Quinta 25 de Abril de 2024

Nacional

A esquerda discute a construção de um novo partido

É preciso organizar a juventude revolucionária na luta para que esse partido seja revolucionário

14 Nov 2003   |   comentários

Nós da Juventude pela Revolução Socialista (JRS) e da COMUNA nos dirigimos a todos os jovens que se recusam a abaixar a cabeça para toda a miséria e exploração do capitalismo. Aos que acreditam que o desbarranque do PT não é o fim das esperanças de melhoria das condições de vida da juventude e dos trabalhadores e sim o começo de um processo carregado de potencial revolucionário. Aos que rompem com o PT para não se render ao capitalismo. A todos os estudantes universitários que não querem se transformar nos futuros ideólogos ou agentes da dominação de classe da burguesia. Aos que nas ruas, nas escolas, no movimento HIP HOP, nas universidades, nas fábricas e nos bairros escrevem ou que querem escrever a nossa história. A história de um presente de lutas, derrotas e vitórias pelo futuro de uma sociedade sem explorados nem exploradores, sem oprimidos nem opressores.

Frente a este capitalismo cada vez mais voraz e destrutivo, que condena bilhões no mundo todo à miséria, que deixa a juventude sem perspectivas e sem confiança no futuro, que condena os trabalhadores a uma vida de exploração, que oprime todos os povos do planeta, a juventude, que é sempre uma força ativa nos grandes processos revolucionários, deve ser um agente ativo na construção de um partido verdadeiramente revolucionário dos trabalhadores, que seja uma ferramenta para a libertação da juventude, dos camponeses e de todos os povos oprimidos. Um partido para derrotar o sistema da burguesia brasileira e fortalecer a luta da classe trabalhadora e da juventude em todos os países, caminhando ombro a ombro com todos os povos explorados e oprimidos do mundo para derrotar o imperialismo, a exploração e a opressão, rumo ao comunismo.

Lula e o PT: a grande desilusão

Mais uma vez se acreditou no voto, em um “líder capaz” , na mudança dentro dos limites do capitalismo, no PT e em Lula. Essa é a história dos últimos anos no Brasil. Mas o que era esperança e ilusão já começou a se transformar em insatisfação. Lula pediu “paciência” e “nove meses para a criança nascer” , mas essa criança já nasceu nas mãos do mais novo “companheiro” de Lula: o assassino do povo iraquiano, George Bush. Não faltaram demonstrações de submissão ao imperialismo. Recentemente, frente a grande batalha que travava o povo Boliviano contra o imperialismo e os governantes capachos, Lula enviou emissários especiais para negociar a renúncia do presidente e a posse do vice, ambos responsáveis pelo assassinato de mais de uma centena de lutadores populares. Esse é mais um exemplo claro, para que não reste dúvidas, da opção feita de preservar os interesses da burguesia em detrimento das condições de vida dos trabalhadores e da juventude. Se o próprio Lula falou que nunca foi de esquerda, imagina só essa criança...

Chega de nos iludir com a idéia de uma mudança pelas eleições. É hora do novo, do subversivo, do revolucionário. Contra a “lei e a ordem” do capitalismo, é a hora de se fazer ouvir as vozes dos jovens que querem se aliar com os trabalhadores e o povo pobre para construir um futuro comunista.

A crise do PT e o surgimento de uma nova vanguarda na juventude

Muitos jovens e trabalhadores já romperam com o PT. Outros estão por romper. O próprio Lula cumpre o papel de acelerar esse processo ao mostrar que é mais um governo burguês incapaz de satisfazer as nossas demandas. Essa é a hora de tirar as lições do que significaram todos esses anos de PT, romper com o passado de conciliação com a burguesia e partir para a luta contra o capitalismo sob novas bases.

A juventude de Salvador apontou o caminho. Com a “Revolta do Buzu” mostramos que não estamos só com vontade de mudar essa situação, mas que queremos ser o sujeito ativo da mudança. Mostramos que podemos passar por cima da burocracia do PT e do PC do B.

Muitos destes jovens que saem à luta pelo país já não têm ilusões. Esses são os primeiros de uma vanguarda nacional que tende a se expandir e radicalizar na medida em que essa experiência avance. Nossa tarefa é acelerar esse processo, apontando uma saída revolucionária.

Este é um momento de preparação para as importantes batalhas que estão por vir. Existe sim uma crise na esquerda. É a crise da política que as direções petistas vêm aplicando nas duas últimas décadas, uma política de conciliação com a burguesia, de abandono completo da independência da classe, de um oportunismo eleitoral sem limites.

São os jovens que despertam agora para a vida política e iniciam suas primeiras grandes batalhas, como fizeram em Salvador, que devem ser a base para uma reorganização revolucionária da juventude que saiba intervir nesse momento político para construir uma Juventude Revolucionária, que seja parte de um partido revolucionário de trabalhadores, que questione e revolucione as marcas que mais de 20 anos de petismo deixaram na esquerda brasileira.

