Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

Esquerda petista continua capitulando ao PT e ao governo

14 Nov 2003   |   comentários

A esquerda petista, em palavras do deputado Ivan Valente, da Força Socialista, afirma que a política de cortes orçamentários do governo “e mais um sinal de que só há compromisso com o ajuste das contas” (Carta Capital, 19/11/2003). Essa afirmação correta da esquerda petista não esconde sua capitulação ao programa de colaboração de classes do governo de Lula e suas amarras ao PT. Apesar de tudo, a esquerda petista continua com sua estratégia reacionária de “disputar o governo” , isto é, pressionar por dentro do PT e com cargos no governo, para que Lula e seu ministério apliquem medidas “sociais” ou próximas dos interesses das bases populares. Mas esta esquerda pretende “enganar” a todos fazendo de conta que não existe o FMI e que não apóia a estratégia de Lula e do PT de aplicação de um plano económico negociado com a burguesia nacional. Os ataques do governo contra os trabalhadores e o povo são “vendidos” por eles como “desvios de percurso” que podem ser “revistos” com uma estratégia de que a esquerda deve “ajudar” o governo a “não se submeter” aos interesses da “direita” . Ora, nem Lula nem o PT se mostram “obrigados a se submeter à direita” ; ao contrário, desde a campanha eleitoral foi o próprio PT quem pediu e firmou a aliança com o PL de José Alencar, e, no governo, foi Lula, com o aval do PT, quem nomeou diversos burgueses para o ministério, inclusive garantindo aos ruralistas o controle do Ministério da Agricultura. As prisões de Zé Rainha, Diolinda e tantos outros dirigentes do MST, o armamento escancarado de grupos paramilitares dos fazendeiros, o aumento dos assassinatos de trabalhadores rurais, refletem essa orientação de Lula e o PT para ganhar definitivamente a confiança da burguesia nacional e seu setor mais linha dura ’ os ruralistas.

Passando por cima da realidade, a esquerda petista, principalmente a Democracia Socialista (DS) com o ministro Miguel Rossetto, responsável pela “não-reforma agrária” , segue enganando a vanguarda com a balela de que esse e um “governo em disputa” , que pode ser “ganho” pela esquerda para aplicar um “outro” programa de interesse social. Os fatos valem mais do que as “criações” da esquerda petista. Na prática, a “disputa” desta esquerda significa um impedimento para que a vanguarda faca sua experiência com esse governo burguês e rompa com suas ilusões nas estratégias pró-capitalistas do PT e de Lula.

Enquanto a esquerda petista se mantém no PT e no governo, arrastam atrás de si milhares de trabalhadores e jovens para o engano de que seja possível lutar pelos interesses históricos e inadiáveis das massas em aliança com a burguesia e atrelado a este governo. Se for verdade que a esquerda petista está contra as medidas desse governo e sua estratégia de relações “amigáveis” com o FMI e os Estados, não resta outro caminho: romper com o PT e o governo, devolver os cargos que detém e engrossar um amplo e democrático movimento pela independência de classe e pela hegemonia da classe operária em aliança com as classes subalternas no combate por um plano anticapitalista e antiimperialista para que a crise seja paga pelos empresários e se imponham as medidas para garantir emprego para todos, salário reajustado mensalmente de acordo com o aumento do custo de vida, terra para os sem terras, punição dos assassinos de trabalhadores rurais, liberdade incondicional dos presos políticos do MST, plano de obras públicas, impostos progressivos sobre as fortunas e os lucros, entre outras. A esquerda petista está com a palavra!

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