Sexta 19 de Abril de 2024

Juventude

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Em Marília/SP a aliança operário-estudantil mostrou sua força!

02 Jul 2010   |   comentários

Desde o começo de 2010 o movimento estudantil combativo de Marília vem discutindo os problemas da universidade e a necessidade de construir uma aliança com os trabalhadores para lutar por um outro projeto de universidade, de qualidade e a serviço da maioria da população.

Frente ao falso diálogo da Direção da faculdade e da Reitoria da UNESP nas negociações das pautas estudantis, e em meio a duros ataques aos trabalhadores (como a quebra da isonomia salarial entre estes e os professores e o corte de salários de mais de 1600 trabalhadores da USP que colocam em xeque o direito de greve), os estudantes decidem encampar a luta dos trabalhadores da USP, UNESP e UNICAMP. No dia 20 de maio o curso de Ciências Sociais entra em greve, e logo depois é acompanhado pelos estudantes da Filosofia e por paralisações em diversos cursos. O auge da mobilização se dá no dia 31 de maio com a ocupação da Direção da Faculdade votado pela assembléia geral de estudantes.

A ocupação teve como pauta o apoio aos trabalhadores em greve, exigindo que os reitores das universidades estaduais paulistas reabram as negociações, contra o corte de salários e pelas pautas estudantis, dentre as quais se destacava a abertura do restaurante universitário no período noturno em regime público, subsidiado e com funcionários efetivos, contra as propostas da Direção da faculdade e da Reitoria de terceirização do restaurante.

Não aceitamos que a vitória dos estudantes de Marília fruto da greve de 2009, fosse transformada em derrota aos trabalhadores. Somos contra a terceirização e a respondemos levantando a campanha pela unidade dos trabalhadores! Com isso, conseguimos estabelecer uma importante relação com os trabalhadores em greve da universidade, passamos a organizar atos e piquetes conjuntos, avançando na experiência da aliança entre estudantes e trabalhadores, e acreditamos que este exemplo deve ser tomado por todos os estudantes mostrando que somente podem ser vitoriosos em suas demandas quando se ligam aos setores mais atingidos pelos projetos de sucateamento e privatização das universidades. No entanto, não podemos deixar de citar que isto se deu em meio a luta política contra a burocracia sindical do SINTUNESP que foi incapaz de responder aos assédios e pressões da Direção. Esta, ao perceber o grande risco que corria com a aliança que se concretizava entre os dois setores esmagados por esta estrutura de poder na universidade, se prestou a colocar trabalhadores contra estudantes numa clara iniciativa de isolar os estudantes e conseguir por fim ao conflito, e para isso contou com a capitulação do sindicato corporativista.

Mesmo assim, e animados com a ocupação da reitoria da USP, resistimos e mantivemos a ocupação, preocupados em nos ligarmos aos setores mais avançados da luta nas estaduais, começamos a nos preparar para sediar o encontro de entidades estudantis da UNESP e FATEC, a fim de discutir com o conjunto dos estudantes da UNESP a necessidade de reforçar a luta dos trabalhadores a nível estadual.
Dias antes desse encontro, a Reitoria e a Direção resolvem ceder. Comprometem-se em contratar funcionários e abrir o restaurante universitário no período noturno, escancarando para todos que a terceirização não era a única via possível, mas sim o projeto da burocracia acadêmica e do governo. Achamos pouco e decidimos manter a ocupação para garantir uma reunião de negociação com o Reitor para tratar dos demais pontos de pauta. Frente a isso a Direção se negou a receber os estudantes, voltou atrás na proposta apresentada anteriormente e espalhou boatos sobre uma possível intervenção policial na ocupação. A resposta dos estudantes foi clara: levantamos barricadas ao redor da ocupação, demonstrando que estávamos dispostos a nos enfrentar com a polícia caso fosse necessário.
Nesse meio tempo, o encontro de entidades da UNESP e FATEC reuni não só estudantes da UNESP, mas também estudantes e trabalhadores em greve das três estaduais. Terminou com diversas deliberações não apenas no sentido de construir a mobilização estadual, mas também de forjar instrumentos de coordenação que superem a atual paralisia do Fórum das Seis.

No dia seguinte ao encontro, a Direção chama uma reunião com professores e funcionários a fim de isolar o movimento estudantil. Porém a polícia entra no campus no meio da reunião, mesmo afirmando a Direção que isto estava fora de cogitação. Rapidamente mais de uma centena de estudantes se aglutinam na ocupação para defendê-la, alguns professores e funcionários abandonam a reunião para se juntar aos estudantes, e a policia é repelida. Por fim a burocracia é obrigada a ceder e o movimento estudantil de Marília barra através de seus métodos radicalizados mais estes ataques à educação pública e aos trabalhadores.

Nós da LER-QI, que atuamos do começo ao fim neste processo através das entidades que compomos juntos com estudantes independentes, compreendemos que essa vitória pontual de Marília se torna um importante exemplo para o movimento estudantil. Isso porque demonstra como os estudantes ao se aliarem aos trabalhadores em suas lutas podem, além de obter conquistas importantes para a melhoria de suas condições de ensino e permanência estudantil, questionar o projeto que está sendo imposto pelo governo e pelo capital às universidades.

Lutemos para que a partir deste exemplo seja levantada uma ampla campanha dentro e fora das universidades contra a terceirização que aumenta a cada dia nas universidades e locais de trabalho em todo o mundo! Em Marília mesmo, a luta contra a terceirização não acabou, permanece terceirizado o setor de limpeza da faculdade.
Dessa forma, forjemos um movimento estudantil pro-operário que esteja preparado para atuar ao lado dos trabalhadores contra os ataques que começam a nos ser desferidos com o aprofundar da crise econômica.

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