Sábado 20 de Abril de 2024

Nacional

FLAKEPET – Ocupar a fábrica novamente para produzir e garantir empregos e salários

12 May 2004   |   comentários

Depois de três meses ocupando a fábrica, esta foi desocupada pela polícia por ordem judicial em 3 de março. Os trabalhadores passaram dois meses acampados em frente da fábrica sob sol, chuva e ameaça de policiais “à paisana” que agiam como “seguranças” do patrão. Agora, desde o dia 2 de maio, com o levantamento do acampamento e sem perspectivas de solução para os empregos, salários e direitos, os trabalhadores estão sofrendo a impossibilidade de satisfazer suas necessidades mais básicas

Durante esses longos cinco meses a luta dos trabalhadores da Flakepet se enfraqueceu não apenas pelas dificuldades objetivas impostas pelo patrão, pela justiça ou pela polícia. Tudo isso os trabalhadores já podiam esperar e teriam meios para combater. Se os trabalhadores da Flakepet hoje vivem este drama, grande parte se deve à estratégia burocrática da Comissão de Fábrica dirigida pela corrente O Trabalho e à estratégia sindicalista que o PSTU, através do sindicato, impuseram como direção do processo.

Cada vez fica mais claro que para garantir os empregos, os salários e os direitos da maioria dos trabalhadores da Flakepet a única saída é lutar para ocupar novamente a fábrica e colocá-la para produzir sob controle dos trabalhadores. Para isso, é necessário primeiro unir a maioria dos trabalhadores, trazer de volta os que abandonaram a luta, garantir o máximo de democracia e poder de decisão para os próprios trabalhadores, eleger livremente uma nova Comissão de Fábrica que represente todos os trabalhadores e se constitua como uma direção antiburocrática e combativa que dirija, daqui em diante, a luta pela garantia dos empregos e salários e a ocupação da fábrica com a produção controlada pelos trabalhadores.

Essa nova direção é uma questão de vida ou morte. Sem ela, com a manutenção da Comissão de Fábrica existente e das estratégias das correntes políticas atuais, pode-se até retomar a fábrica, mas será com uma minoria que não poderá garantir a defesa do emprego da maioria. Além de tudo, seria a repetição dos métodos burocráticos e autoritários que causaram essa divisão e desmobilização que enfraqueceu a luta. Dezenas de trabalhadores dizem que “com essa Comissão” não voltam para a fábrica. Estão certos porque não querem ser oprimidos novamente, mas o melhor caminho é justamente lutar contra essa opressão, convencer outros companheiros, unir a maioria para reto-mar o controle da luta para os trabalhadores e acabar com a opressão. Para a Comissão e a corrente O Trabalho, não lhes incomoda o que pen-sam os trabalhadores, pois pretendem continuar com seu domínio burocrático, e isso é mais fácil quando poucos trabalhadores atuam.

Os trabalhadores têm que confiar em suas próprias forças, assumir a direção da luta para que realmente seus interesses sejam defendidos, pois uma lição que se deve tirar é que os trabalhadores não podem confiar em correntes políticas ou dirigentes sindicais que falam em “defender” os trabalhadores, mas, na prática, atuam como dirigentes burocratas e negociadores, sem que os trabalhadores tenham o poder de definir os rumos da luta.

Uma nova direção, antiburocrática e combativa, deve garantir que quando a fábrica for retomada e a produção reiniciada, seja eleito um Conselho de Produção que seja responsável por planejar e executar as medidas para garantir e expandir a produção. Esse Conselho deve ser eleito democraticamente por todos os trabalhadores, elegendo representantes de cada seção para que todos possam conhecer, aprender e opinar sobre a produção. Para que nenhum trabalhador se transforme num novo “chefe” , esse Conselho seria rotativo. A prestação de contas, das finanças e de atividades produtivas e políticas, deve ser feita nas assembléias para que os trabalhadores possam decidir livremente. O julgamento da atuação de cada um deve estar nas mãos dos próprios trabalhadores em suas assembléias, garantindo o direito de retirar dos cargos os representantes que não cumpram as decisões.

Se os trabalhadores começam a compreender que devem ser parte de uma nova direção, com sua força, coragem e dedicação não demorará para que se possa, com essa nova direção e com uma estratégia antiburocrática e combativa, ocupar novamente a fábrica para colocá-la para produzir e garantir o emprego e os salários de todos.

Essa “nova direção” pode nascer entre os trabalhadores mais avança-dos, os mais críticos, os que já compreendem algumas importantes lições desse processo.

Esses companheiros devem dar um passo adiante, assumindo o papel de “novos dirigentes” , dirigindo-se aos demais trabalhadores armados de uma nova estratégia, antiburocrática e combativa.

Nossa organização, Estratégia Revolucionária, que há meses vem apoiando com firmeza essa luta mantém seu compromisso de continuar fazendo todos os esforços possíveis para que essa “nova direção” de trabalhadores surja, cresça e seja a efetiva direção dessa luta exemplar.

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