Quinta 28 de Março de 2024

Juventude

Corte no FIES causa revolta na PUC Campinas

03 Mar 2015 | Dia 2 de março aconteceu o primeiro ato contra os cortes do FIES na PUC Campinas a partir da informação que os alunos da universidade receberam da Comissão do FIES de que a PUCC não continuaria o vínculo com o programa. Aflitos, os estudantes organizaram um ato para exigir respostas concretas, também estiveram presentes militantes da Juventude as Ruas, e membros do CACH (centro acadêmico de ciências humanas da Unicamp). Enquanto à PUCC responsabiliza o MEC, o governo responsabiliza as universidades. O que fica claro é que apenas a organização dos estudantes pode arrancar uma solução para essa crise.   |   comentários

Dia 2 de março aconteceu o primeiro ato contra os cortes do FIES na PUC Campinas a partir da informação que os alunos da universidade receberam da Comissão do FIES de que a PUCC não continuaria o vínculo com o programa. Aflitos, os estudantes organizaram um ato para exigir respostas concretas, também estiveram presentes militantes da Juventude as Ruas, e membros do CACH (centro acadêmico de ciências humanas da Unicamp). Enquanto à PUCC responsabiliza (...)

Como aluna do curso de Artes Visuais da PUC Campinas através do FIES, sinto na pele a insegurança pela crise na educação que atingiu o programa. Com o corte de 7 bilhões para a educação, as condições para que as universidades participem do programa de financiamento estudantil mudaram. Agora, as universidades que aumentarem mais que 6,5% em suas mensalidades perdem o vínculo com o FIES. A PUCC aumentou 9%, ou seja, está com complicações para a continuidade no programa, e os estudantes que usavam do financiamento do FIES correm o risco de serem expulsos!

O sentimento na universidade é de profunda revolta. Grande parte dos estudantes recorrem a programas educacionais como o vestibular social, o PROUNI e o FIES. A grande maioria que solicita o financiamento são jovens trabalhadores precários, provenientes de uma educação pública fragilizada que não prepara o aluno para o vestibular e por fim, funciona como um filtro social. O Brasil vem se aproximando das políticas educacionais de países como o Chile, onde toda a educação é privada fruto de reformas profundamente neoliberais, endividando os estudantes durante décadas.

A famosa CLASSE C, tão reivindicada pelo Partido dos Trabalhadores é a classe dos financiamentos. É o carro popular financiado, a casa popular muitas vezes de programas como “Minha Casa, Minha vida”, o cartão de crédito parcelado, os cartões de lojas, de farmácia e os empréstimos. Se não bastasse todas essas condições, a educação, que deveria ser um direito, é financiada. Essa acaba sendo uma condição vista como a única para que muitos possam estudar.

O governo Dilma, que durante a polarização eleitoral se pintou de defensor das políticas públicas, como o aumento do acesso à educação, principalmente do jovem trabalhador que pôde vislumbrar uma possibilidade de adentrar na vida universitária, agora segue os passos neoliberais cortando direitos da população para manter os grandes lucros empresariais durante a crise.

Na PUC Campinas com a incerteza da manutenção do programa, a agitação dos estudantes tem sido intensa frente a grande parcela que já recorria ao FIES e aos alunos novos que ingressam nesse semestre. Por um grupo no facebook os alunos se manifestam revoltados com um único pedido: que a PUC revogue o aumento. Essa seria a única possibilidade para acabar com a crise do FIES por hora, tornando possível a renovação dos contratos daqueles que já faziam parte do programa e a inscrição dos novos alunos.

A inscrição no programa é feita através de seu site que solicita dados do aluno, do curso e da matrícula. Ao preencher os campos do valor do semestre do curso, o sistema barra a inscrição caso o curso tenha valor superior ao permitido. Os alunos que ingressariam agora chegaram a concluir a inscrição, mas tiveram complicações na entrega dos documentos. Aqueles que já estavam inscritos não conseguiram fazer a renovação porque o sistema travava.

Desde o início do ano no período de pré-matrícula tentamos tirar respostas da comissão do FIES, que a cada momento alega algo diferente. No dia 2 de março recebemos informações de alunos que entraram em contato novamente com essa comissão que admitiu que a PUCC não continuará o vínculo com o programa. No ato, um membro do Departamento de Contas à Receber deu declarações, alegando que a responsabilidade é total do MEC e que não possuem nenhuma resposta. Os empresários lavam as mãos ao aumentar a mensalidade, mas o que não dizem que grande parte dos seus lucros vem de programas como PROUNI e FIE, e a grande questão que fica, é porque ainda jovens precisam pagar para estudar e ainda se endividarem ou serem expulsos, se já é o dinheiro público que mantem essas instituições privadas? Não deveriam ser estatizadas com a garantia de aumento de vagas e estudo para todos? Enquanto isso os boletos chegam nos e-mails dos alunos com as cobranças das mensalidades que não puderam ser financiadas, aumentando ainda mais suas dívidas.

A PUC Campinas está com uma postura de elitizar ainda mais a universidade ao expulsar os alunos que não possuem outras alternativas que não sejam o FIES. Com a organização dos alunos em seus diretórios acadêmicos, exigimos que a PUCC revogue esse aumento até os limites ditados pelo governo para que nenhum aluno seja obrigado a trancar o curso.

Artigos relacionados: Juventude , Campinas , Universidade









  • Não há comentários para este artigo