Sexta 29 de Março de 2024

Movimento Operário

MTL E SUA ATUAÇÃO NO MOVIMENTO SINDICAL DA USP

Eleitoralismo do PSOL em primeira linha

06 Dec 2010   |   comentários

Nas eleições do Sintusp a CHAPA 2 “Alternativa na Luta” construída pelo Movimento Terra e Liberdade (PSOL) e independentes tentou se distanciar do passado dos principais dirigentes da chapa de maneira completamente oportunista. O discurso de novas propostas na verdade serve para tentar encobrir a velha prática política destes setores, que ficaram conhecidos por se oporem aos métodos de luta combativos da categoria em prol das medidas moderadas de pressão defendidas pela maioria dos docentes e usando de métodos como a calúnia, descumprindo resoluções de assembléia e chegando até mesmo a organizar uma campanha de desfiliação do sindicato.

Longe de serem novos, estes são velhos métodos do sindicalismo reformista brasileiro, do qual o petismo teve um papel particular, que fazem da luta sindical um mero apêndice à pressão parlamentar, agindo como freios ao movimento operário e canalizando a luta dos trabalhadores para uma atuação voltada para ganhar “posições” ou impor desgastes nas instituições do regime burguês, como se demonstrou em seu apoio à candidatura oficial de um professor “por dentro” do regime universitário quando das eleições para Reitor ou nas inúmeras expectativas depositadas sobre os “projetos de lei” em detrimento de se apoiar nos métodos e na força de luta dos trabalhadores. Este método está a serviço de uma estratégia que busca fortalecer alternativas de conciliação de classes como o PSOL.

É surpreendente que mesmo diante de um dos mais brutais ataques já sofridos na universidade os dirigentes da CHAPA 2 sequer tenham mencionado em seu programa que a Reitoria vem implementando uma verdadeira reforma universitária que pretende colocar a universidade cada vez mais a serviço do capital. Ao contrário, esses dirigentes gastaram muita tinta em uma campanha eleitoreira prometendo uma “administração competente” de nosso sindicato e assimilando o discurso de “renovação” difundido pela Reitoria contra os “velhos métodos do sindicalismo dos anos 1970”. No movimento estudantil, o PSOL impulsionou a chapa que venceu as eleições para o DCE, que da mesma forma fizeram uma campanha adaptada e por fora das lutas concretas dos estudantes (leia matéria neste jornal).

Neste momento, em que vivemos na universidade e no país um avanço dos discursos e ações homofóbicas e racistas será uma prova de fogo para todos os sindicatos romper com o corporativismo e a defesa de uma pequena parcela da classe trabalhadora e se posicionar decididamente em defesa dos setores mais explorados de nossa classe e dos direitos democráticos das mulheres, dos homossexuais e dos negros. Os dirigentes da CHAPA 2 não conseguem esconder o velho conteúdo corporativista voltado apenas para uma parcela da universidade (uma parte dos funcionários efetivos) calando-se quanto a defesa dos trabalhadores terceirizados, dos estudantes perseguidos e da defesa dos direitos democráticos mais elementares. Na contramão da defesa destes direitos apresentam com orgulho o apoio da senadora Heloísa Helena, figura nacional do PSOL que contrariamente à deliberação de seu próprio partido se pronunciou contra o direito ao aborto. Espanta o silêncio dos dirigentes da CHAPA 2 diante dos ataques sofridos por estudantes homossexuais oriundos das unidades em que dirigem e onde passaram dias fazendo campanha eleitoral, como o Instituto de Biologia.

Da mesma maneira, tratam de se posicionar contra a terceirização sem falar uma palavra em defesa de iguais direitos e salários para os terceirizados e pela efetivação imediata sem concurso público como aprovamos reiteradas vezes em nossas assembléias, e omitem de seu currículo a espúria aprovação de medidas como o Supersimples que permitiram à burguesia avançar contra os direitos trabalhistas de milhares de trabalhadores de pequenas e médias empresas, apoiados por parlamentares do PSOL. Hoje, colocamos em discussão com o MTL que, desde o Conclat passaram a integrar a direção nacional da CSP-Conlutas e contam com uma parlamentar como a deputada estadual do RJ Janira Rocha, como despenderão as mesmas energias voltadas para a campanha eleitoral nacional e sindicais em favor de uma forte campanha política pela retirada imediata da policia e das tropas policiais e do exército que hoje ocupam as favelas do Rio de Janeiro.

PORQUE NOS UNIFICAMOS NA CHAPA 1?

“Nossa chapa representa a maioria combativa dos trabalhadores da USP que há mais de 30 anos têm travado uma luta histórica em defesa de uma educação pública e de qualidade e uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. É uma chapa integrada pelo nosso Coletivo, majoritário na Diretoria do Sintusp, que junto com companheiros da LER-QI e independentes temos enfrentado na luta de classes as forças mais retrógadas e truculentas da burocracia universitária e dos governos estaduais e federal pelos direitos dos trabalhadores e na perspectiva da revolução socialista. Trata-se de uma unificação mais do que necessária para a grandeza das tarefas que nos propomos e diante dos ataques brutais que temos sofrido como a demissão do companheiro Brandão e os novos processos e inquéritos policiais que vários de nós sofremos devido a nossas lutas”
Magno de Carvalho, Diretor eleito para a gestão 2011-2013 do Sintusp e membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas

“Nessas eleições para a diretoria do Sintusp acredito que a Corrente Luta de Classes possa representar um diferencial nas lutas pelas demandas dos trabalhadores e estudantes, apresentando um programa classista, chamando a classe trabalhadora, juntamente com os estudantes a não se curvarem aos ataques tanto da burocracia acadêmica, quanto dos governos aliados a burguesia. Além disso, a corrente a meu ver fortalece o sindicato, colocando em seus quadros, pessoas com historia de luta e atuação nos mais recentes embates da classe trabalhadora na USP, que atuam não somente em demandas salariais, mas na defesa irrestrita não só de trabalhadores e estudantes, mas também na luta contra a terceirização, sucateamento e destruição da universidade.”
André Pansarini, Diretor eleito para a gestão 2011-2013 do Sintusp e militante da Corrente Luta de Classes

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