ELEIÇÕES ESTUDANTIS
Declarações e depoimentos de chapas compostas pela A Plenos Pulmões e Pão e Rosas
19 Dec 2009 | Durante os meses de novembro e dezembro de 2010, a LER-QI junto de militantes do Movimento A Plenos Pulmões e do grupo de mulheres Pão e Rosas atuou em diversas eleições estudantis. Publicamos abaixo depoimentos de companheiros e companheiras que travaram esta luta do nosso lado.
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CACH - UNICAMP
"Vamos colocar de pé uma entidade que atue sistematicamente pela transformação da realidade"
Nos dias 2, 3 e 4 de dezembro ocorreram no IFCH- UNICAMP as eleições para o Centro Acadêmico de Ciências Humanas, o conhecido CACH. Como vem ocorrendo desde anos anteriores, o processo eleitoral foi bem politizado, com boas discussões de chapa ou acerca das carta-programas etc. Nesse sentido, nós do Movimento a Plenos Pulmões, nos escrevemos com a chapa “Terra em Transe” – junto com o PSTU e com independentes. Entretanto, este ano, um pouco no bojo do que vem ocorrendo em alguns DCEs e CAs pelo Brasil, formou-se um chapa de direita, encabeçada por um partidário do PSDB e com mais alguns independentes, chapa chamada “Outros CACHs Virão”. Como só foram escritas essas duas chapas, o debate se centrou muito em torno de que concepção de entidade nós queríamos para os estudantes do IFCH: uma entidade neutra de “representação geral” ou uma entidade militante. Durante os debates, conseguimos expressar bem a nossa visão sobre uma gestão e sobre a entidade que desejávamos construir: militante, que atue cotidianamente sobre os anseios e necessidades dos estudantes, que se vincule aos trabalhadores da universidade e que tenha como norte também as lutas que ocorrem fora da universidade, portanto, uma entidade que atue sistematicamente na transformação da realidade. Com esse debate e discutindo com os estudantes nosso programa para colocarmos de pé um movimento estudantil combativo, a chapa Terra em Transe conseguiu uma vitória nas eleições contra o discurso pseudo-democrático e contra a esterilização da entidade combativa que tem sido o CACH. Devemos aprofundar esse projeto militante para o CACH, e convocamos a todos os estudantes que estejam justos com nós para criarmos um movimento estudantil combativo, que atue no sentido de defender a universidade pública contra os ataques que estão vindo, mas que também questione esse modelo universitário, para que consigamos pensar e construir um novo projeto de universidade, mais democrática, ampla e aberta à população e aos trabalhadores.
Por Iuri e João, coordenadores do CACH
CACS - UNESP MARÍLIA
"Em Marília, reconstruir o Centro Acadêmico militante resgatando o papel das mulheres na história"
Há mais de dois anos que o Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Unesp de Marília não tinha nenhuma gestão. Isto não impediu que os estudantes do curso, que com certeza estão entre os mais combativos do país, participassem de várias mobilizações ao longo deste período. Porém, a ausência de uma entidade capaz de organizar estes estudantes combativos contribuiu para que estas mesmas mobilizações não pudessem se dar em um nível muito superior. Foi justamente por entender que os prejuízos causados por esta ausência que nós da chapa Rosa Luxemburgo (composta por militantes do Movimento A Plenos Pulmões, do grupo de mulheres Pão e Rosas e diversos independentes) colocamos todas as nossas forças para reconstruir o CACS. Porém desde nosso programa defendemos que esta reconstrução não pode se dar de qualquer forma, deve necessariamente questionar a universidade em seu conjunto. Por este motivo decidimos por Rosa Luxemburgo: para resgatar o papel das grandes mulheres na história, que em geral é deixado de lado nos currículos de nossos cursos; e para deixar bem claro que um de nossos principais eixos de atuação será a luta contra a opressão à mulher dentro e fora das universidades. É também por este questionamento que levantamos a consigna de ultrapassar os muros da universidade. Desta forma pretendemos perpetuar a iniciativa que tivemos durante a greve do 1º semestre de abrir contato com os moradores da cidade. Não vemos outra forma de lutar pela democratização radical da universidade pública a não ser nos ligando aos trabalhadores e seus filhos, que atualmente são os maiores interessados em que isso ocorra.
