Quinta 25 de Abril de 2024

Movimento Operário

DEPOIMENTOS

Falam as trabalhadoras da União

29 Apr 2011   |   comentários

“Agora temos que ir ao 1º de Maio continuar a batalha pela efetivação”

Pra mim essa experiência foi uma experiência nova, apesar de já ter lutado na época da Dima. Tivemos muita força dos alunos. Aprendi que a gente não tem que deixar pra lá, temos que ter coragem, ir à luta sem medo porque às vezes as pessoas acham que a gente deve temer, que devemos parar. Mas temos que batalhar pelos nossos objetivos. Acho também fundamental continuar lutando pela efetivação, nós merecemos. Entramos nestas terceirizadas e sofremos muito, somos muito humilhados. A efetivação pode mudar o quadro de nossas vidas. Eu penso em continuar lutando pela efetivação, seja na profissão que eu estiver, quero ser efetivada e que todos sejam efetivados. Agora, temos que ir no 1º de Maio pra provar que a gente lutou, mostrar nossa luta e sofrimento, nessa passeata, pra todo mundo na rua, vendo que estamos unidos e batalhando pela efetivação. Esse é o verdadeiro sentimento da “união” dos trabalhadores.
Glória, trabalhadora terceirizada da União

“Olhando para baixo o que podemos enxergar?... Aprendi a lutar com o Sintusp.”

Essa experiência de estar nessa greve trouxe pra minha vida uma forma de conhecer o que eu não conhecia. A gente levanta de madrugada, enfrenta sol e enfrenta chuva pra poder chegar no local de trabalho, dar a sua mão de obra, ser honesto com o que faz, e muita das vezes isso não é reconhecido. Temos encarregadas ao nosso pé 24 horas, e a gente não pode nada. Eles podem tudo e a gente não pode nada. Isso deixa a gente um pouco deprimido e debilitado. Como a gente trabalha e não podemos ser livres? Eles queriam algo em troca e o algo em troca é o melhor de você, o que você tem pra dar. A gente chegava mas a cabeça sempre estava pra baixo, não podíamos levantar a cabeça nem falar com ninguém. Só tínhamos o direito de trabalhar. Me via como um animal. Eu não podia falar nem olhar pros lados. Com o andamento dessa greve e dessa luta eu aprendi muita coisa. Eu aprendi que devemos lutar pelos nossos direitos, que quando a gente se uniu, com os apoios dos alunos, principalmente do Sintusp que esteve do nosso lado e vai estar até o fim, eu aprendi que a gente tem que lutar. O Sintusp hoje na minha vida representa uma forma de ir à luta, mostrou pra mim que não devemos abaixar a cabeça. Muitos achavam que a gente tinha que estar de cabeça baixa, que não podia ter amizades, pois era isso o que colocavam pra gente, pra gente não ter entendimento das coisas, pra gente ser analfabeto. Afinal, olhando pra baixo o que podemos enxergar? Desta forma, muitos se tornaram certos animais. Mas eu aprendi a lutar com o Sintusp. Quero agora passar isso pros meus companheiros e companheiras, de que não se deve desistir fácil. Não devemos ter medo. Essa luta hoje é pra mostrar pra eles que nós não temos medo. Estamos nessa luta pra vencer.
Ana, trabalhadora terceirizada da União

“Falaram que a escravidão acabou, mas nós ainda estamos vivendo ela”

Pra mim significou muito esta experiência de luta. Não são todas as pessoas que têm o mesmo pensamento de querer lutar, e muitas não enxergam que não estamos lutando só pelo salário, que a luta poderia se estender a cada dia pra podermos ser efetivados pela USP. Eu vou tentar conversar com os outros colegas, da USP e do meu bairro, pra se unir e levar adiante essa luta. Acredito também que poderíamos todos nós da União ter vindo pra porta da Reitoria, mas foi fundamental a força dos estudantes, de professores e principalmente do Sintusp porque ajudou a trazer uma estratégia pra tentar levar o movimento à vitória. Os estudantes, eu acho que são as ‘colunas’ da USP, sem eles a universidade não existe. Com eles divulgando a nossa luta isso abriu o olho de muita gente. Estão tendo mais consciência do que acontece na “grande” USP. Agora é muito importante continuar lutando pela efetivação. (...) Muitas mulheres aqui que não tiveram condições, não têm estudo, vieram pra São Paulo como a maioria de nós nordestinos pra arrumar um emprego e ter uma vida melhor, e a gente acaba sendo escravo. Isso aqui é ser escravizado mesmo. Como eu disse no primeiro dia da greve, quando peguei o microfone: “falaram que a escravidão acabou, mas não acabou não, estamos vivendo ela”. É preciso se unir, e lutar.
Nick, trabalhadora terceirizada da União

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