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Dilma ganha em Minas Gerais, mas PT mantem desgaste na capital e regiões operárias

29 Oct 2014   |   comentários

Apesar da evidente derrota da direita do PSDB, depois de 12 anos de ataques aos trabalhadores e escândalos de corrupção no estado, não é possível afirmar, como faz a análise petista, que o PT angariou apenas vitórias em Minas Gerais. Os votos na capital e nas principais regiões operárias mostram, mais que um fortalecimeto do PSDB, um desgaste importante do (...)

Ao contrário do que dizem analistas do estabilishment, não é possível afirmar que Minas assegurou a vitória de Dilma Rousseff. Apesar da evidente derrota da direita do PSDB, depois de 12 anos de ataques aos trabalhadores e escândalos de corrupção no estado, não é possível afirmar, como faz a análise petista, que o PT angariou apenas vitórias em Minas Gerais. Os votos na capital e nas principais regiões operárias mostram, mais que um fortalecimeto do PSDB, um desgaste importante do PT.

Neste segundo turno, o estado ampliou a diferença entre Dilma Rousseff e Aécio Neves para cerca de apenas 551 mil votos, 52,4% a 47,6%. Esse percentual é um pouco maior que o registrado nacionalmente, 51% contra 48%, porém fica aquém da diferença de votos em estados como Pernambuco e Bahia.

Em Minas Gerais, Dilma ganhou nas regiões: Norte, Jequitinhonha, Zona da Mata, Vale do Rio Doce e no Triângulo Mineiro. No entanto, foi derrotada em importantes concentrações industriais: região sul do estado, Belo Horizonte e na maior parte da região metropolitana de Belo Horizonte, que reúne 34 cidades. Destas, Dilma ganhou em 14 e foi derrotada em 20.

Em Belo Horizonte, Aécio ficou com 64,3% e Dilma com 35,7%, uma diferença de pouco mais de 426 mil votos. A diferença mais brusca foi na região centro sul da cidade, onde concentra o centro da capital e os bairros de maior concentração de renda. Esses últimos são o reduto tucano na cidade. Nesta região, Aécio ficou com 73,7% dos votos e Dilma 26,3%.

O voto operário em Minas Gerais

Porém, não foi apenas no centro e nesse reduto tucano a marca da derrota do PT na cidade. O que mais chama atenção foi a derrota em regiões de importante concentração operária como Venda Nova e Barreiro. Venda Nova foi a que mais chamou atenção, com 62,8% dos votos para Aécio, contra 38,2% de Dilma. No Barreiro, apesar da diferença não ter sido tão grande como em Venda Nova, Dilma foi derrotada, com 53,3% contra 46,7%.

Nas cidades da grande região metropolitana de Belo Horizonte se deu o mesmo, tendo a maior diferença em Lagoa Santa, Aécio com 70,6% contra 29,4%.

Em Contagem, principal concentração operária da região com indústrias metalúrgicas, autopeças e siderúrgicas, o candidato do PSDB teve 51,9%, contra 48,1%. Nas eleições de 2010, Dilma venceu Serra em Contagem num resultado de 63,8% a 36,1%.

Já em Betim, também em 2010, a vitória da petista foi de 64,9% a 35,1%. Com menor diferença de votos, Dilma ganhou em Betim (cidade onde está a Fiat) e em Ribeirão das Neves: 56,2% contra 43,8% e 54,97% contra 45,03%, respectivamente.

Os resultados do segundo turno, portanto, para além da vitória de tal ou qual candidato, apontam o desgaste do petismo em importantes concentrações operárias da região. Isso se deu mesmo com a campanha para Dilma nas portas das fábricas feita pela burocracia sindical que dirige os sindicatos metalúrgicos de Contagem e Betim (CUT e CTB, respectivamente). Ainda que em setores mais concentrados e mais tradicionais da organização operária na região a adesão à campanha de Dilma tenha sido maior, esta ainda se deu no marco de uma perda de espaço do PT.

Esses resultados, ao contrário da análise superficial da vitória inquestionável do PT ou da que pode afirmar um “giro a direita” em setores importantes da classe trabalhadora pelo voto em Aécio, expressa mais um desgaste de Dilma e do PT nessas importantes concentrações, assim como expressa a falta de uma alternativa classista e de esquerda no estado que pudesse canalizar ao menos parte esse descontentamento.

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