O primeiro passo para a reconstrução foi dado: apesar do forte refluxo pelo qual passa o movimento estudantil de Marília depois da ocupação do 1º semestre e do período de provas e entregas de trabalho, o processo eleitoral terminou com um dos maiores números de votos da história do CACS e nossa chapa saiu vitoriosa com uma ampla vantagem. Para dar continuidade a esta jornada chamamos todos os estudantes dispostos em construir esta imprescindível ferramenta de ruptura com a miséria que nos cerca.
CAELL - USP
"Na USP a aliança com o SINTUSP é fundamental para trazer alguma possibilidade de democratização da universidade"
O que mais me motivou a participar, pela primeira vez, de uma chapa para o Centro Acadêmico da Letras foi o cenário político da USP nos últimos anos, que possui uma postura cada vez mais autoritária vinda da Reitoria e uma polarização de posições políticas dentro do movimento estudantil, com o surgimento de chapas anti-greve e um discurso que cada vez mais é contra a organização dos estudantes e trabalhadores. No caso da Letras USP, havia uma chapa com teor apolítico, que defendia uma não-intervenção por parte do C.A. (a chapa vencedora), e outra que, através de uma “piada”, discursava a falta de necessidade e relevância de um C.A., propondo como solução aos problemas dos estudantes o sorteio de prêmios com o dinheiro arrecadado todo mês (Fuscas, bicicletas, cervejas, etc.). O contato direto com o movimento estudantil foi uma experiência rica de aprendizado, que me ensinou o quanto nós estudantes de esquerda ainda precisamos amadurecer e nos organizar para ser uma força política que de fato traga mudanças para a universidade. E, para isso, apenas uma aliança com o SINTUSP, o setor mais politizado e organizado da universidade, e o mais prejudicado pelas mudanças que ela vem sofrendo, nos trará alguma possibilidade de democratização e melhoria de condições para estudar numa universidade construída por todos e para todos.
Cristiane Toledo, integrante da chapa Estado de Exceção para o CAELL da USP (Letras)
CASS - PUC-SP
"O CASS irá lutar em defesa do MST e dos movimentos sociais, denunciando o papel do governo Lula no ataque aos trabalhadores e ao povo pobre"
Nosso programa e campanha foram baseados na importância da construção de um CA militante e combativo ligado à base dos estudantes de Serviço Social por entendermos que essa é a única forma de nos organizarmos para intervirmos nos fatos políticos da atualidade, lutando em defesa do MST e dos movimentos sociais que vem sistematicamente sendo perseguidos, contra a repressão policial nas periferias e denunciando o papel do governo Lula no ataque aos trabalhadores e ao povo pobre. Outro eixo que pautou nosso programa foi a questão da democratização da Universidade, que nós do movimento A Plenos Pulmões viemos pautando desde a greve da USP no primeiro semestre. A vitória da chapa Pagu mostrou que os estudantes de Serviço Social cansaram de entidades vazias que não representam suas demandas e discussões e partem para construir um Centro Acadêmico novamente ligado aos estudantes e que nos sirva de ferramenta nos principais combates que teremos que travar no próximo período, dentro e fora da Universidade.
Bia Michel, integrante da Gestão PAGU - CASS PUC-SP
CAFF - UNESP ARARAQUARA
"Lutaremos para que o CAFF seja um pólo potencializador das lutas"
A nova gestão do Centro Acadêmico de Ciências Sociais "Florestan Fernandes" da UNESP Araraquara, a Ekóabok é composta por jovens estudantes, sendo sua grande maioria dos primeiros anos, que não estão moldados pelo velho sindicalismo habitual do ME, mas ao contrário têm uma grande gana de mudança, na busca por um dialogo e integração com a base dos estudantes de forma a colocar um programa pela positiva que responda as reais demandas de nosso curso e da crise das universidades, expressa seja pela implementação do PDI e da Univesp na UNESP ou pela eleição de Rodas na USP.
