Sexta 19 de Abril de 2024

Movimento Operário

RIO DE JANEIRO

Disposição de luta nos transportes

25 Apr 2009   |   comentários

Em meio a greve dos ferroviários veio a tona nacionalmente como são tratados os trabalhadores no sistema de transporte público do Rio de Janeiro. Se a cena dos chicotes e socos mostrou como todo sistema de transporte público no país tem um pouco de navio negreiro, as repetidas greves de rodoviários por cidade, ferroviários e ainda a revolta espontânea dos usuários das barcas mostram como há um quilombo se armando entre os trabalhadores e mostras de raiva entre os usuários dos serviços de transporte dos novos escravos assalariados.

Maior exploração, lotação e acidentes

Em todos os meios de transporte público na região metropolitana está ocorrendo esta assassina combinação de maior exploração, lotação e acidentes. Nos ónibus muitas empresas extinguiram a função de trocador (cobrador) e forçam os motoristas-trocadores a jornadas mais intensas e extensas. Os acidentes, inclusive fatais, são freqüentes.

Nas barcas que ligam o Rio de Janeiro a Niterói e a ilha de Paquetá, a manutenção precária leva inclusive a panes em alto-mar e a atrasos intermináveis, que geraram uma manifestação espontânea a alguns dias.

No metró a privatização gerou uma série de contratações com piores condições de trabalho e o tempo de intervalo entre as composições torna insuportável seu uso. Nos trens como denunciado recentemente pela greve dos ferroviários, há perseguição aos maquinistas que se envolvem em acidentes, precarização das condições de segurança das vias e dos trens, que freqüentemente circulam ’ devido a sua lotação ’ com as portas abertas.

Disposição de luta e apoio popular

A disposição de luta das distintas categorias dos transportes públicos, combinada a revolta da população com as precárias condições de transporte como se expressou na revolta espontânea nas barcas e como mesmo após intensa campanha contra os metroviários esta raiva não calou profundamente nas massas. A raiva com as empresas e com os governos estadual e municipal era maior que com os trabalhadores. Esta disposição de luta mostra como não há porque submeter-se aos argumentos das burocracias sindicais de que não há como lutar contra o “status quo neoliberal” nos transportes, devido a falta de apoio da população e falta de disposição de luta dos trabalhadores. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro mostra o contrário.

Os trabalhadores do transporte unindo-se além de suas empresas e ramos específicos podem mostrar mais claramente a população que as passagens cada vez mais caras e o transporte cada vez mais inseguro e ruim são interesses das empresas e dos governos e não dos trabalhadores. Esta aliança entre trabalhadores e usuários é uma necessidade estratégica na luta pela estatização do sistema de transporte público sob controle dos trabalhadores, como única forma de garantir à população um transporte público, gratuito, seguro e de qualidade. Esta perspectiva deveria ser implementada pele CONLUTAS começando pelos metroviários do Rio de Janeiro onde o PSTU participa como minoria da direção do sindicato, impulsionando paralisações e outras táticas que demonstrem seu apoio a outras categorias bem como mostre a população que seus interesses só podem ser garantidos pelos trabalhadores.

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