Quarta 24 de Abril de 2024

Movimento Operário

Falta de funcionários nos Correios deixa população sem cartas na região de Campinas

06 Mar 2015 | Esta semana, a carga acumulada no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTC/CTE) de Campinas e região atingiu a marca de 3 milhões de correspondências. Desde janeiro, os meios de comunicação regional tem noticiado o atraso nas entregas em diversos bairros da Região Metropolitana de Campinas, e o notável acúmulo nos centros de triagem.   |   comentários

Esta semana, a carga acumulada no Centro de Tratamento de Cartas e Encomendas (CTC/CTE) de Campinas e região atingiu a marca de 3 milhões de correspondências. Desde janeiro, os meios de comunicação regional tem noticiado o atraso nas entregas em diversos bairros da Região Metropolitana de Campinas, e o notável acúmulo nos centros de triagem.

Como os serviços expressos (mais rentáveis), como o Sedex, são priorizados, o maior impacto é no atraso das correspondências comuns, ou seja, as cartas, especialmente de cobrança de serviços, e principalmente na periferia. Sobra pra população, que tem que se virar para pagar suas contas vencidas e não sofrer cortes nos serviços básicos como água, energia e telefonia.

Há um déficit de aproximadamente 400 funcionários somente no CTC/CTE. Falta carteiros em praticamente todos os Centros de Distribuição (CDDs) da região, alguns chegando a faltar 7 carteiros, como foi o caso do CDD Vila Georgina no início deste ano, afetando a entrega em bairros como Vila Georgina e Nova Europa . A verdade é que o problema é crônico, regiões como o Ouro Verde e Campo Grande convivem com atrasos e suspensões na entrega cotidianamente. Nas agencias, a situação não é diferente, com os funcionários acumulando funções dos que se aposentam e dos que se afastam por razões médicas, que não são repostos.

Ao longo desses três meses, a ECT tem respondido que funcionários terceirizados foram demitidos devido ao fim do contrato com a empresa terceirizada, e que isso será solucionado com uma nova licitação. Além de não resolver o problema da população que utiliza os serviços da estatal e merece ser atendida, essa resposta revela um problema muito maior.

Já faz tempo que a contratação de mão de obra terceirizada tem sido motivo de batalha judicial entre a ECT e os sindicatos de trabalhadores, já que a entrega de correspondências é a atividade-fim da empresa, e não poderia ser terceirizada. A justificativa da empresa é sempre que se trata de uma medida de emergência para garantir as entregas de fim de ano, por exemplo.

Assim, a cada semestre, novos trabalhadores são contratatos, para serem demitidos no final. Uma realidade cruel para os chamados “MOTs”(mão de obra temporária) que mal tem tempo de aprender corretamente o serviço, e logo são colocados na rua de novo. Não se trata de uma situação emergencial e atípica, mas o modo como a ECT tem reestruturado a empresa a fim de explorar ao máximo os trabalhadores sem ter que garantir os já minguados direitos que oferece aos efetivos, como estabilidade, vale-alimentação e convênio médico. É uma maneira de dividir a categoria e lucrar mais à custa dos trabalhadores.

Em fevereiro, Wagner Pinheiro, presidente dos Correios, declarou que a falta de funcionários será suprida com uma nova modalidade de concurso, com contrato por tempo determinado. Isso comprova que o uso de MOTs nunca se tratou de “emergência” e sim um plano de reestruturação. Esse anúncio vem simultaneamente ao processo de reestruturação institucional da empresa, que privilegia áreas de negócios voltadas ao lucro ao invés de investir na estrutura da empresa e qualidade dos serviços. E não é um plano de agora, frente à crise, mas algo que já se encaminha desde 2011, quando foi aprovada em lei a ampliação do conceito de serviços postais permitindo aos Correios criar empresas subsidiárias, inclusive para contratação de mão de obra. Claramente, ao longo dos governos petistas o curso da ECT tem sido rumo à privatização.

Ano passado a ECT passou a fazer um discurso de que estaria em crise, com um lucro muito abaixo do esperado. Obviamente, com o país todo vivenciando uma crise econômica, a situação da empresa não tende a melhorar. No entanto, gastos exorbitantes são feitos de forma suspeita, como, por exemplo, inaugurar um novo complexo para tratamento de cargas em Indaiatuba em substituição ao CTC/CTE de Valinhos, com uma grandiosa obra em um terreno alugado e em seguida abandona-lo por falta de segurança.

Tanto a população quanto os atendentes, carteiros e operadores de triagem dos Correios, que fazemos a empresa funcionar, temos o interesse de que a ECT cumpra seu papel com qualidade, apenas isso. No entanto, a empresa é dirigida por uma casta que só visa ao próprio lucro e ainda descarrega os prejuízos sempre nas nossas costas, seja através da sobrecarga, dos ataques aos direitos, ou mesmo na péssima qualidade dos serviços prestados à população.

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