Quinta 28 de Março de 2024

Nacional

Eleições 2004

Contra o governo Lula, o PT e os partidos da burguesia

10 Sep 2004   |   comentários

As eleições servem para enganar os trabalhadores

A cada dois anos os trabalhadores são chamados a exercer a sua “cidadania” e eleger seus “representantes” . As grandes empresas e a máquina do Estado derramam rios de dinheiro em campanhas eleitorais, oferecendo para o povo emprego, saúde, educação, transporte, tudo aquilo que sempre falta e que o último governante também tinha prometido e não deu. Com o processo eleitoral a burguesia quer nos convencer de que somos nós quem decidimos os rumos do país, elegendo candidatos de dois em dois anos; quer esconder que as eleições são um mecanismo para que a burguesia renove seu domínio, fazendo o povo escolher a cada dois ou quatro anos quem serão seus próximos carrascos. A democracia, na sociedade capitalista, não pode ser mais do que uma democracia dos ricos, organizada para melhor explorar os trabalhadores.

Nessa situação, nas eleições para prefeitos, não podemos confiar em nenhum dos candidatos burgueses, nem nos partidos governistas como o PT e o PCdoB, que não reservam nada mais do que miséria e enganação.

O processo inicial de ruptura com Lula e o PT deve se expressar politicamente nas eleições

Existe hoje um processo importante de desilusão com Lula e com o PT, que tem se revertido em rupturas com esse partido. Atualmente, o PSTU, a partir do impulsionamento da Conlutas, é o partido à esquerda do PT mais apto a expressar esse processo. Por mais que a atual recuperação económica seja um freio relativo para esse processo, ela não muda a perspectiva de que os trabalhadores rompam com essas direções e avancem no sentido da independência de classe. É fundamental que esse processo se expresse politicamente nas próximas eleições.

Hoje os trabalhadores das mais diversas categorias, da cidade e do campo, estão começando a lutar para melhorar sua condição de vida. Aqui queremos defender que também nas eleições se expresse esse questionamento e essa ruptura com as dire-ções traidoras, ainda que isso esteja restrito, num primeiro momento, a pequenos setores de vanguarda.

Romper com a tradição petista conciliadora e assumir uma política classista

Quando o PT surgiu no inicio dos anos 80, a pressão pela esquerda dos milhares e milhares de trabalhadores que iniciavam seu ascenso chegou a fazer com que a direção burocrática e conciliacionista do partido adotasse em 82 o lema classista progressivo: “Trabalhador vota em trabalhador” . No entanto, logo a burocracia conseguiu impor sua linha conciliadora, com a cumplicidade das correntes de esquerda, e passou desde o final dos anos 80 a estabelecer coligações com burgueses. Agora, desiludindo-se em Lula, os trabalhadores brasileiros podem avançar e aprender com a história do PT para não serem enganados outra vez.

Um voto crítico pela independência de classe

Na atual situação os revolucionários devem ter uma política ativa nas eleições, aproveitando a discussão eleitoral para denunciar a política traidora do petismo e de Lula, assim como a demagogia reacionária dos partidos burgueses.

Por isso dizemos: Nenhum voto no governo e nem nos representantes da burguesia! Voto crítico nas candidaturas do PSTU! Nas cidades onde não existem candidaturas independentes da burguesia, chamamos os trabalhadores e a juventude a votar nulo.

Nessas eleições aqueles que votarão no PSTU expressarão de maneira progressiva o sentimento de indignação com o governo Lula e com o PT. É na perspectiva de amplificar esse sentimento e fazer com que ele se expresse nestas eleições, que chamamos os trabalhadores e a juventude a votar nas candidaturas do PSTU. Apesar de nossas criticas à política que levanta o PSTU, que na nossa opinião não leva até o fim a luta pela independência de classe, suas candidaturas são independentes da burguesia.

Não podemos deixar que, por falta de alternativa, os trabalhadores dêem um passo atrás e voltem a depositar suas esperanças em candidatos da patronal. Frente à desilusão com Lula e com o PT, nenhuma ilusão nos partidos burgueses e sua demagogia reacionária. É preciso romper com as direções traidoras e dar um passo à frente, votando apenas nas candidaturas que expressem a indepen-dência política dos trabalhadores.

