-las e expressá-las mantendo a unidade no combate aos burocratas sindicais. De outro, negociaram a entrada na chapa de um metroviário que nunca foi de “oposição” mas era um “bom puxador de votos” entre os seguranças do Metrô. Assim, entrou na diretoria executiva da chapa 2 o agente de segurança Messias. Pior que ser um “puxador de votos” que nunca foi ativista de oposição, ele é nada menos que membro do PPS (Partido Popular Socialista), ex-candidato a vereador por este partido em eleições passadas. Um partido patronal, neoliberal, alinhado de primeira linha nas privatizações (do Metrô, inclusive) e nos governos neoliberais tucanos desde a época de FHC e Mario Covas. Atualmente este partido faz parte do governo Kassab (DEM) e Serra, apoiando este para presidente e Alckmin para governador.

Nossa corrente tem como estratégia intransigente eliminar a burocracia sindical das organizações operárias e populares para revolucioná-las e colocá-las a serviço da luta operária e popular contra a exploração capitalista, seus governos, leis e instituições. Atuar nos sindicatos e até mesmo compor sua diretoria são tarefas de primeira ordem para os militantes combativos e classistas, porém não a qualquer custo, justamente porque a tarefa de expulsar os burocratas dos sindicatos está ligada à estratégia de recompor a vanguarda e os trabalhadores em torno dos princípios de classe (independência política e organizativa diante de governos e partidos patronais) e dos métodos do movimento operário classista e revolucionário (unidade, democracia operária, liberdade de tendências), única possibilidade real para preparar lutas sindicais e políticas contra a patronal e os governos que façam valer a força e o peso social e político da classe operária. E os metroviários, como categoria de primeira grandeza na luta operária dos “tempos modernos”, por sua capacidade de mover e parar grandes metrópoles como linha de frente avançada dos trabalhadores, precisam expulsar a burocracia governista e patronal para que esse sindicato se constitua num bastião da preparação de um novo movimento sindical e operário, antiburocrático, classista e combativo.

Precisamos dar uma resposta classista contra a burocracia governista e patronal

Apesar desse triste cenário montado pelas correntes opositoras, há de fato um forte sentimento dos metroviários para “mudar” a diretoria do sindicato. Não é, por certo, consciente e claramente antipatronal e antiburocrático, mas expressa descontentamento com as condições de trabalho e salário que cada vez mais são deterioradas pela atuação entreguista das burocracias sindicais. Contudo, é um sentimento progressivo que deve ser estimulado no sentido de abrir passos para constituir alas conscientemente antiburocráticas e antipatronais (classistas, não corporativas). A oposição (chapa 2) vê esse contexto apenas como possibilidade eleitoral, adaptando-se para ser o fator de “mudança” numa estratégia oportunista que cobrará seu preço logo adiante pela impotência que traz em assumir as difíceis tarefas de dirigir no sentido classista uma categoria como os metroviários que necessita ser fortalecida para enfrentar o cerco dos governos e partidos capitalistas e das instituições estatais repressivas (judiciário, polícia) na perspectiva de ganhar a confiança e apoio da maioria da população para suas lutas sindicais e políticas em prol de salário, contra a terceirização, pela efetivação dos terceirizados com iguais salários e direitos, contra as privatizações, pela reestatização e unificação do transporte público, contra os aumentos de tarifas e para que sejam os capitalistas que paguem o custo dos serviços de transporte, pois os trabalhadores não podem pagar para trabalhar (ser explorado).

Sem assumir qualquer compromisso político com a Chapa 2, sem deixar de fazer as críticas que devem feitas para não enganar ou iludir os trabalhadores, estamos lado a lado com todos os metroviários que desejam derrotar os burocratas governistas e patronais da chapa 1.

Alertamos, há meses, que nem PCdoB (CTB) nem PT (CUT) entregarão esse sindicato sem uma luta feroz. A CTB é presidida pelo presidente dos metroviários, assim como a Federação Nacional dos Metroviários é dirigida pelo PCdoB e o PT. Contando com a vitória de Dilma Rousseff esses burocratas tudo farão para manter o controle do sindicato, para não perderem peso político, mantendo seus privilégios num futuro governo pós-Lula. No caso mais difícil de uma virada eleitoral em São Paulo, com a ida de Mercadante (PT) para o segundo turno, esses sindicalistas precisam ter o sindicato nas mãos para fazer seus negócios privados num eventual governo petista. Isso demonstra que apenas os votos dos metroviários não assegurará a derrota da chapa 1. Muita fraude será preparada, contando com o apoio da direção da empresa (as chefias estão com a chapa 1) e até mesmo dos tucanos que obviamente preferirão ter no sindicato o PCdoB, o PT e o PSB num provável governo Alckmin. Tanto para os petistas como para os tucanos, o sindicato dos metroviários deve estar sob controle burocrático para não ameaçar os planos visando a Copa do Mundo e a expansão metroviária em prol dos lucros capitalistas.

Fora os burocratas da CTB-CUT!

Derrotar a chapa 1!

Combater a fraude eleitoral que a chapa 1 prepara, com a conivência da empresa e dos partidos patonais!

Sindicato é para lutar contra os patrões, seus governos e os burocratas, para unir e coordenar toda a classe trabalhadora e suas organizações combativas!

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