A juventude precisa lutar por um Partido Revolucionário de Trabalhadores

Nesse momento, frente ao papel que o PT está cumprindo se inicia a discussão sobre a construção de um novo partido. Até agora participam destas discussões centralmente a militância partidária que fundou o PT nos anos oitenta, parlamentares “radicais” da esquerda do PT, líderes sindicais e de movimentos populares e muitos dos funcionários públicos que estiveram em greve contra o ataque do governo Lula com a reforma da previdência.

Nosso chamado, em nome da JRS e da COMUNA, é para que a juventude não fique à margem dessa discussão que pode alterar os rumos de nossas vidas. Nós, que não carregamos em nossas costas o peso das derrotas e traições das últimas duas décadas, devemos nos organizar numa grande corrente nacional de jovens revolucionários para intervir no processo de discussão de novo partido.

Não basta um novo partido qualquer, precisamos de um Partido REVOLUCIONÃ RIO. É necessário um instrumento capaz de aproveitar todas as contradições do capitalismo. Um partido que reúna todos aqueles que não tem mais ilusões no governo Lula e no PT e que têm consciência da necessidade da luta revolucionária para se dirigir aos milhões que ainda acreditam neste “reformismo de mãos vazias” . Um partido que unifique aqueles trabalhadores e jovens que querem golpear a burguesia com um só punho.

Um instrumento que em cada luta levante um programa revolucionário que unifique a luta por emprego e salários nas cidades com a luta pela terra no campo; a luta dos negros contra o racismo com a luta das mulheres contra a opressão de gênero; a luta nos bairros de periferia contra a repressão policial com a dos estudantes universitários e secundaristas contra a repressão nos locais de estudo. Um programa deste tipo não nascerá espontaneamente, muito menos será obra de algum intelectual de gabinete. Esse programa só poderá nascer de uma união entre os setores avançados dos trabalhadores e da juventude com o marxismo revolucionário.

A estratégia que defendemos para este partido revolucionário de trabalhadores que te chamamos a colocar de pé, é baseada na democracia direta nas lutas. Só a auto-organização pode unificar as lutas desde as bases e ser uma força capaz de superar toda a burocracia amarrada com o governo que precisa amortecer os conflitos para manter a “estabilidade” .

Este partido revolucionário só pode ser construído e controlado pelas bases

No momento atual, a discussão da construção de um novo partido está atravessada pela luta das correntes políticas e dos políticos profissionais para ver quem vai dirigir este novo partido, ameaçando sua própria construção.

De um lado temos o bloco dos radicais do PT, dirigido pelo deputado Babá, da CST. Este setor propõe a construção de um partido “amplo e democrático” , que resgate o suposto programa classista da história do PT. Do outro lado temos o bloco dirigido pelo PSTU.

O processo de desilusão no PT é muito maior que qualquer uma das correntes políticas envolvidas no processo.

É por isso que a juventude pode e deve se colocar como um sujeito independente dentro desta discussão. Deixar a construção de um novo partido nas mãos daqueles que estão no PT há anos e daqueles que foram incapazes de fazer um balanço revolucionário do que foi sua própria experiência no PT, deixará a juventude e todos aqueles que rompem com o PT agora, à mercê da luta de aparatos destas correntes oportunistas.

As plenárias que se realizam por todo o país devem deixar de ser o palco para a luta de aparatos entre as diferentes correntes políticas. Devem dar lugar à voz da juventude e dos trabalhadores através de delegados votados, que levem para os encontros as deliberações dos diversos comitês de base.

Nosso chamado é para que a partir de cada bairro, de cada escola, de cada universidade, de cada local de trabalho, a partir de cada posse de Hip Hop a juventude se coloque a tarefa de organizar comitês de base pela construção de um verdadeiro partido revolucionário dos trabalhadores. Nesses comitês devemos ser nós quem decidamos tudo.

O programa do partido, os ritmos da sua construção, sua organização interna, tudo isso deve ser votado nestes comitês de base, onde todas as correntes políticas e todos os interessados na construção deste partido devem ter direito de voz e voto.

Cada jovem trabalhador organizado nestes comitês deve ter um papel de decisão maior do que qualquer deputado “radical” . Só isso pode garantir que não se repita a trágica história do PT, que foi dominado por pequenos burgueses que se aproveitaram da enorme força da classe trabalhadora.

Tomando em suas mãos a construção de um partido revolucionário dos trabalhadores, a juventude pode dar um novo rumo à luta de classes no Brasil e pode apontar um caminho para que a desilusão das massas no PT e em Lula se transforme numa inesgotável fonte de energia revolucionária.

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