Os que se reivindicam revolucionários deveriam impulsionar um bloco pela independência de classe

Nessas eleições, porém, não é só o PSTU o único partido operário que apresenta candidatos. Também o PCO se apresenta em várias cidades. Na nossa opinião é um erro que os partidos que se reivindicam revolucionários estejam apresentando candidaturas em separado, pois isso enfraquece a luta para desmascarar o petismo e os partidos da burguesia. O PSTU e o PCO se mostraram incapazes de unificarem sua forças para fortalecer a luta pela independência de classe, e nem minimamente se uniram para colocar sua legalidade a serviço de expressar as principais lutas que têm se desenvolvido pelo país contra os ataques do governo, e o importante processo de rupturas com Lula e o PT. O fato de que tenham se negado a fazer isso e de que apareçam separados apenas demonstra que não estão de fato interessados nessa luta fundamental, mas sim apenas em fazer propaganda de suas legendas de maneira eleitoralista, como se isso fosse o suficiente para constituir uma alternativa real à esquerda do petismo.

Pelo contrário, uma coligação PSTU-PCO em torno da defesa da independência de classe teria o papel de potencializar esta luta, e teria como resultado muito mais do que a mera soma dos que vão votar em cada um dos dois partidos separados.

O PCO também é um partido independente da burguesia, no entanto, em função de seu sectarismo estéril está completamente por fora do importante processo político em curso. Assim, é o PSTU quem hoje tem expressado o processo de rupturas com o petismo, e por isso discutimos com cada trabalhador e cada estudante a necessidade do votar nas candidaturas do PSTU.

A política eleitoral do PSOL rompe com a independência de classe

A Executiva Nacional do P-SOL emitiu uma resolução que não apenas não faz uma clara delimitação de classe para as eleições, como abre brechas para votos no PT e inclusive em partidos da burguesia, além de recomendar que não se vote nos candidatos do PSTU (porque não apóia a legalização do P-SOL). Rechaçamos essa política da direção do P-SOL, que chega ao cúmulo de permitir que Heloísa Helena apóie o PPS em Alagoas, que Milton Temer apóie o PCdoB no Rio de Janeiro e que o MTL apóie o PV e o PTC (uma reconfi-guração do PRN de Collor) em Goiânia.

É por isso que afirmamos que o sectarismo da Executiva do PSOL com relação ao PSTU é uma mera cobertura para sua política centro-esquerdista de apoiar “todos os que critiquem a política económica do governo” , quando todos sabemos que até setores da burguesia, sem falar em burocratas como Luiz Marinho e Paulinho da Força Sindical, fazem críticas públicas a essa política económica.

Por que nosso voto no PSTU é crítico

Nosso voto no PSTU é crítico porque não acreditamos que esse partido seja uma alternativa revolucionária real para os trabalhadores e a juventude.

Porque se o PSTU quisesse de fato dar uma resposta às massas que se desiludem com o PT, deveria lutar pela construção de um novo partido operário independente controlado pelos sindicatos, pois é a única maneira de ajudar os trabalhadores a completarem sua experiência com a independência de classe.

Votamos criticamente, porque para constituir de fato uma alternativa de direção à burocracia cutista, o PSTU deveria lançar-se numa política ofensiva para desmascará-la frente aos setores que ainda acreditam nela, agitando entre os trabalha-dores e a juventude a necessidade de que a CUT rompa com Lula e o PT e adote um programa operário de lutas contra o governo.

Porque a direção desse partido não busca responder conseqüentemente o problema do desemprego, da superexploração e do arrocho salarial no país, ao não agitar uma ampla campanha pela escala móvel de trabalho e de salários; nem faz uma ampla campanha pela expropriação de toda a empresa que feche ou demita, colocando-a para produzir sob controle de seus trabalhadores e colocando-a a serviço do abastecimento de um plano de obras públicas que atenda às necessidades básicas da população.

Por último, nosso voto é crítico porque o PSTU, sendo o principal impulsionador e a principal direção da Conlutas, deveria colocar a Conlutas a serviço dessas tarefas, transformando a Conlutas num verdadeiro pólo antiburocrático nacional. Em suma, nosso voto é crítico porque traz consigo um programa que o PSTU não levanta.

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