Sexta 19 de Abril de 2024

Internacional

GIRO INTERNACIONALISTA DE CHRISTIAN CASTILLO

Exitosa reunião pública em Toulouse

04 Feb 2014   |   comentários

No dia 14 de janeiro no Centro Cultural do Senegal em Toulouse, França, num contexto carregado de acontecimentos políticos, ocorreu uma reunião aberta organizada pelo NPA (Novo Partido Anticapitalista) 31 com Christian Castillo, deputado trotskista pela FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) da Argentina, eleito recentemente pela província de Buenos (...)

No dia 14 de janeiro no Centro Cultural do Senegal em Toulouse, França, num contexto carregado de acontecimentos políticos, ocorreu uma reunião aberta organizada pelo NPA (Novo Partido Anticapitalista) 31 com Christian Castillo, deputado trotskista pela FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) da Argentina, eleito recentemente pela província de Buenos Aires. Castillo termina seu giro por Paris no dia 28 de janeiro em uma reunião organizada pelo NPA, antes da abertura das seções parlamentares na Argentina, no início de fevereiro.

A aposta desta reunião era dupla. Tratava-se, por um lado, de expor aos camaradas presentes a situação na Argentina e de analisar o significado do êxito da FIT, na frente eleitoral que agrupa o PTS (Partido dos Trabalhadores Socialistas), o PO (Partido Operário) e a IS (Esquerda Socialista), nas eleições legislativas de outubro de 2013. Por outro lado, era a oportunidade para refletir mais amplamente sobre a situação da luta de classes no capitalismo atual e os meios para organizar, a nível internacional, uma estratégia coerente contra este sistema de exploração e opressão.

Castillo começou contando a experiência da bancarrota econômica e a situação social que explodiu em 2001 na Argentina, que foi antecedida e que foi seguida por uma onda de mobilizações dos trabalhadores desempregados, os “piqueteiros,” mas também por batalhas operárias e ocupações de fábrica, as famosas “empresas recuperadas”, das quais Zanon é sem dúvida hoje o exemplo mais conhecido.

Neste momento, o PTS, o partido em que Castillo é membro da direção nacional, decide fortalecer um trabalho militante nas empresas, nos serviços públicos (transporte, saúde, educação, etc.), bem como nas universidades. A aposta era defender os interesses dos trabalhadores especialmente a partir da conquista de seções sindicais tradicionalmente dirigidas pela burocracia peronista. O PTS também estendeu sua militância para o movimento de mulheres, o movimento LGTTBI e pela igualdade de direitos, bem como contra a impunidade policial e pela condenação da estrutura militar, política, religiosa e econômica que colaborou com a ditadura que vigorou entre 1976 e 1983.

Esta inserção ofensiva na luta de classes já havia proporcionado à FIT 400.000 votos nas eleições de 2011, um deputado pela província de Neuquén, onde se encontra a fábrica ceramista de Zanon que hoje continua sua experiência combativa de autogestão operária que se iniciou em 2001, tudo isso sob a base da independência de classe e com um programa firmemente anticapitalista, antiimperialista e socialista. Em outubro de 2013, diante de um contexto de profunda crise do kirchnerismo, este peronismo de “centroesquerda” no poder desde 2003, a FIT obteve mais de 1.200.000 votos, ganhando 3 deputados nacionais e 8 deputados provinciais.

Castillo insistiu no avanço da consciência política que esta votação expressa. Referiu-se inclusive à forma como a campanha foi levada adiante, estendendo de uma maneira muito dinâmica as reivindicações transicionais defendidas pela FIT, e que são sentidas como questões centrais pelos setores mais avançados do mundo do trabalho e da juventude, quer seja no nível da luta de classes, quer seja contra a burocracia sindical, contra o trabalho precário e pelo trabalho para todos, ou ainda, contra os privilégios dos políticos e altos funcionários, e para que os/as funcionários/as recebam o mesmo salário que um trabalhador qualificado.

A conversa com o público permitiu aprofundar questões sobre a situação social, econômica e política da Argentina. Duas questões em particular emergiram das discussões: por um lado, saber o que os revolucionários entendem por “hegemonia operária” diante de uma orientação que consistiria em intervir politicamente para simplesmente buscar justapor um conjunto de “movimentos sociais” e, por outro lado, saber por que não há vitórias eleitorais semelhantes na Europa, na França. É evidentemente prematuro pretendermos copiar lições deixadas pela experiência da FIT, cada situação nacional tem suas especificidades. Mas algo está claro: não é reduzindo o conteúdo das reivindicações e camuflando sua identidade política, nem nas eleições, ou em qualquer outro lugar, que se pode contribuir para que os trabalhadores tomem consciência de sua força e passem a confiar em sua capacidade para dar uma virada na correlação de forças social e política para derrubar o Estado Burguês e instaurar um novo poder dos trabalhadores.

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