Sábado 20 de Abril de 2024

Internacional

ENTREVISTA

Direto do piquete de greve da refinaria de Grandpuits

23 Oct 2010   |   comentários

Entrevista realizada com Nicolas Sambat na noite do dia 20/10. Nicolas é membro do Comitê de luta da Assembléia Inter-profissional de Seine-Saint-Denis Oeste, militante do sindicato estudantil Sude e do Coletivo por uma Tendência Revolucionaria (CTR), do Novo Partido Anticapitalista (NPA).

Onde você está neste momento?

Neste momento estou com vários companheiros da Seine-Saint-Denis em Grandpuits, uma das refinarias da multinacional Total, em Paris. Nesta fábrica, central para o abastecimento de toda a região e da capital, trabalham mais de 350 pessoas, além dos outros 350 operários petroquímicos das terceirizadas. Há 8 dias que os três turnos estão em greve e paralisaram a produção, como nas outras dozes refinarias do país.

Por que vieram até a refinaria?

Chegamos uns 30 companheiros e companheiras da Assembléia inter-profissional do 93 Oeste, que organiza a vanguarda dos setores em greve do Oeste de Seine-Saint-Denis, a “banlieue” norte de Paris. Hoje a Assembléia votou uma moção de solidariedade com os trabalhadores das refinarias em greve que estão na cabeça do movimento contra a “reforma” das aposentadorias, e decidimos viajar coletivamente para dar-lhes nosso apoio frente às ameaças de desalojamento por parte do governo.

Quantos são?

Viajamos em 8 automóveis com companheiros de distintos setores em luta: estudantes, professores, trabalhadores da prefeitura de Saint-Denir e trabalhadores da RATP (transporte público parisiense) em greve, etc. Estão para chegar outros dois carros com estudantes da Universidade Paris VIII Saint-Denis. Estamos junto com 50 trabalhadores do turno da noite no piquete. Aqui há muita solidariedade. Perto das fogueiras acesas há carteiros, lixeiros, terceirizadas do setor petroquímico, mas também vizinhos que trouxeram coisas para comer em apoio aos grevistas. A atmosfera é realmente muito boa, com muita solidariedade, ainda que saibamos que a repressão pode chegar em qualquer momento.

Há ameaça de desalojamento por parte da polícia?

Sim. Nós chegamos para a mudança de turno tarde e noite, às 21h30, no momento em que a polícia podia intervir. Sarkozy já mandou as Forças de repressão para acabar com os piquetes de trabalhadores que bloqueiam os depósitos de combustível em vários pontos do país, às vezes junto com os caminhoneiros em luta. A situação com as refinarias é distinta. No caso de Grandpuits, o prefeito da zona acaba de ordenar que os trabalhadores retornem ao trabalho em base a uma lei que prevê a requisição dos operários em greve nos setores estratégicos como as refinarias em casos de guerra. Trata-se de um claro e grave ataque ao direito de greve, e os trabalhadores temem uma intervenção das forças de repressão, que agora poderiam intervir nas primeiras horas da madrugada. Quebrar esta greve para Sarkozy é central e teria um alcance simbólico no contexto atual de intensas mobilizações que há no país. Daí a importância de nossa presença solidária.

Qual é o alcance da ação que está sendo levada adiante?

A ação que estamos levando adiante reflete um pouco o espírito das mobilizações que sacodem o país desde início de setembro. Traduz a unidade na luta contra o governo dos trabalhadores do setor privado junto com os do público e dos estudantes e secundaristas. Esta unida está se dando em níveis superiores inclusive que as ações que o país teve durante as grandes greves de novembro-dezembro de 1995 contra o plano Juppé, e em 2006 contra o CPE de Villepin. Como diziam os companheiros durante a Assembléia que organizaram durante a mudança de turno “unidos há que lutar, unidos venceremos!”.

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