Nessa perspectiva trabalhamos com o material da chapa e nossos durante a eleição que teve a adesão de uma ampla camada de estudantes, com uma representação real de mais de 40% e tivemos 148 votos a nosso favor. O que aponta para uma nova fase do ME de Araraquara, numa perspectiva de retomada das lutas, como da greve e ocupação de 2007. Em que nós da A Plenos Pulmões e do Pão e Rosas lutaremos com todas as nossas forças para que o CAFF seja um pólo potencializador das lutas na perspectiva da construção de um forte movimento estadual que responda com um só punho junto aos trabalhadores, os ataques dos governos Serra e Lula, na luta pela estatização das universidades privadas e do fim do vestibular!
Luis e Lais, integrantes da Gestão Ekóabok - CAFF Unesp Ararquara
CEUPES - USP
"Mesmo não eleitos no CEUPES saímos com a vitória de agregar estudantes num debate fundamental contra Grandino Rodas"
Nossa chapa nas eleições representa a capacidade que tivemos e o nosso esforço em recolocar o debate fora do campo do oportunismo e colocá-lo dentro da luta concreta que estamos vivendo na universidade e fora dela. Recolocando os elementos que ligam diretamente nossa luta e nossa militância na universidade com a luta dos trabalhadores e da população dentro e fora da USP. De longe acredito que fizemos o melhor debate e que temos todas as condições de superar esses entraves do nosso movimento. Acredito que mesmo não eleitos saímos com a vitória de agregar estudantes a um debate fundamental que foi colocado contra o então Reitor, recém eleito a dedo pelo governo do Sr. Serra, João Grandino Rodas. O papel da aliança entre estudantes e trabalhadores, as lutas que devemos travar contra a repressão não só dentro da Universidade, a luta pela massificação da educação Isso nos dá a possibilidade de o ano que vem, com a acertada política que encampamos, colaborar com o amadurecimento das lutas que o Movimento Estudantil deve encampar, de maneira, e com a unidade na luta, que possamos superar os processos de degradação do capital.
Patricia, integrante da chapa Canto de Guerra - CA das Ciências Sociais (CEUPES) na USP
CEUPES - USP
"Que nosso canto de guerra se prolongue, assim como se prolongou diante da vitória dos novos burocratas do PSOL!"
Canto de guerra: 32 VOTOS politizados!!!! Creio que nossa campanha se
deu embasado num esforço fenomenal de toda a galera da chapa e
colaboradores da chapa e demonstra que não se trata de falácia aos ventos. Se trata de uma força latente que existe entre os estudantes trabalhadores, e estudantes que entenderam nosso programa. Nossos votos foram votos conscientes. Nosso empenho se deu em desenvolver uma discussão programática afim de desenvolver, a partir dela, a consciência da necessidade de se ter um centro acadêmico de acordo com nossa concepção e, dessa forma, oposto a atual Gestão. Temos muita força sim, pois me orgulho em dizer que participei de uma chapa que não negligencia a luta de classes, que se coloca na realidade e procurou transformar o CA numa ferramenta dos estudantes para tal, que é SIM PRÓ-operária, QUE é sim a favor da greve necessária e conseqüente e que é SIM fiel aos seus princípios e a seu discurso, pois TUDO o que nos propusemos a fazer, mesmo não sendo chapa, REALIZAMOS E NOS EMPENHAMOS PARA TAL. Não boicotamos o boicote, não cruzamos o braço, não fechamos nossas portas para estudantes e
trabalhadores e abrimos para a burocracia. Que nosso canto de guerra se prolongue, assim como se prolongou mesmo diante da vitória dos novos burocratas do PSOL!
André Boff, integrante da chapa Canto de Guerrra - CA das Ciências Sociais (CEUPES) na USP
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